Inversão de valores na USP.
Quem não se lembra das razões pelas quais a Polícia Militar do Estado de São Paulo foi chamada para patrulhar o campus universitário da USP? O chamado teve a ver com os pequenos crimes que aconteciam no interior da Universidade, tais como furtos de automóveis, roubos, brigas, consumo de entorpecentes e outros episódios que tiravam a tranqüilidade da vida acadêmica, já que no local deveria reinar a paz e o sossego, visto que se trata de um estabelecimento destinado apenas a estudantes e não para a permanência de delinqüentes. Quem, em são consciência, iria imaginar que os desdobramentos desse episódio iriam se tornar dignos de perplexidade através dos acontecimentos que ora presenciamos?
Hoje, com interferência da Justiça, foi necessária a expedição de mandado de reintegração de posse, no sentido de retirar estudantes que se instalaram indevidamente na reitoria da USP, como protesto pelo patrulhamento realizado pela PM no campus da universidade. Sucede que ao revés do esperado, ficou demonstrado que os próprios estudantes tinham hábitos inconvenientes e até criminosos, eis que alguns deles foram flagrados consumindo entorpecentes. Com a interferência dos policiais para repreender essas condutas impróprias para estudantes, instaurou-se a revolta no meio estudantil com a atuação dos milicianos, já que eles ali estavam para coibir esses abusos.
O curioso disso tudo é que no início os próprios acadêmicos aplaudiram a iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, ao permitir que a PM viesse a executar patrulhamento no interior do campus universitário. Assim, diante da revolta que se apoderou do grupo de estudantes que invadiu a Reitoria, ficou para a população a nítida impressão de que eles, equivocadamente, achavam que os policiais iriam ‘fazer vistas grossas’ para os seus devaneios químicos. Ou melhor, tinham em mente que a lei admite privilégios, podendo ser aplicada para uns e não para outros.
Esse nosso Brasil é digno de pena. De um lado ouvimos às escancaras que nosso Parlamento se esconde nas suas mazelas, isentando seus pares que se envolvem em propinas. De outro, ao tentarmos visualizar um futuro dotado de princípios morais, através da conduta de novos profissionais, ou de novos políticos do amanhã, deparamos com exemplos de tal porte que só servem para nos alertar de que parte das próximas gerações também conspira contra a ética e contra a democracia.
É certo que essas atitudes são de um grupo de estudantes e não da maioria. Entretanto, necessário que haja ação dura do Governo do Estado de São Paulo contra esses vândalos, para que eles não contaminem toda a comunidade acadêmica e deixe nosso glorioso Brasil com a pecha de um país da arruaça e da anarquia.