A FILOSOFIA COMO CRÍTCA A LIBERDADE ALIENANTE

A filosofia como crítica à "liberdade alienante."

CORNELIUS OKWUDILI EZEOKEKE

Os homens e mulheres hodiernos conscientizaram-se da dignidade da pessoa humana e, assim, reivindicam a capacidade de agirem segundo as próprias convicções, e, com liberdade responsável que os habilitam a fazerem escolhas, e, a optarem livremente. O homem torna-se livre à medida que suas ações são livres, sendo responsabilizados por elas. É no seio da sociedade humana que se exerce o direito à liberdade. Pelo fato de serem livres e responsáveis os ex-presidiários (as) podem conviver em sociedade e participar do bem comum. A liberdade nos proporcionará a capacidade de fazermos tudo àquilo que não são proibidos por lei, usando esse direito livremente. Ao se debruçar da temática da "liberdade", logo, surge à indagação: o que é liberdade? Se for a faculdade de agir de uma maneira ou de outra ou não, pode ser também no sentido de ser livre de um cárcere. Discute-se hoje sobre o papel e a importância da liberdade. (ausência de sujeição e subordinação) embora possa assemelhar paradoxal, mas a escolha de uma lei livremente, não quer dizer a sujeição nem tampouco subordinação, ao contrário, é "escrevendo a liberdade." O compromisso que daí deriva é a obediência também: ou seja, os nossos atos podem ser moralmente aceitáveis ou inaceitáveis. Por tais razoes diz o filósofo existencialista Gabriel Marcel: "o homem livre é o homem que pode prometer e pode trair." Essa situação aparentemente contraditória significa que, para sermos verdadeiramente livres, temos a possibilidade sempre aberta de errarmos ou da transgressão das normas, embora fossem escolhidas por nós. Contrapondo-se ao determinismo, há de se falar em possibilidade de escrevermos a nossa liberdade, ou alias, reescrevê-la, com o poder de escolher um caminho melhor independente das forcas que nos constrangem. Como pessoas em privação de liberdade, admitindo-se a existência de tais forças, fazem-se necessário o reconhecimento do ato livre em que se perfaz a liberdade humana. Quando se fala da liberdade, vem à tona a questão da transcendência: segundo a qual o "homem" executa o movimento de se ultrapassar a si mesmo. A transcendência é a dimensão da liberdade, destarte, a liberdade não é tida como um dom, nem como ponto de partida. É uma árdua tarefa e também algo a ser conquistado pelo o homem. (presidiários (as)) A liberdade não deve ser encarada como a ausência de obstáculos, mas, como o desenvolvimento da capacidade de dominá-los e superá-los. O pensamento avançou no que tange à liberdade, enquanto as instituições permanecem arcaicas, não existindo a linguagem neutra, entrementes, a linguagem da liberdade tem conseqüência, pois, no uso da qualquer liberdade deve respeitar-se o princípio moral da responsabilidade pessoal e social. A matriz da liberdade é a linguagem; é a fala que nos liberta através da sabedoria em "práxis". Não adianta dizer que somos "livres" somente porque estamos em "liberdade" através do alvará de soltura. A "liberdade" é a realidade inautêntica dos ex-presidiários (as). Nós não estamos "livres" enquanto a sociedade não se propõe a si mesma, o princípio de co-responsabilidade, reconhecendo na situação atual (criminalidade, acorrentabilidade = ("não-liberdade,") preconceitos contra ex-presidiários (as)) a sua culpabilidade, não haverá a verdadeira liberdade. As pessoas não "são" livres simplesmente porque ganham a liberdade. A verdadeira liberdade consiste em dar a cada um de nós as condições e oportunidades, juntamente com os elementos necessários para lograr a sua reinserção social, uma vez que somos "pessoas", seres distintos e, não "coisas", como temos sidos tratados. É preciso dar a oportunidade real, para que se acheguem à verdadeira liberdade. As pessoas estão sendo postos em "liberdade" sem serem recuperadas, e, ressocializadas através de uma proposta concreta de inclusão social, sem a qual, o resultado sempre será a grande incidência de recidiva, e, digo, sem sombra de dúvida que, sem programa de ressocialização, não haverá a verdadeira liberdade. Se a maioria das pessoas em privação de liberdade permanecem irrecuperáveis, é porque a sociedade permanece indiferente e preconceituosa em relação a elas.