Bullying
“Bullying”
Reinauguro o espaço com tema que tenho evitado por tanto tempo. Uma das razões é sua prevalência na mídia, com tantos especialistas tratando do assunto, diagnosticando, prescrevendo as melhores fórmulas para o tratamento.
No limiar do ano letivo, penso ser momento de também palpitar sobre o “bullying” e o faço lembrando que desde sempre haverá “magrelas”, “gordinhos”, “quatro olhos”, “pretinhos”, hiperativos, “moleques”, “patifes”, “valentões” e, com o apelo inclusivista da constituição, atrasos, “síndrome de Down”, deficiência auditiva, visual, motora, etc. nas salas de aula.
Sem ser original, o desafio do professor é justamente ser capaz de lidar com a riqueza de uma sala multicor, na uniformidade de classes medianas o trabalho fica sem graça e não é nada instigador.
Voltemos ao “bullyng”. De maneira bem simples e direta, o que está por trás do “bullying” é uma “fragilidade emocional”, que desperta a necessidade de desenvolver mecanismos de defesa para fazer frente à sensação de inadequação em virtude de vivências de situações de desamparo emocional real ou imaginária, que quase sempre se inicia em casa: isolamento, timidez, inibição intelectual, dificuldade de aprendizagem, depressão, preconceito, agressividade, violência, etc.
As crianças do “bullying”, as crianças assediadas e as crianças assediadoras, são todas as mesmas, são crianças fragilizadas, que reagem à sensação de não serem amadas, por não corresponderem aos sonhos parentais, com sua inadequação, um capricho do destino que as trouxe ao mundo “gorda como uma baleia”, “preta que nem carvão”, “agressiva tal qual o pai”, “putinha igualzinha a mãe”, “idiota que nem o bisavó”, com “uma carinha tão esquisitinha que é até bonitinha”....
“Bullying” é sintoma. É mecanismo de defesa. Defesa contra a sensação de desamor.
João dos Santos Leite – CRP 04-2674