Língua com sabor

Língua com sabor

Saber ou não saber, eis a questão. Saber falar português, todos os falantes da Língua Pátria sabem, ou seja, não há muitos problemas com a comunicação. O que dificulta é tê-la que escrever. Aqui começam os infinitos problemas.

Durante décadas o ensino da Língua Portuguesa é pautado na Gramática tradicional, Fonética, Morfologia, Sintaxe. Isso seria ótimo se o aluno do ensino fundamental ou mesmo médio entendesse o que é e para que serve um fonema, um substantivo sobrecomum, ou qual é o prejuízo, para a comunicação, do uso da próclise em início de frase?

Para um aluno incipiente, importa as relações entre as idéias, importa a interação cultural, importa comunicar-se, fazer-se perceber através das linguagens múltiplas, verbais e não-verbais, importa as conexões feitas por meio da sua pragmática, da sua análise do discurso do outro, não só das relações verbais, sujeito e predicado, mas também das relações emocionais, intelectuais, psicológicas, gestuais(olhos, face, corpo).

Não sou contra o ensino da Gramática, posto que dela faço uso em sala de aula, todavia não concordo com o ato de ministrá-la como se fosse uma “cesta básica”, mas sim como uma “cesta de café da manhã” da qual o aluno possa usufruir de vários itens que lhe chamem a atenção, que vão além do feijão com arroz e óleo, mas que, para ter sabor, seja adicionado “tempero” à Língua.

Infelizmente, ainda há uma casta de intelectuais que dominam a Língua(e a sua Norma e o povo) e que não se preocupam com a total inclusão linguística da sociedade brasileira. Então fica aqui uma paródia de um dos poemas de Vinícius de Morais: “Português, melhor sabê-lo; se não sabê-lo como entendê-lo?”

Jarbas J. Silva