As consequências do progresso impensado
O progresso está aí, cada vez mais espantoso e gratificante. Se compararmos o conforto de hoje com o de cem anos atrás, para não irmos muito distante, é de surpreender a capacidade de inteligência do ser humano. No entanto, para que objetivos tem-lhe sido dadas essas condições de evoluir tanto? Penso que o mundo esteja numa fase nunca antes experimentada. É impressionante a diferença de até pouquíssimos anos atrás e, pelo que estamos vendo, isto ainda não é nada perante o que ainda está por vir. Contudo, há um lado em que o homem vem se descuidando assustadoramente e este tem a ver com a diversidade biológica do planeta. Tem sido cada vez mais devastadora a destruição de um lado para a construção de outro e isto tende a piorar se não despertarmos o quanto antes.
O que mais preocupa é que, as nações que mais contribuem com o desequilíbrio ambiental ̶ e essas nações representam não mais do que um terço de todas as nações do mundo ̶ têm se mostrado as menos dispostas a cederem a acordos de contenção. É como se não se importassem com o futuro. Medidas drásticas e urgentes precisam ser tomadas se não quisermos habitar num planeta insustentável. O que aumenta a tristeza e a desesperança é saber que, como o resultado é em longo prazo, não importa, a quem causa a destruição, porque não mais estará por aqui daqui cinquenta ou cem anos e não há pior demonstração de desamor pela humanidade do que esta.
É por isso que, forçosamente, tem que se reconhecer o homem como a mais estúpida e ignorante de todas as espécies terrestres. Mas ele é filho de Deus e Deus só permite a rebeldia e o egoísmo até certo ponto. Tem sido imperdoável o que o ser humano vem fazendo com o próprio planeta. O progresso não pode ser unilateral e visar unicamente o conforto. Nem sempre conforto é sinônimo de felicidade. Se este trouxer a possibilidade de uma vivência equilibrada e harmônica, não em relação ao presente e em relação a um grupo limitado de indivíduos, mas visar o todo ele será visto como um progresso de fato.
Mas, se, no processo de prosperar e progredir, cada nação visar exclusivamente os seus indivíduos e, ainda pior, a sua geração, isto vem a ser um ato de exterminação coletiva por que se estará impedindo a continuidade da vida no solo do planeta ao tornar inviável a sobrevivência das gerações futuras. O assunto é muito mais sério do que se pode imaginar e não pode ser tratado mais em longo prazo. As medidas a serem tomadas são urgentes e devem ir à contramão da destruição futura, ou seja, hoje, imediatamente. Acordos para dez ou vinte anos não são mais viáveis. É garantido que muitas espécies e muitas áreas do planeta não resistirão a todo esse tempo.