A LINGUAGEM ORAL E OS TEXTOS LITERÁRIOS

A LINGUAGEM ORAL E OS TEXTOS LITERÁRIOS

Gina Caltran da Silva *

RESUMO

Esta abordagem investiga a problemática da palavra falada e a sua relação com o significado, dentro do contexto escolar com alunos do ensino médio, uma vez que para eles a leitura é vista como algo desnecessário à aprendizagem, na formação do cidadão. Sem saber que na sua vida social a leitura está presente em todos os momentos, no entanto, a abordagem se faz também, principalmente com a leitura de textos literários. Este gênero que é fator preponderante para que o aluno perceba e amplie a sua compreensão do fenômeno literário e da cultura de um povo, em uma determinada sociedade.

Palavras-chave: Aluno. Conhecimento. Escola. Leitura. Literatura.

RESUMEN

Esta abordagen investiga el problema da la Palabras hablada y su relación con el significado en el contexto de la escuela con los estudiantes de secundaria, ya que para ellos la lectura es vista como innecesaria para el aprendizaje, la formación del ciudadano. Sin saber que su vida social em la lectura está presente en todo momento, sin embargo, el enfoque también se hace especialmente con la lectura de textos literários. Este género es un fator importante para el estudiante para realizar y ampliar su comprensión del fenómeno literário y la cultura de un pueblo en una sociedade dada.

Palavras-chaves: Estudiante. Conocimiento. La escuela. Lectura. La literatura.

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*Mestranda em Letras e Linguística pela Universidad Tecnológica Intercontinental - UTIC, Asunción, PY. Professora da Escola Estadual Francisca Gomes dos Santos, sob orientação da Profª. Drª. Rosângela Lemos da Silva.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo estuda a importância da palavra falada e o destaque que ela adquire, até mesmo nas sociedades em que a escrita não existe. Pois, sabendo que a linguagem oral tem a função fundamental na constituição dos saberes, na relação humana. Então, indaga-se: por que a grande dificuldade da inter-relação dos alunos do ensino médio, com as leituras literárias e a prática da oralidade?

O desejo de buscar esclarecimento e entendimento sobre o motivo que faz com que o aluno sinta vontade e atração pela leitura, haja vista, que esta vontade, surgiu a partir da realidade vivenciada na Escola Estadual Francisca Gomes dos Santos, localizada na BR 230 – Rodovia Transamazônica, Município de Medicilândia, no Estado do Pará – Brasil. Escola esta, com uma média de 650 alunos matriculados, oriundos de diversas localidades do município.

Tendo como objetivo identificar os fatores que interferem na apreciação da leitura; a sua relação com o meio em que vivem para a prática da oralidade. Pois, nesta obra, parte-se do pressuposto que é preciso exercitar a palavra, compreender sua importância para o meio, e que assim se chegue a um amplo conhecimento. Além disso, despertar o interesse no educando, isto é, torná-lo um leitor proficiente, onde este venha a exercitar sua oralidade com sabedoria, em qualquer ambiente social ou escolar.

Mediante o expositivo o estudo será feito por meio de pesquisa laboral bibliográfica, de cunho qualitativo, onde será publicado via eletrônica; e socializado por Mesa-Redonda: A linguagem no âmbito da comunicação nas relações humanas, como forma de contribuir com mestrandos, educadores e pesquisadores lingüistas. Onde será organizado de forma intitulada: Historicidade da linguagem oral; Os textos literários nas aulas de língua portuguesa; Políticas públicas de incentivo à leitura, como forma de contribuir com o conhecimento na cientificidade.

2 HISTORICIDADE DA LINGUAGEM ORAL

Nem todas as sociedades do mundo tem acesso à escrita, mas todos tem a língua oral, que é um produto social. A partir desse produto os falantes manténs sua relação de comunicação, obedecendo a certas convenções que as leis da língua exigem. Para isso é preciso que haja interação comunicativa, não obedecendo a um mesmo ritmo de fala; uma vez que a linguagem é individual e acontece de acordo com a necessidade de cada um, no entanto, não fugindo às regras linguísticas, como é visto pela psicanalista Milan (2011), que ao analisar o filme “Discurso do Rei” classifica-o como inaugural por duas razões, sendo que a primeira o sujeito na sua relação com a palavra, depende dela para existir. E em segundo por privilegiar a escuta, desqualificando os métodos que não levam em conta a vida subjetiva, a história de cada um.

Neste contexto, a linguagem oral é privilegio de cada um, de maneira específica e particular em determinados momentos. Não simplesmente ler, decodificar códigos, mas compreender o que lê. Interpretar e relacionar com as experiências de cada um. Uma vez que todo ser humano tem dentro de si conhecimentos prévios que contribuem para aprender e apreender a leitura. Segundo, Kleiman, a leitura precisa permitir que o leitor apreenda o sentido do texto, não podendo transformar-se em mera decifração de signos lingüísticos sem a compreensão semântica dos mesmos. Pois, a respeito do conhecimento prévio que cada falante possui dentro de si, outro estudioso deste assunto Boff diz que:

Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta onde os pés pisam. Todo ponto de vista é à vista de um ponto. Para entender o que alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é a sua visão de mundo. Isto faz da leitura sempre uma releitura. [...]

Sendo assim, fica evidente que cada leitor é co-autor da sua linguagem oral e diz respeito a ele a transformação daquilo que lê. A aprendizagem da linguagem oral exige mecanismos relevantes a sua aquisição, como o espaço onde se vive as relações pessoais e interpessoais.

3 OS TEXTOS LITERÁRIOS NAS AULAS DE LINGUA PORTUGUESA

Em algumas escolas do ensino fundamental e médio de Estados brasileiros à disciplina de língua portuguesa se integra na literatura e na redação. Os textos literários são trabalhados dentro do livro didático, como forma de compreensão textual, contextualização gramatical, em outros, os períodos literários que são divididos por níveis, ou seja, em cada série são estudadas algumas escolas literárias.

As leituras de obras clássicas da literatura são feitas de interesse espontâneo do aluno, porque é leitura obrigatória para o vestibular, outras vezes para fazer o fichamento depois de ter estudado as características de cada período, como metodologia do planejamento do professor com a finalidade de atribuir notas. Como forma também do aluno ler e despertar para o mundo literário.

Outra preocupação é a falta do acesso aos livros clássicos de literatura. Uma situação que, pode se dizer, pertinente a maioria das escolas ao longo da rodovia citada, pois muitas não têm bibliotecas, e quando as tem, não disponibilizam desse material. Um recurso utilizado na maioria das vezes é a reprodução das obras do livro que o professor disponibiliza, ou são baixados de sites que não oferece o livro completo, como capa, prefácio, editoras, dificultando para o aluno as informações cabíveis sobre a obra e o próprio autor, como subsídios de conhecimentos literatos.

Desta forma a atenção dada aos alunos do ensino médio, nas aulas de língua portuguesa deve ser priorizada, não que as demais disciplinas sejam menos importantes, mas porque é na literatura que se explicita a necessidade de um ensino que leve em conta não a historiografia, mas sim, a relação diacrônica e sincrônica entre autores, obras, contexto social e político. A leitura da literatura brasileira, portuguesa e de outros países é considerada como fator preponderante, para que durante a análise e discussão os alunos consigam perceber e ampliar a compreensão do fenômeno literário e da cultura de um povo.

Considerando que a literatura é a representação ficcional de todo um imaginário coletivo, o aluno leitor, deve fazer esta relação do real. “[...] salta para a vida e para o real, na medida em que a leitura da palavra escrita pode conduzi-lo a uma interpretação do mundo.” Micheletti (2002, p.16). Disso podemos depreender que o papel do professor é acima de tudo inserir o aluno num universo cultural literário, como afirma o autor:

A cultura literária é uma das melhores influências que podemos provocar em nós mesmos, e praticamente a única se quisermos escrever com mais segurança, com mais agudeza. Cultura é cultivo, é cultivar-nos, é receber com bom grado e desenvolver em nós o que outras pessoas já pensaram, já disseram, já escreveram. A formação cultural é a condição para desenvolvermos nossos talentos adormecidos, nossas inclinações ainda mal conhecidas, nossos raciocínios ainda esboçados, nossa criatividade talvez um pouco tímida, nossa originalidade necessitando crescer em intensidade (PERRISSÉ, 2003, p. 91). .

O aluno ao ser inserido nessa cultura literária terá todas as possibilidades de escrever melhor, produzir ciência e, acima de tudo, de ser um cidadão crítico. Pode-se relatar ainda que os alunos que entram em um curso superior, no caso o curso de letras, sem qualquer experiência com a literatura terão grandes dificuldades em se aprofundar em tais textos, bem como em se dedicar a novas leituras de descoberta de obras lidas ou de outras inéditas.

Ler é atribuir sentido ao texto, relacionando-o com o contexto e com as experiências previas do leitor. Para Kleiman (2002) a leitura é um processo que se evidencia através da interação entre os diversos níveis de conhecimento do leitor: o conhecimento lingüístico; o conhecimento textual e o conhecimento de mundo. Sendo assim, o ato de ler caracteriza-se como um processo interativo. Apesar de hoje já ter se tornado evidente a importância da leitura enquanto prática social, ainda é bem comum observarmos crianças que freqüentam classes regulares de escolas públicas de ensino fundamental e médio, afirmarem não gostar de ler. Isso se torna algo ainda mais evidente, na medida em que procuramos fazer uma análise reflexiva acerca do ensino de leitura no Brasil desde o século XIX até os dias atuais.

Quando a tecnologia era restrita à minoria da sociedade e a acessibilidade à informática apenas privilegio de alguns, quem não tinha e nem podia ter acesso à rede, para poder realizar uma pesquisa, esclarecer alguma informação, recorria a uma biblioteca, e muitos livros eram pesquisados até obter uma resposta convincente à dúvida que tinha.

Essa realidade mudou, as informações chegam até nós em tempo real, de forma sucinta e sem precisar fazer muito esforço mental, não é preciso ler muito para ter um resultado de uma pesquisa, porque já se pode buscar o resultado sem mesmo precisar ler pilhas de livro. Então, que estratégia utilizar para que os alunos percebam a importância da leitura, sabendo que na internet em pouco tempo eles têm tudo que precisa?

4 POLITICAS PÚBLICAS DE INCENTIVO À LEITURA

A preocupação com a educação é uma constante para as autoridades políticas de uma nação. São através dos dados estatísticos divulgados, que se pode avaliar o grau de envolvimento das políticas públicas para a educação e a responsabilidade política para esta área. E em muitos países são criados programas de incentivos nas áreas das exatas e das humanas, como é o caso do Brasil, como objeto para melhorar o desempenho dos alunos da educação básica.

Depois desses incentivos vêm os programas de avaliação da educação, que mede as melhorias obtidas a partir de alguns incentivos que há no país, tudo uma questão de números. No entanto, não são resultados positivos, no que se refere à área da linguagem é como se os incentivos não estivessem surtindo efeito na melhoria da educação.

Nos últimos anos o baixo nível de rendimento em prática de leitura no Brasil tem sido uma constante preocupação por parte de educadores e instituições de ensino, tanto que recentemente o Ministério da Educação lançou o prêmio “Vivaleitura”, com o objetivo de estimular pessoas e instituições de ensino a desenvolverem projetos que incentivem a prática de leitura. Além desses, outros projetos como “A literatura em minha casa”, e o “Programa livro na escola”, o qual são obras de escritores consagrados, publicados em material de qualidade, estão nas escolas de todo o país, mas nem sempre na biblioteca da escola.

Muito se tem feito para o desenvolvimento da linguagem oral, contudo ainda não é o suficiente, pois ainda se tem alunos que não lêem, ou se lêem não compreendem. Isso demonstra que o país, com todos os seus programas e projetos de incentivo à leitura, não tem sido suficiente para receber das instituições de ensino o resultado esperado, um melhor desempenho em suas atividades educacionais, principalmente no que diz respeito à leitura.

Para isso envolve um conjunto de fatores relevantes aos bons resultados, não apenas em números, contudo nas aprovações dos vestibulares e na participação em discussões nos variados aspectos, demonstrando conhecimento linguístico e sóciocultural.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A leitura é um dos pilares da educação. Não a leitura de simplesmente decodificar sinais gráficos, sem mesmo compreender o que leu, mas é ver que numa simples palavra há uma infinidade de significados, de contextualizações. Pois é preciso entender que a leitura não é competência só da escola. É evidente que os espaços educacionais têm sido responsabilizados pelas estatísticas voltadas a qualidade da educação. Não apenas incentivando os alunos a lerem, no entanto realizando atividades que envolva toda comunidade escolar, e principalmente o professor, pois só um leitor poderá formar outro, o que é comprovado pela afirmação de que “se o professor não se revelar um leitor, ele jamais conseguirá trabalhar com leitura” (ROCCO, 1999, p. 101).

Porém, compete perguntar: e a família, qual a contribuição dada para incentivar os filhos a lerem? Com as mudanças tecnológicas tão presentes no dia-a-dia, se dá mais valor a um dispositivo de comunicação de última geração, do que a um livro. Noutros lares a carência de recursos financeiros é tão escassa, que um livro não estaria incluído na lista de necessidade dessa família.

Contudo, não se pode abandonar qualquer metodologia ou projeto de incentivo à leitura. Quando não acontece através da sociedade, a escola deve ser o lugar de desenvolvimento intelectual, conforme a cultura de cada pessoa em comunidade. O que não se pode abandonar são as iniciativas voltadas para a fomentação da leitura e a compreensão da mesma. Mediante a eloqüência na pesquisa científica afirma-se que esta é verdadeira, pautada na hipótese e nos objetivos, onde sugerimos novas pesquisas: Prática da oralidade através do uso da biblioteca da escola; Realização de encontros culturais e literários com alunos de outras escolas; Seminário, palestras para contadores de histórias, como forma de contribuir com o conhecimento e com a escola na realidade da linguagem oral e os textos literários para o norteamento da literatura na língua portuguesa, no âmbito educativo.

REFERÊNCIAS

KLEIMAN, Angela. Oficina de leitura: teoria e prática. 10 ed. Campinas: Pontes, 2004

www.klcnet.com.br/blog/detalhar/bettymilam/revistaveja

www.jus.com.br/revista/texto/7898/

www.arquivoetc.blogspot.com/2009/05/betty

www.colegiosantamaria.com.br/santamaria/aprenda-mais/leonardoboff

http://www.artigonal.com/educacao-artigos/implicacoes-da-leitura-no-processo-de-ensino-aprendizagem-935892.html

www.fama.br/revista/letras