O Comportamento Humano: uma analise da abordagem skinneriana na Educação

O Comportamento Humano: uma analise da abordagem skinneriana na Educação

Autora: Solange Gomes da Fonseca

Resumo:

O panorama atual enfrentado pela educação é bastante preocupante, como demonstram as noticias veiculada pela mídia e os dados publicados pelo INEP/MEC nos últimos tempos. Partindo desse referencial, este artigo tem como objetivo rever algumas das abordagens skinnerianas para levantar possíveis respostas ao comportamento humano, para uma mudança no sistema educacional estabelecido, além de considerações acerca do que o autor idealiza ser a educação do futuro.

Introdução:

Com base, no comportamento humano, podemos considerar a partir da ação dos componentes e dos constituintes psíquicos, que a conduta dos indivíduos entende-se num imenso território de possibilidades e variações.

Toda atitude e comportamento humano, sem diferenciar entre certo ou errado, normal ou anormal tem sido instrumento de interesse e de analise, desde os filósofos gregos, época em que tiveram inicio o estudo apresentado por Skinner.

Para uma melhor compreensão do assunto é necessário conhecermos os fatores que envolvem e interessam ao ser humano, e que interferem, auxiliam ou prejudicam a sua relação social. Por esse motivo, apresento a base do trabalho de Skinner, que se refere à compreensão do comportamento humano, onde o seu objetivo era compreender o comportamento humano e não manipulá-lo.

Nesse sentido, o behaviorismo radical vai entender o comportamento do ser humano e dos outros organismos , como interação entre o estimulo do ambiente e a resposta do organismo, sendo determinado por três tipos de seleção, a saber: filogenética, ontogenetica e cultural, sendo a cultural de maior importância para compreender o comportamento humano, que apresenta algum tipo de comportamento social.

Para Skinner (1972), um evento comportamental é o produto do conjunto da historia de reforçamento do sujeito. Por reforçamento, entende-se qualquer estimulo que aumenta a probabilidade de respostas. Assim, pode-se dizer que o ambiente externo é físico e social, e que o ambiente interno é biológico e histórico, e estão todos selecionados nas grandes classes de comportamento.

Do ponto de vista de Skinner existem varias deficiências notáveis em nossos atuais métodos de ensino. Embora, algumas escolas ainda usem punição física, em geral houve mudanças pra medidas não corporais verbais como o ridículo, a repreensão, o sarcasmo, a crítica, etc.

Skinner acredita, que os professores, em sua maioria são humanos e não desejam usar controles aversivos. Pois, os alunos aprendem sem ser ensinado, segundo o autor, porque estão naturalmente interessados em algumas atividades e aprendem sozinhos. Por essa razão, alguns professores preconizam o emprego do método da descoberta. Mas, para Skinner, a descoberta não é a solução para o problema de educação, uma vez que, para ser forte uma cultura precisa transmitir-se, precisa dar aos alunos seu acumulo de conhecimento, aptidões e práticas sociais e éticas.

Tecnicamente falando, o que esta faltando na sala de aula é o reforço positivo. Pois, os alunos não aprendem simplesmente, quando alguma coisa lhes é mostrada ou contada, uma vez que, em suas vidas cotidianas, eles se comportam e aprendem por causa das consequências de seus atos.

Nas salas de aula tradicional, as contingências de reforço mais eficientes para controlar o aluno, provavelmente, estão além das capacidades de um professor. Por isso, Skinner sustenta suas abordagens como aparelhos mecânicos e elétricos, que devem ser usados para maior aquisição do comportamento humano.

Skinner (1991, p.116), reafirma a necessidade de paramos de fazer reajustes em um sistema estabelecido, para daí sim, criarmos um mundo saudável. Propondo uma solução, ao mesmo tempo em que reconheceu a dificuldade de colocá-la em pratica. Deixando claro que, enquanto, o comportamento humano for mantido por consequências imediatas, mais longe estaremos daquilo que concebe como um futuro ideal para o mundo.

Com relação a educação,tais afirmativas se aplicam na medida em que o ensino é considerado eficaz, se o aluno utilizou aquilo que aprendeu na escola, ao longo da sua vida, e, portanto, num longo prazo e num ambiente natural.

Embira, as abordagens skinnerianas não sejam atuais e já bastante conhecidas e discutidas por ele e demais pesquisadores, percebemos a ausência de sua aplicação nas salas de aula, onde acreditamos que a situação atual da educação e do mundo poderia ser diferente.

Eis, aqui o grande desafio da educação, onde cabe formar cidadãos utilizando hoje contingências planejadas que garantam no futuro um repertorio útil a melhor adaptação do individuo ao ambiente escolar e social. Cabendo, a todos nós sabermos se haverá espaços para este tipo de conhecimento no futuro, ou se, continuaremos a fazer pequenos ajustes na realidade.

Ainda acredito, que as técnicas de mudanças de comportamento permitem um progresso grande, particularmente, em áreas especificas, como o uso da educação nas escolas para acelerar a aprendizagem, a criação de sistemas de incentivo no aumento da produtividade, e naturalmente, em psicoterapia.

Nesse trajeto, o behaviorismo, ao esclarecer como o homem age em função de estímulos positivos ou negativos, pode ter um impacto positivo, num futuro imediato, contribuindo para uma sociedade mais bem informada, rica e satisfeita.

Ao adotar o pressuposto de que todo e qualquer organismo organizado pode ser conduzido a agir, mediante condicionamentos, o comportamentalismo torna-se facilmente assimilável por aqueles que vêem a educação como um arranjo de estímulos ambientais dispostos, corretamente, para reforçar respostas adequadas.

Os professores, que enfatizam a importância dos meios instrucionais e do compromisso primordial com produtividade e eficiência assumem a teoria comportamentalista como valiosa contribuição para deixar de lado quaisquer considerações relativas a fenômenos subjetivos, como aqueles que são vistos pela Psicanálise, por exemplo.

Essa rejeição da possibilidade de investigar o universo psicológico invisível e a ênfase no controle dos organismos humanos levaram Skinner a visualizar a constituição de uma “ciência do comportamento humano”, ciência pacificadora da ordem social, em cujas mãos estaria a potencialidade para reorganizar toda a cultura. E, de fato, o comportamentalismo tem sido, fartamente, utilizado por concepções educacionais, que fortalecem as instituições de ensino, tornando-as analisáveis, enquanto, estruturas organizacionais, colocando o individuo como simples elo funcional numa cadeia de ações coordenadas, com vistas à produtividade do sistema.

As teorias comportamentais entendem o aluno como um ser que responde a estímulos do meio exterior, não levando em consideração o que ocorre dentro de sua mente, durante o processo de aprendizagem, sendo a aprendizagem interpretada, somente, como mudança de comportamento.

É importante, que o professor detenha o conhecimento sobre essas abordagens skinnerianas para a melhoria da qualidade de ensino, bem como sobre utilização de métodos, técnicas e recursos de instrução. Cada uma dessas abordagens skinnerianas apresenta uma visão do processo de ensino/aprendizagem

Skinner acha que a aprendizagem ocorre devido ao reforço. É a contingência do reforço que leva a aprendizagem.

Não há duvidas, de que, a presença dos estímulos é imprescindível no ambiente social de aprendizagem, porem este deve ser exposto, através da atenção, afeto, e quando possível, aprovação, como fator motivador.

Na visão skinneriana, professores e alunos devem encontrar a sintonia que os aproximem, e os métodos que lhes promovam o crescimento pessoal, moral e intelectual. Devendo assim, ficarem atentos a auxiliados pela evolução da nossa espécie, do ambiente em que vivem e, especialmente, do ambiente que necessitam para viver.

Considerações Finais:

Enfim, o que observamos no artigo é que por um longo tempo, será de extrema importância que a escola ensine seus alunos a se autocontrolarem, como forma de diminuir a probabilidade de emitir comportamentos altamente reforçados, mas também, punidos pela sua própria cultura.

Ate que novas praticas culturais sejam selecionadas será função da escola ensinar, concomitantemente, o autocontrole que previne a formação de comportamentos humanos punidos pela cultura e o autocontrole que remedeia os subprodutos neuróticos promovidos pelos conflitos que a cultura estabelece. Portanto, trata-se da formação de um individuo que se torna cada vez mais, independente e mais eficiente na manifestação das variáveis das quais seu comportamento é função.

Este artigo tem o objetivo de mostrar uma analise da abordagem skinneriana, como contribuição para a educação, onde o comportamento humano deve ter autocontrole, e, em decorrência, o planejamento de uma educação voltada para a instalação deste mesmo comportamento.

Por fim, conclui-se que uma educação voltada, também, para instalação de autocontrole deve ter, tanto o objetivo de prevenir o estabelecimento do comportamento que trazem malefícios ao grupo, e que, por isso, são punidos socialmente, quanto os de remediar os efeitos das punições, que foram tomadas como contingentes ao comportamento humano altamente reforçado. Sendo, o ensino de autocontrole sob a forma de grandes princípios, no que se refere aos aspectos relacionados à formação das novas contingências futuras.

Ainda, se faz por bem ressaltar, que as abordagens skinnerianas defendidas por Skinner traz um modelo de educação que parte do meio para o individuo (modelo operante), sendo um modelo de educação excessivamente mecanicista e determinista.

Numa linha mais radical, Skinner defende que só os comportamentos humanos observáveis são aceitos como teorias cientificas, trabalhando os estímulos e suas respostas, enfatizando a percepção da aprendizagem de pessoas e outros animais através de métodos objetivos, buscando o conhecimento e a explicação destes.

O segredo aqui reside em reforçar os pequenos sucessos e ir aumentando aos poucos os desafios. Mediante, aos fatos descritos nas abordagens skinnerianas, chegamos à conclusão que a relação professor/aluno, não deve ser pautada em condutas autoritárias (especialmente o castigo), que podem deteriorar e distanciar o que deveria ser um relacionamento estimulante, acolhedor e propulsor do desenvolvimento comportamental humano.

Referências

. FERRARI, Marcio. B. F. Skinner. O cientista do comportamento e do aprendizado. Revista Nova Escola. N.176, out/2004.

. SCHULTZ, D. P. , Sydney E. Schultz. Historia da Psicologia Moderna. 15ed. São Paulo: Cultrix, 2002.

. SKINNE. B.F. Tecnologia do Ensino. São Paulo: Herder. Ed. Da Universidade de São Paulo, 1972.

_____ Questões Recentes na analise comportamental. Campinas: Papirus, 1991.

_____ Ciências e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Solange Gomes da Fonseca
Enviado por Solange Gomes da Fonseca em 07/10/2011
Código do texto: T3263662
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