TRABALHANDO GÊNEROS TEXTUAIS NA ESCOLA: A CAIXA DE LINGUAGEM

TRABALHANDO GÊNEROS TEXTUAIS NA ESCOLA: A CAIXA DE LINGUAGEM

Roselene Feiteiro de Melo *

RESUMO

Este trabalho educativo pretende contribuir para o aperfeiçoamento e desenvolvimento da aplicação dos gêneros textuais na escola, onde o aluno precisa, prioritariamente, sentir e compreender a função social participante de idéias já existentes e de suas próprias. Especificamente o artigo se destinará com o uso seqüencial da “Caixa de linguagem”, não unicamente para o conhecimento dos mecanismos da língua e das variações literárias que se trabalha com a escrita na escola, e sim para satisfazer uma necessidade de expressão e comunicação. É desse anseio que nasce o desejo de aperfeiçoar e ampliar o ensino da Língua Portuguesa nas escolas, visando um ensino de qualidade, com um trabalho em conjunto com a escrita e a leitura. Dessa maneira a caixa de linguagem deve ser valorizada, uma vez que traz idéias, textos atuais, colocações com um acervo de 77 (setenta e sete) gênero. Uma escola que não inova a aprendizagem envelhece. E uma escola envelhecida não cria novas possibilidades, nem procura dar um rumo melhor para a educação.

Palavras-chaves: Aprendizagem. Educação. Escola. Gêneros Textuais. Linguagem.

RESUMEN

Este trabajo educativo tiene como objetivo contribuir a la mejora y desarrollo de la aplicación de los géneros de texto em la escuela donde el estudiante necesita, sobre todo, de sentir y entender la función social del partido a las ideas existentes y los suyos. En concreto, el artículo estará dedicado a la utilización secuencial de la “caja de lenguaje”, no solo para el conocimiento de los mecanismos del lenguaje y las variaciones de la literatura que el trabajo con la escritura en la escuela, sino para satisfacer una necesidad de expresión y comunicación. Este es el deseo que nace del deseo de mejorar y ampliar la enseñanza de las escuelas de lengua portuguesa, en busca de una educación de calidad, trabajar en conjunto con la escritura y la lectura. Así, el caso de la lengua debe ser valorada, ya que aporta ideas, textos ubicación actual con una colección de 77 (setenta y siete) género. Una escuela que no innova la edad de aprendizaje. Y una escuela de envejecimiento no crear nuevas posibilidades, no para una mejor dirección para la educación.

Palabras claves: Aprendizaje. La educación. La escuela. Géneros textuales.

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*Mestrado em Letras e Linguística. Profª da Escola Centro Educacional Pequeno Cidadão- CEPEC, no Município de Altamira, Pará, sob a orientação da Profª. Drª. Rosângela Lemos da Silva.

1 INTRODUÇÃO

O desempenho dos alunos do ensino fundamental tem sido uma questão bastante discutida pelos educadores que buscam um ensino de qualidade nesta etapa da formação. E não é de hoje que pairamos nas mesmas dificuldades de aprendizagem: desistências em massa, dependências impertinentes e inúmeras reprovações. As tentativas de mudança deste quadro aos poucos vão sendo trabalhadas, mais o percurso ainda é longo e exige muita dedicação, conforme a temática: Trabalhando gêneros textuais na escola: a caixa de linguagem.

Mediante a exposição o artigo tem como análise o desenvolvimento do uso da caixa de linguagem nas turmas do fundamental maior, aliado a leitura, escrita, música, arte, códigos, palavras, poesia e diversos estudos em uma ação participante, onde juntas, cumpriram um papel fundamental, tornando-se cúmplices em um diálogo significante de interpretação e criação de textos para auxiliar no problema e nas dificuldades que os alunos da rede pública têm de escrever e ler.

É fundamental para um aluno em formação, conhecer a importância dos gêneros textuais na escola, para garantir melhor apreensão de novas informações com a interdisciplinaridade das disciplinas envolvendo a escola como um todo em um conjunto eficaz para transformar a educação em algo prazeroso.

No entanto, preocupada com essa “formação” foi desenvolvido este trabalho de atividades planejadas em sequências didáticas organizadas para promover a interação e o aprendizado com a caixa de linguagem, com o objetivo principal de mostrar para os alunos como é divertido aprender 77 (setenta e sete) gêneros textuais presentes em seu cotidiano e que as vezes os alunos nem conhece e necessita deles para as suas satisfações como um ser reconhecido socialmente; e a partir dessa apreensão, criar mecanismos voltados para o interesse dos alunos, tratando de temas e obras diversas, atuais, valorizando e conhecendo o trabalho de alguns poetas consagrados da Literatura Brasileira, publicidade, entretenimentos, jogos e muito mais inseridos em uma pesquisa qualitativa.

Para desenvolver um trabalho amplo com temas atuais discutindo e analisando a realidade em um processo dinâmico, e, acima de tudo voltada para um contexto no qual se tenta solucionar algumas questões: Que influência o trabalho com os gêneros textuais tem na aprendizagem dos alunos do fundamental maior; Que conhecimentos didáticos sobre o gênero esses alunos possuem; Qual o incentivo de leitura ofertado, até então, para esses alunos; Quais os verdadeiros objetivos dos educadores para facilitar o ensino em uma escola pública; Qual a visão da comunidade e da própria escola para contribuir com o futuro desses jovens; Como o uso da caixa de linguagem auxiliara neste processo; Por que é bom estudar os gêneros textuais?

E para dar suporte nesta área, entre alguns pesquisadores e teóricos de diferentes campos do conhecimento que tem se dedicado a elaborar propostas sobre este ponto, destaca-se o Prof. Dr. Joaquim Dolz, juntamente com Jean-Paul Bronckart Schneuwly, pertencentes a uma escola de pensamento genebriana que tem influenciado muitas pesquisas, propostas de intervenção e de políticas públicas de educação em vários países com resultados significantes em prol de um projeto educacional voltado para uma nova educação.

No Brasil, a ação do trabalho desses pesquisadores se faz sentir até mesmo nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e em especial à formação de professores, atuando notadamente na elaboração de planos de ensino, ferramentas didáticas dando suporte para essas saídas da sala de aula e encabeçando fortes indícios sobre o assunto que será abordado, principalmente sobre os passos de elaboração da caixa de linguagem que serão desenvolvidas no decorrer deste percurso.

Iniciar um trabalho como este e como sentir o sabor do desafio. O trabalho com os gêneros textuais faz sentido em todas as etapas desafiadoras, é uma atividade que abre muitas possibilidades até em um “bate boca” na rua ou em relação à inserção ao mundo cultural onde a sociedade abraça como princípio de aprendizagem ou como eixo privilegiado de dinamismo, de possibilidades, de desenvolvimento social, econômico, cultural, onde é possível fazer do ensino da caixa de linguagem algo forte e interessante, tão intenso que possibilite aos alunos chegarem ao final desta caminhada sabendo expressar-se no gênero estudado.

Assim, o foco desta pesquisa tem como objetividade: incentivar à melhoria educacional, pautando-se nas habilidades de desenvolvimento das etapas de confecção da caixa de linguagem. Destacando, desta forma, estratégias e métodos capazes de desenvolver o interesse dos alunos pela leitura, escrita e conhecimentos dos gêneros que são estudados, construídos a partir de registros do cotidiano e ambiente no qual residem. E por que não reduzir o fracasso escolar? E contribuir direta e indiretamente para melhorar a formação docente e principalmente contribuir para aperfeiçoar o ensino da escrita e da leitura, ou quem sabe uma democratização dos usos da Língua Portuguesa.

Contudo, pretende-se contribuir para o desenvolvimento da educação em uma perspectiva renovadora e necessária em abordagens qualitativas, afinal a escola não tem condições de ensinar todos os gêneros existentes, nem podem prever todos aqueles que os alunos utilizarão em sua vida futura. Isso, por que o ingresso de um aluno à sociedade pressupõe o domínio das competências linguísticas. Naturalmente a pessoa que fala, recita, lê ou escreve, conhece os gêneros, que está imersa na cultura de diferentes, grupos sociais, nos quais poderá desenvolver vários papéis. Trata-se de um processo de construção de sentidos ocorridos na relação entre os interlocutores e o seu contexto. Quanto mais a escola e os professores estiverem sintonizados com seus alunos, mais condições terão de identificar e, mesmo, provocar situações nas quais eles tenham real necessidade de ler e produzir textos.

Assim, independente de qual for à situação, é necessário dar instrumentos para os alunos melhorarem seus rendimentos da melhor forma possível os gêneros surgem neste meio para incentivar este recurso ainda escasso em várias escolas. O medo que o aluno tem do famoso “papel em branco” requer um trabalho planejado, contínuo, em que a atuação do professor é fundamental.

O trabalho com os gêneros e leituras de textos torna mais claros aos alunos o que deles se esperam. Isso ocorre, sobretudo, quando nós professores conseguimos digerir exatamente qual é a verdadeira resposta do trabalho proposto: com que finalidade o aluno vai escrever, para quem, sobre qual assunto, em que gênero. Às vezes nós professores ficamos em situação ora de perplexidade, ora de indiferença, ora de alegria, ou às vezes como se o livro didático pudesse dissimular a nossa ignorância diante de uma mudança. Quanto mais trabalhamos pelos caminhos dos gêneros textuais, mais percebemos nossas fragilidades perante o ensino “que nos foi dado”. Às vezes o livro didático com as respostas é mais cômodo.

É como se estivéssemos permanentemente colocados diante de um paradoxo- mudar a velha estrutura de ensinar e aprender. Dessa forma, encontramos um meio de nos arranjarmos com práticas que tenha forte índice de comunicação possível: os gêneros textuais e que serão expressivos para enriquecer este percurso.

Enfim, trata-se de um jogo entre aluno e professor, e não o meio-fim da aprendizagem. Um professor de Língua Portuguesa não pode ter a pretensão de criar novos Guimarães Rosa, mas deve lutar para garantir a presença de homens capazes de se expressarem com simplicidade e clareza, voltados para estudos teóricos desenvolvidos na prática pedagógica formando um círculo de combinações.

Partindo-se da premissa da pesquisa laboral, onde este será publicado eletronicamente e socializado via Mesa-Redonda, nas dependências da instituição UTIC, onde terá como partes intituladas: A teoria e a prática da Caixa de linguagem, A poesia a música e a literatura inserida na caixa de linguagem e o papel do professor neste processo de formação, como forma de levar conhecimentos precisos aos mestrandos de letras e lingüística, professores e pesquisadores no campo da cientificidade da língua portuguesa.

2 A TEORIA E A PRÁTICA

Na contextualidade da teoria voltada para a história do uso da caixa de linguagem na sala de aula e de uma prática vinculada a saberes da realidade dos alunos e que este estudo teve origem, também pela necessidade de compreender como a educação se desenvolveu desde a sua origem até os dias atuais, a contribuição das teorias educacionais, os pensadores, a dinamicidade e evolução do processo educativo, as metodologias, as práticas pedagógicas, dentre outros aspectos fundamentais para auxiliar o trabalho do educador-formador que carece de gestar uma práxis intencional, consciente, reflexiva, explicativa, crítica, para assim, promover uma educação mais cidadã, neste contexto temos os gêneros textuais. Temos que ficar atentos a cada detalhe, examinar os objetivos que serão conduzidos as aulas, e as atividades que serão propostas. Usaremos como condução esta receita prática sugerida por Chomsky, numa entrevista em 1997, citada por Scherre (2005, p. 98)” Não existe um método para ensinar química. O método para ensinar química é fazer as pessoas se interessarem, fazer com que pareça excitante, instigante, aprender química. Assim as crianças aprenderam. Fora isso, não há métodos”.

Segundo Schneuwly e Dolz (2004, p. 95; 128) “neste momento, faz-se necessário, no âmbito da escola, refletirmos e buscar alternativas para a transposição didática dos gêneros textuais, tendo em vista o trabalho com oficinas, em função do grande número de faltas dos alunos”.

De acordo com estudos realizados por Schneuwly e Dolz (2004, p. 95-128), pondera que:

Ao esquematizarmos a proposta dos gêneros textuais, nosso objetivo é aplicar esta proposta de trabalho pedagógico na tentativa de instrumentalizar os alunos com uma proposta pedagógica significativa, que além de levar os alunos a dominar esta prática dinâmica, também poderá proporcionar aos aprendizes o desenvolvimento de capacidades de linguagem que podem ser transferidas para o ensino de outros gêneros textuais.

Por isso os gêneros textuais são necessários, é preciso reprogramar a educação, para enxergarmos muito mais elementos que dentro da caixa de linguagem na vista dos alunos diariamente se tornam parte da suas vidas. Como afirma Irandé Antunes (2007, p. 80):

O diálogo, a conversa, a escuta de historinhas, os relatos, as justificativas é que devem preencher as situações orientadas para o desenvolvimento específico da linguagem. Além disso, a leitura de bons textos, cheios de interesse, de graça ou de poesia e de encantamento é o melhor caminho para levar a criança a descobrir um sentido para a linguagem, para a escrita e os

meios em que ela circula (livros, jornais, revistas, faixas, cartazes, placas, meios eletrônicos etc.)

Como se vê os gêneros existem para interagir com a essência do processo, exaltando seu sentido mais pleno, dialogando com as emoções humanas em um misto de ficção e realidade, os fatos da vida, a critica social, as múltiplas sonoridades, a cultura local, a natureza, as tradições, a religiosidade, e neste âmbito quando se trabalha com a poesia a exaltação aflora tão significativa que serve de linguagem para um trabalho que encanta os alunos, dentre vários outros. Assim, se queremos que os alunos descubram novas fórmulas de criação ou as regularidades de um gênero textual específico (uma carta, um conto, poesia et al.), temos de fornecer-lhe ferramentas para que eles possam analisar os textos pertencentes a esse gênero proposto e conscientizar-se de sua situação de produção e das diferentes marcas lingüístico-discursivas que lhe são própria, aprender a criar, criando, como um vidente. Gallimard apud (GOMES, 1994 p. 254-255):

Eu quero dizer que é preciso ser vidente, fazer-se vidente. O poeta se faz vidente através de um longo, imenso e racional desregramento de todos os sentidos. Todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; ele procura a si próprio, extrai de si todos os venenos para guardar apenas as quintessências. Inefável tortura, contra a qual necessita de toda a fé, de toda a força sobre-humana, através da qual se torna, dentre todos, o grande enfermo, o grande criminoso, o grande maldito – e o supremo Sábio! – Pois atinge o desconhecido!

A poesia como um suporte de encantamento para a formação de alunos convencidos de que a educação é um jogo que demanda regras, prazer, torcida e dedicação, e quando a escola desenvolve trabalhos diversos em prol de projetos feitos para dinamizar as aulas de Português tudo se transforma em subsídios para que os alunos prestem mais atenção nas aulas, despertando interesse, assim surge à aprendizagem e porque não trabalhar com poesias?

2.1 UM CONVITE POÉTICO

Trabalhar com este gênero é como fazer a função de um poeta que cria sua poesia com amor e dedicação. Um recurso bem explorado para se trabalhar com os diversos gêneros que compõe a caixa de linguagem, e por que não utilizar as obras clássicas da literatura brasileira, esta sem dúvida é um ponto de apoio deste trabalho. Contudo, para se conhecer estes exemplares fantásticos é preciso sair da sala de aula, pesquisar, visitar as bibliotecas e entrevistar pessoas envolvidas neste cotidiano.

Estabelecidos os caminhos, o critério básico deste artigo será vinculado a um caráter de essencialidade, em um sonho de uma educação organizada e planejada, deliberadamente, permitindo ainda construir com os alunos as ferramentas: habilidades e competências de uma pesquisa conscientizadora e participativa, voltada para a realidade do aluno. Permitindo vivências, visando aspectos conceituais e procedimentais, fundamentais para a aprendizagem do aluno e desenvolvimento de sua autonomia, tornando mais significativa a presença da disciplina de Língua Portuguesa, fugindo da mera repetição de idéias antigas ou de uma história pronta e acabada, desenvolvendo assim a consciência crítica dos alunos. Como afirma (SILVA, 1992, p. 68):

Acreditamos que a educação também gera o novo, cria novos elementos e relações; ela poderá então produzir, reproduzir, inculcar, resistir, continuar, descontinuar, repetir, romper, manter, renovar. Acreditamos que existe um espaço cultural no qual elementos e materiais simbólicos são transformados, reelaborados e traduzidos de acordo com parâmetros que pertencem ao próprio nível cultural das pessoas envolvidas com o processo educativo. A possibilidade de que um trabalho dessa natureza se realize é possível desde que haja certa cumplicidade entre os sujeitos neste processo.

Fazendo-nos pensar que este trabalho com os gêneros não estar ai por acaso, ele tem um passado, é feito de presente e necessita ser bem trabalhado para um futuro melhor e uma educação baseada em prazer. Com atividades voltadas para os sujeitos com aprimoramento e competências dos envolvidos. Nesta perspectiva, uma afirmação pertinente de Bosi (2000), quando se deseja algo novo ele afirma: ”o que faz de um poema poesia, e como esta reside à usura do tempo, roedor silencioso de tantas coisas”.

Alguns conhecimentos só se realizam concretamente quando dominamos os instrumentos necessários para lhe dar vida e que ele se torne mais refinado quando praticamos continuamente o uso desses instrumentos. Assim como um pianista precisa ouvir muita música e saber utilizar seu instrumento, o piano, para compor e tocar, os alunos precisam ler e conhecer muito bem os diversos gêneros textuais para serem bons autores, escritores, pesquisadores e quem sabe doutores. E a literatura entra aqui como uma ferramenta histórica para prestigiar este acontecimento.

2.2 UMA LITERATURA DINÂMICA

Outro tópico interessante que merece destaque fundamental neste artigo é a literatura, que é indispensável para a formação humana, não devemos apenas utilizar os clássicos como suporte de análises sintáticas e morfológicas, e sim, levar a literatura orientada para uma prática eficaz e utilitária, inserida nos gêneros textuais. Como deixa bem claro as palavras de Cândido (1995, p. 249) sobre a literatura como fator indispensável de humanização:

Entendo aqui por humanização [...] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para a natureza a sociedade, o semelhante.

É necessário imprimir um novo ritmo para conciliar a literatura no ensino fundamental, os livros didáticos trazem obras de autores consagrados da literatura brasileira, mais são utilizados apenas trechos, isso somente na 7ª e 8ª séries e a obra em si, tão significativa não está sendo trabalhada como deveria, segundo Petrucci (1999, p. 222), chama isso de escolhas anárquicas:

O ensino da Literatura no ensino fundamental, e aqui nos interessa de perto o segundo segmento dessa etapa da escolaridade (as 5ª à 8ª série), caracteriza-se por uma formação menos sistemática e mais aberta do ponto de vista das escolhas, na qual se misturam livros que indistintamente denominamos “literatura infanto-juvenil” a outros que fazem parte da literatura dita “canônica”, legitimada pela tradição escolar, inflexão que, quando acontece, se dá, sobretudo nos últimos anos desse segmento (7ª ou 8ª série). Observando as escolhas dos jovens fora do ambiente escolar, podemos constatar uma desordem própria da construção do repertório de leitura dos adolescentes. Estudos recentes apontam as práticas de leitura dos jovens fundadas numa recusa dos cânones da literatura, tornando-se experiências livres de sistemas de valores ou de controles externos. Essas leituras, por se darem de forma desordenada e quase aleatória, são chamadas de anárquicas.

Através de obras como de Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo e muitos outros são retratados com suas potencialidades destacando em cada linguagem trabalhada trechos significativos e bem significantes (BOSI, 1987), alude a essa questão:

Textos curtos, com densidade poética, são instrumentos poderosos para sensibilizar o aluno, ainda que muitos professores observem a resistência, sobretudo do jovem do sexo masculino, à fruição do poema, considerado por este “coisa de mulher”. No entanto, todo professor observa também o prazer na leitura em voz alta, na entonação, na concretude da voz. Oferecer ao aluno a oportunidade de descobrir o sentido por meio da opressão de diferentes níveis de linguagens.

Todas essas interpretações e reflexões têm suporte garantido em uma pesquisa qualitativa, baseados em métodos associados ao aprendizado escolar. Segundo (TEIXEIRA, 2005 p. 137):

É na pesquisa qualitativa que o pesquisador procura a distância entre a teoria e os dados, entre o contexto e a ação, usando a lógica da analise fenomenológica, isto é, da compreensão dos fenômenos pela sua descrição e interpretação. As experiências pessoais do pesquisador são elementos importantes na análise e compreensão dos fenômenos estudados.

Na pesquisa qualitativa, o social é visto como um mundo de significados passível de investigação e a linguagem dos atores sociais e suas práticas as matérias-primas dessa abordagem. É o nível dos significados, motivos, aspirações, atitudes, crenças e valores, que se expressa pela linguagem comum e na vida cotidiana, o objeto da abordagem qualitativa. (REZENDE, 1994), esclarece um pouco mais sobre este fenômeno:

O método qualitativo é cada vez mais utilizado por pesquisadores nos Estados Unidos e no Brasil. Mas por que usá-los? Os quantitativos não bastam? Não, pois apesar de poderem ofertar respostas satisfatórias para uma série de questões, os métodos quantitativos não esgotam nossa compreensão a respeito dos eventuais problemas sobre os quais nos debruçamos em nossa prática cotidiana.

O método como uma opção de socialização para esclarecer mais sobre os estudos teóricos da linguagem. Em contrapartida em um âmbito facilitador surge a música como mais um instrumento de determinação e interação.

2.3 A CAIXA DA MELODIA

Outro suporte de extrema importância estudada nos gêneros é a música inserida em uma receita, portifólio, poesia, paródia e muitos outros, afinal ela são moderadas, e trabalham em sintonia, alem de proporcionar divertimento, provoca a reflexão e um crescimento do espírito criador. O aluno precisa estar aberto e consciente no ritmo certo para decidir quando criar e o que quer criar. Dentro desse quadro, o professor tem uma função semelhante à do recreador – expor os textos; explicar como funcionam e auxiliar a leitura de acordo com o ritmo de cada um dos “leitores-jogadores” com músicas da atualidade como as que falam de amor, sentimentos, morte e vida, utilizando do celular para esta interação. A partir desse ponto, a música é vista como “capacidade de elaboração”, um trabalho de enriquecimento do vocabulário dos alunos que buscam sempre coisas novas Demo (1990, p. 9) informa mais sobre esta questão: “Como uma forma de descoberta do mundo, da realidade e do cotidiano; uma forma de criação e de reelaboração rumo a uma nova concepção deste mundo vivido, tentando superá-lo e também transformá-lo.”

Diante dessa realidade a música é a arte da palavra manifestada numa linguagem em que a sonoridade e o ritmo predominam sobre o conteúdo. A linguagem musical consiste em um desvio deliberado da forma da língua corrente que recorre à repetição de uma cadência rítmica, de sons, de rimas e de estruturas sintáticas, afinal a música é uma forma de comunicação que sempre mexe com a cabeça das pessoas. É um fenômeno criativo soprado pelo vento da produção poética no ensino em cada canção. Sentimos essa emoção na frase de Waltz (1953, p. 59): “A poesia é a arte de comunicar a emoção humana pelo verbo musical”.

Na música, o ritmo e a medida das palavras, determinam a configuração dos diversos tipos de palavras empregadas na literatura poética da arte. O verso, linha constitutiva do poema, e o lirismo, evocação de sentimentos subjetivos, são as características mais tradicionais da linguagem poética, e as técnicas para desenvolver esta arte são inúmeras. E por que não interagir com a música? E trazer para uma pesquisa quantitativa? Afinal a elaboração e improvisação fazem parte, como afirma os autores:

A opção pelo método e técnica de pesquisas depende da natureza do problema que preocupa o investigador, ou do objeto que se deseja conhecer ou estudar. A utilização de técnicas qualitativas e quantitativas depende, também, do domínio que o pesquisador tem no emprego destas técnicas. Inexiste superioridade entre ambas desde que haja correção nas utilizações e adequações metodológicas (SANTOS; CLOS, 1998).

Em qualquer planejamento, a arte de improvisar está presente. Por isso ela é um desafio de expressar idéias, assim, através da troca de experiências, comentários, impressões artísticas partilhadas, livros é que vamos encontrar muitos outros elementos em uma leitura, quadro, poesia, música. Em outras palavras, os alunos precisão de motivação para construir um trabalho proposto, perceber a importância da arte inserida na poesia e na música e criar o hábito de freqüentar uma biblioteca. Claro que em algumas escolas públicas isso é um sonho, mais sonhar neste trabalho é permitido.

As bibliotecas têm papel fundamental no sucesso deste trabalho de iniciação literária e de formação do gosto. É preciso que existam que tenham acervos significativos, que estejam disponíveis para todos, que o acesso ao livro seja direto, que as técnicas biblioteconômicas de catalogação e armazenagem dos livros sejam adequadas a leitores em formação e sejam a eles explicadas, quando necessário. Mais importante que tudo, talvez, é que a escola crie como parte de suas atividades regulares, demandas autenticas de leitura, capazes de fazer da biblioteca um lugar de freqüência praticamente cotidiana (RANGEL, 2003, p. 143).

No entanto, se faz necessário, consolidar a leitura com a realidade dos alunos. É fundamental, portanto, que haja o que expressar, ou seja, o que ler ficando com a pólvora na mão e o argumento para entrar em uma discussão e debatê-la sem medo da fala e da expressão, e por que não dramatizar com músicas. O universo educacional expande em estímulos e várias estruturas de eventos, o mesmo acontece no interior de uma caixa de linguagem.

3 DENTRO DA CAIXA DE LINGUAGEM

Compreender a confecção de uma caixa de linguagem é perceber um gênero específico de atividades humanas que implicam dimensões sociais, culturais, psicológicas e encaminhando direta e indiretamente todos os tipos de capacidade de linguagem. Assim, pode-se dizer que, no interior desta caixa, superpõem-se duas linguagens cifradas de encantamento: a da língua natural e a do código estético. Essa segunda linguagem tem como objetivo por em relevo o valor autônomo do signo lingüístico e nela se perde o caráter automático que tem a linguagem da comunicação geral. Ao mesmo tempo, todo seu conteúdo se apresenta como uma estrutura funcional, pois tudo nela se inter-relaciona. Seus elementos estão a serviço de uma estrutura, e não podem ser compreendidos fora dela.

Descobrir a caixa de linguagem se aprende colocando em prática toda a sua eloqüência, confeccionando e visualizando todas as situações possíveis, abrangendo vários pontos. Do ponto de vista social, reforço desta argumentação, permitirá o acesso às formas de socialização mais complexas da vida cidadã. Mesmo que os alunos não almejem ou não se tornem, no futuro, jornalistas, políticos, advogados, juízes, professores ou publicitários, é muito importante que saibam escrever diferentes gêneros textuais, adaptando-se às exigências de cada esfera de trabalho.

O indivíduo que não aceita transformações em sua vida, será um cidadão que vai sempre depender dos outros e terá muitas limitações em sua vida profissional, afinal vivemos em uma “selva”, onde temos opções de escolher entre ser a caça ou o caçador. Do ponto de vista psicológico, mobiliza o pensamento e a memória. Sem conteúdos nem idéias, o aluno se perde, mas com o uso da caixa, tem-se uma reflexão, como um suporte externo para memorizar e uma forma de regular comportamentos humanos. Assim, quando anotamos uma receita, as notas nos ajudam a realizar passo a passo o prato desejado, sem nos esquecermos dos ingredientes nem das etapas a serem seguidas para se achar o ponto certo e ai é só saborear e aproveitar. Do ponto de vista do desenvolvimento, a implementação da caixa de linguagem na sala de aula, implica ser capaz de atuar de modo eficaz, levando em consideração a situação de produção de cada um. Deve-se também, planificar a organização do texto e utilizar os mecanismos lingüísticos que asseguram a arquitetura textual: a conexão e a segmentação entre suas partes, a coesão das unidades lingüísticas que contribuem para que haja uma unidade coerente em função da situação de comunicação. Não podemos simplesmente expor este mecanismo sem conhecer antes suas origens e composições. Esses aspectos de textualização dependem, em grande parte, da própria argumentação deste trabalho. As operações que realizamos quando escrevemos uma receita ou uma carta comercial ou um conto, fábulas não são as mesmas. Mas, independentemente do texto que escrevemos, os gêneros inseridos na caixa implica: escolher um assunto adequado, respeitar as estruturas vocabulares, fazer correções sem pressão e produzir sabendo sobre o tema proposto, respeitando o passo a passo das seqüências e conhecendo o material, antes de ser explorado.

Além disso, você pode até, conhecer outros gêneros a partir deste, isso se tornarmos a produção como um processo e não só como o produto final, levando em consideração todas as atividades, de releitura e de reescrita, que são necessárias para chegarmos ao resultado final desejado.

Como afirma Bakhtin (1953, p. 79): “A palavra que eu tomo em minhas mãos, não é nunca um objeto inerte, há sempre um coração alheio batendo nela, uma outra intenção, uma vida diferente da minha vida, com a qual eu preciso me entender”. Ou como diz o poeta Gullar apud Antunes (2007, p. 20) “em nossas vozes, pode-se ouvir todo “um tumulto”, “um alarido”, pois somos, especialmente pela linguagem poética, centelha de uma grande e ininterrupta chama, que confere sentido a tudo que existe”.

Diante desta proposta, e dos vagos caminhos que percorre a educação, a mudança se faz necessária, as famosas “aulas de Português”, o uso impróprio dos planos de aulas, o desânimo por parte dos professores e alunos; tudo demonstra as precariedades de nosso ensino.

Penso ser urgentíssimo promover uma mudança radical em nossas “aulas de Português”, ou como quer que as chamem: passando de uma postura normativa, purista e alienada, à visão do aluno como alguém que já sabe a sua língua, pois a maneja com naturalidade muito antes de ir à escola, mais precisa apenas liberar mais suas capacidades nesse campo, aprender a ler e escrever, ser exposto a excelentes modelos de língua escrita e oral, e fazer tudo isso com prazer e segurança, sem medo. Uma pratica sem medo, em um ensino sem opressão: no mais intimo terreno da vida humana, que é o da linguagem, onde estruturamos o mundo em nosso interior e nos ligamos a ela, isso se faz muito mais que necessário, é vital. (LUFT, 1984 p. 10).

Por isso a caixa de linguagem é necessária no ambiente escolar, é preciso dinamizar a educação, para enxergarmos muito mais elementos, valorizando as atividades de leitura no decorrer das aulas de língua Portuguesa ou em outros projetos que acontecem na escola, mediado pelo professor, como afirma Rosa (1968)” Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Seria interessante desenvolver a interdisciplinaridade e multidisciplinaridade no contexto educativo; afinal uma depende da outra e juntas criam um ambiente propício para a aprendizagem escolar.

3.1 O PAPEL DO PROFESSOR NESTA APRENDIZAGEM

Todo professor sabe que boas aulas não se dão por acaso, do mesmo modo, como não descobriram ainda, o elixir da vida eterna, o verdadeiro professor sabe que não pode impor conhecimentos é preciso investir tempo e planejar o que se quer e o que se pretende alcançar ao final de cada oficina, alem de refletir sobre as propostas de atividades e ajudar os alunos a descobrirem os conhecimentos guardados. Fazer os alunos escreverem para eles, não apenas para uma nota no final de cada semestre.

Para cada ação humana, por mais insignificante que seja, faz-se necessário um prévio planejamento. Temos que escolher e adaptar atividades de acordo com a situação escolar e com as necessidades dos alunos; trabalhar com outros textos do mesmo gênero, diversificando as referências e apresentar um conjunto variado de textos pertencentes a um mesmo gênero, propondo sua leitura e compreensão, com visão para a realização de outras atividades; trabalhar sistematicamente as dimensões de formas de expressão em Língua Portuguesa, estimulando progressivamente a autonomia e a escrita coletiva dos alunos, colaborando para que a chama de esperança do acesso à leitura e a escrita não se apague.

Em geral, todos devem ratificar seus compromissos de apoio às áreas prioritárias do plano de ação e colaboração na provisão dos serviços necessários para o fortalecimento da educação proporcionando ensino de qualidade para todos. Na qual a comunidade participa com vistas a promover uma transformação social. Onde o trabalho que esta sendo desenvolvido esta inserido em um processo permanente. A análise e a execução das tarefas conduzem aos desdobramentos de outros assuntos, de outra necessidades, de outras proporções. Tudo é fonte de conhecimento. Sobre essa questão (BRANDÃO, 1985) nos alerta:

Trata-se de um enfoque de investigação social por meio do qual se busca plena participação da comunidade na análise de sua própria realidade, com objetivo de promover a participação social para o benefício dos participantes da investigação. Estes participantes são os oprimidos, os marginalizados os explorados. Trata-se, portanto, de uma atividade educativa de investigação e ação social.

Estes conhecimentos é a compreensão inteligível da realidade, que os alunos adquiram através do interesse e da participação no estudo e nos temas, seja ele histórico, político, econômico, cultural, amoroso e até existencial. O objetivo maior deve ser o de elucidar essa realidade que se encontra a educação e não apenas reter informações. Ir em busca deste conhecimento, possui uma finalidade, por que permite ações adequadas para a satisfação das necessidades humanas, estabelecendo formas de compreensão do mundo em que vivemos.

Este processo de conhecimentos, onde o professor é o maestro e compõe junto com a turma e a comunidade as notas musicais, tendem a se ampliar, quando a melodia certa é escolhida. (ANTUNES (2007) alude um pouco mais essa questão, quando afirma:

Professores que vivem à procura de boas sementes para novos terrenos. Talvez, essas sementes possam surgir aqui... Na própria escola, com professores que convivem diariamente e que sabe e sente a necessidade de fazer valer o ensino através da criação poética. E por isso se aposta na idéia de que os alunos e professores através de investigações auto-reflexiva possam vivenciar uma metodologia de ensino de língua que trabalha com gêneros textuais por meio de oficinas despertando o interesse dos alunos e melhorando os textos que os mesmos vão escrever, tornando evidentes suas evoluções e conquistas. Lembrando que não se esta a procura de talentos, o propósito maior é contribuir para a melhoria da escrita de futuros escritores.

Entretanto, o mencionado não vem se não tiver esforço espontâneo dos sujeitos envolvidos. Essa aparência fácil de pensar que “dar aulas” é um assunto modesto, objeto de conhecimento imediato, obscurece a essência da linguagem, objeto de um conhecimento real. Se aparência, essência e a vontade não coincidirem, não haverá uma educação eficaz.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste trabalho reflete sobre o cotidiano da sala de aula onde vivemos de diversas formas, em diferentes etapas. Apropriando de diversos gêneros dentro de uma caixa de linguagem, que a primeira vista parece pequena, mas desenvolve habilidades de extremas proporções. Com os textos iremos narrar com leveza, com jeito despretensioso, o que nossos olhares aguçados percebem no passo a passo de cada sequencia da caixa de linguagem. Com os poemas, a música a literatura contemplaremos com charme e lirismo toda uma sensibilidade, brincando com a vida das palavras, produzindo arranjos e dançando com as melodias, rimas, versos no embalo da música do vento ou nos desafios do dia a dia.

E junto a tudo isso uma ampla diversidade de aprender com os 77 (setenta e sete gêneros que a caixa de linguagem apresenta, em que juntos temos a certeza de que é na sala de aula, nos arredores da escola, na biblioteca, em casa, naquele “papel em branco”, demonstradas com planejamento e dedicação que a educação escolar vai se moldando. Nascendo destas aprendizagens uma parceria perfeita entre professor, alunos e a comunidade escolar. Descobrindo juntos, que é na escola, com sofrimentos e alegrias que a linguagem surge impiedosa, e através da lente do professor transforma realidades.

A caixa de linguagem toca em assuntos vitais para os alunos em desenvolvimento. Pode ser trabalhada nas escolas ou em grupos, podendo ser adaptada para qualquer disciplina ou realidade específica. É uma oportunidade para os alunos escalarem um universo onde a partir de várias leituras, os alunos conseguem se expressar e escrever com autoridade no assunto, permeando um ambiente criativo, encontrando soluções quando possíveis, buscando através dela uma motivação para a vontade pessoal de inserir-se no mundo a na sociedade com posturas críticas, como sujeitos da história.

Na pesquisa o que foi discutido torna-se uma necessidade, mais com bases sólidas, objetivas, não uma vaga convenção, a qual depende de gostos e estilos, leituras de autores consagrados, prêmios jamais esquecidos, modos e influências dinâmicas, manias e hábitos sadios, oportunidades planejadas sem critérios dogmatizados e principalmente um alívio para o educador não presenciar na sua aula motivos de grandes inquietudes, medos, caras “amarradas”, “nojo”, “raiva” e tantas outras manifestações de desgosto e ilusão dos alunos.

A opção por trabalhar com a caixa de linguagem deve-se ao fato de ela ser um campo que possibilita compreender fatores que podem interferir na interação social e nos diversos significados que também representa. Quem acredita em uma nova educação, alia-se a liberdade humana. Se não existe liberdade, também não existe responsabilidade. Se não há responsabilidade, a nossa educação, provavelmente, estará fadada ao fracasso.

Por isso, se queremos construir um mundo novo, temos que ter clareza que somos nós os construtores da história, pois os alunos na escola se definem pela liberdade e pela responsabilidade. Essas iniciativas são muitas vezes aplaudidas pelos órgãos superiores como indicadores de criatividade das direções. Tais instituições, em muitos casos, ofertam até prêmios na presença de autoridades máximas. Na verdade, todas elas, sem qualquer dúvida, visam à distorção que me reportou ao coliseu de Roma e sua “prática de pão e circo”, descaracterizando e ferindo de morte o principio de uma educação eficaz de igualdade e acesso ao conhecimento.

Tudo isso constitui, ao mesmo tempo, um grande desafio e objetivos a serem alcançados, em um empenho conjunto de educadores, alunos e instituição, de modo que a exigência interna do trabalho possa contribuir para a personalidade dos alunos e para uma crescente cidadania ativa, marcadas por obras contextualizadas em uma verdadeira educação.

Poderia continuar a nomear vários desafios e sonhos, sem encontrar um fim para isso. Mas, gostaria de destacar o papel fundamental do educador em potencializar os alunos para uma boa desenvoltura nos diferentes campos educacionais. È preciso diversificar o ensino na escola para ampliar as capacidades de leitura e escrita de seus alunos. Contribuindo para estender e ampliar as capacidades e conhecimentos dos mesmos para outros gêneros textuais que a gora com o avanço tecnológico desponta novos horizontes.

É insuficiente nos atermos, no entanto, a apenas decodificarmos a linguagem, ou que a caixa de linguagem será a salvação, afinal o aspecto emocional de cada palavra e suas interligações dizem muito mais. Demasiadas vezes, é mister que façamos várias tentativas para depreendermos os reais significados do que estamos propondo. Pois os gêneros textuais são na verdade, ação e envolvimento. Como ficamos apáticos diante de uma obra de Carlos Drummond de Andrade? Ou de uma poesia cáustica de Augusto dos Anjos? Enfim, os exemplos são inúmeros. Pautada na hipótese e no objetivo a pesquisa é verdadeira. Por isso sugerimos novas pesquisas: Desenvolver a habilidade dos alunos em textos orais e escritos; Incentivá-los a participarem dos programas que o MEC oferece com competência e premiações; Desenvolver outros projetos que envolva leitura para as séries iniciais focalizando o estudo da Literatura, para complementar com o ensino da língua portuguesa na realidade aulística.

No âmbito escolar os gêneros textuais, além de tornar vastos os conhecimentos, integra-os, propiciando, dessa forma a possibilidade de construção e desenvolvimento de nosso próprio depósito de conhecimento. Não nos tornando como se costuma dizer, “meros depósitos de conhecimentos” ou um “recipiente” em que o saber passa, mas pouco ou nada dele permanece. Pois, nos leva a um caminho de conhecimentos diversos na luz da lengua matter, como forma de contribuir sempre com o social.

REFERÊNCIAS

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