SUPERFICIALIDADE E INCONSISTÊNCIA NA EDUCAÇÃO

A escola, em sua formação tradicional, não reflete, dentro de sua perspectiva de educadora, nenhuma das teorias propostas para a dinamização dos clientes que a procuram.

O educador, por sua vez, não se detém para aprofundar conhecimentos, seja em Piaget ou Vygotsky, apesar de que, inconscientemente, ele aplica, em sua metodologia, fragmentos de uma ou outra linha de pensamento.

Entretanto, quando se fala em “educador”, é bom frisar que se contempla o universo de graduados – em sua maioria – e os que ainda não conseguiram o diploma de 3º grau, estando, estes últimos, inseridos diretamente na tarefa de repassar conhecimentos aos primeiros clientes da fase de aprendizagem sistemática. Além disso, são contempladas, nesse universo, todas as disciplinas do ensino básico, que não se preocupam (na verdade, seus educadores) em aprofundar a questão pedagógica, especificando um contexto didático voltado para a análise ensino-aprendizagem como alternativa metodológica.

Essa afirmação tem como objeto o fato de que houve – na década de 60 – uma fragmentação de conhecimentos, onde cadeiras tradicionais e importantes, como a filosofia, a literatura e as ciências sociais, foram abolidas dos currículos escolares e das próprias universidades, como forma de o país não produzir uma gama de intelectuais e pensadores, preocupados com as questões sócio-políticas da nação.

Em contrapartida, esse mesmo regime beneficia uma expansão, sem precedentes, do ensino de 3º grau, onde o acesso às faculdades, principalmente, particulares, foi “displicentemente” favorecido. O resultado de tudo isso pode ser traduzido através de um ensino que contempla, de forma homogênea, o todo, não se preocupando com o diagnóstico inicial – onde são feitos levantamentos das habilidades e/ou dificuldades prévias dos clientes – e como trabalhar esse contexto.

O educador, na verdade, está apenas preocupado em repassar o conteúdo de sua disciplina, traduzido esse conhecimento de assimilação em sua avaliação bimestral, ou seja, aprender o que foi repassado ou não aprender depende, exclusivamente, do aluno.

Outro fator preponderante nessa questão, de se utilizar teorias como embasamento curricular, é a falta de capacitação ou especialização no projeto pedagógico. Os órgãos competentes, ou seja, MEC e suas Secretarias Estaduais, ainda não oferecem recursos suficientes para se promover uma mudança em nível de material humano, bem como, nas estruturas das instituições, onde o educador seja beneficiado com uma proposta de aprofundamento em sua metodologia tradicional.

Além disso, as más condições de trabalho dos docentes refletem diretamente na transmissão/construção de conhecimentos, já que, em sua grande maioria e para poderem se manter dignamente, os educadores se veem obrigados a produzirem ensinamentos numa quantidade acima de sua capacidade, acabando por deixar de lado a qualidade, essencial para o desenvolvimento intelectual futuro dos jovens discentes sob sua responsabilidade.

Exemplo disso é a remuneração dada aos que labutam nessa área, muitas vezes inseridos em mais de uma instituição de ensino, causando um desgaste excessivo em sua capacidade de transmissão, fragmentando, ainda mais, o conhecimento já tão reduzido. A instituição, por seu lado, não oferece o mínimo necessário em suas dependências, traduzidas aqui em: biblioteca equipada, laboratório para pesquisa, sala de vídeo e conferência, computadores em rede, para auxiliar as tarefas, estando as mesmas sucateadas e apenas cumprindo o papel de um ensino quase ultrapassado.

Enfim, faz-se necessário um estudo especializado, para que o conhecimento seja uma forma de contemplar cada realidade das diversas regiões, em primeiro plano; e uma proposta curricular obrigatória para realmente inserir, na prática, uma linha de pensamentos teóricos e suas eventuais vertentes, em segundo plano; e, por último, uma reforma radical, seja física ou material, nas instituições de ensino.



Obs. Imagem da internet


 
Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 05/11/2011
Reeditado em 04/02/2012
Código do texto: T3318202
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