Letramento e Alfabetização-Tecnologia
Este artigo apresenta uma breve panorama das idéias sobre letramento. Soares conceitua “alfabetização” e “letramento” como práticas necessárias para o uso competente da tecnologia da escrita. Enfatiza o impacto qualitativo que este conjunto de práticas sociais representa para o sujeito, extrapolando a dimensão técnica e instrumental do puro domínio do sistema de escrita:
“Alfabetização é o processo pelo qual se adquire o domínio de um código e das habilidades.
A palavra letramento foi utilizada pela primeira vez por Mary A. Kato na apresentação e seu livro No mundo da escrita: uma perspectiva psicolingüística (1986), com o objetivo de destacar aspectos de ordem psicolingüística, envolvidos na aprendizagem da linguagem da criança. Para a autora o uso indireto desse termo relaciona-se com a função da escola de formar cidadãos funcionalmente letrados, do ponto de vista do crescimento cognitivo individual e também do atendimento a demandas de uma sociedade que privilegia a língua padrão.
Na verdade a palavra letramento é uma tradução para o Português da palavra inglesa literacy com a representação etimológica de estado, condição, ou qualidade de ser literate – daquele que não só sabe ler e escrever, porém, usa de modo competente e freqüente a leitura e a escrita e, ainda, o adjetivo literate que designa educado, especialmente, que possui a habilidade de ler e escrever. Desde o século XVII, os dicionários de língua inglesa registram a palavra illiteracy,
usada bem antes da palavra literacy, que só passou a ser utilizada no inglês no fim do século XIX. O uso dessa palavra no Brasil, nos fins do século XX advém com a reduzida drástica do analfabetismo, em detrimento do desenvolvimento social, cultural, econômico e político que faz emergir novas necessidades com os avanços tecnológicos.