INTERAGINDO COM A CULTURA SURDA
A Confederação Brasileira de Desportos de Surdos (CBDS) é composta por seis Federações Desportivas sendo mais ou menos 58 associações entre clubes, sociedades e congregações instaladas na sua maioria nas capitais e outras em cidades do interior. Segundo dados levantados tanto a integração a LIBRAS, como os esportes e as interações sociais nas Comunidades Urbanas Surdas no Brasil são influenciadas por estas CBDS como fator principal de seu desenvolvimento no esporte na comunidade surda no Brasil, promovendo vários campeonatos e em diversas modalidades esportivas a nível nacional.
Fundada em 1984 a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos é composta por representantes que são escolhidos por representantes das federações através do voto secreto, sendo ainda esta filiada à Confederação Internacional de surdos, onde estes já têm participação em campeonatos esportivos em varia modalidades. Os surdos, que são membros das associações, estão sempre interagindo com outras associações de outros estados ou cidade, como também com as Federações, a Confederação e a FENEIS. Tais associações de surdos assim como todas as outras possuem estatutos próprios onde estabelecem os ciclos de eleições, quando os associados se articulam em chapas onde podem concorrer a uma gestão de dois anos, geralmente.
As comunidades de surdos no Brasil contam com a participação de pessoas não surdas (ouvintes) que fazem trabalhos de assistência social, religiosa, intérpretes, familiares como pais ou cônjuges e ainda professores que participam nas questões políticas e educacionais estando assim sempre presentes nas comunidades, tornando-se membros.
Para os ouvintes que são filhos de surdos e participam da comunidade desde pequena, o domínio da LIBRAS é natural podendo dizer que esta é sim a primeira língua a ter contato podendo ainda vir por muitas vezes tornarem-se interpretes para seus pais e depois contribuírem para a própria comunidade surda.
Ao contrário da CBDS, Federações desportivas e associações, que tem como meta a integração entre os surdos através dos esportes e lazer, temos ainda a Federação Nacional de Educação e Integração dos surdos (FENEIS) que é uma Entidade não governamental, registrada no Conselho Nacional de Serviço Social/CNAS e não está subordinada à CBDS, sendo filiada a World Federation of The Deaf. Foi fundada em 1987 A FENEIS, e os surdos assumiram então a liderança da FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração do Deficiente Auditivo) surgida da iniciativa de algumas escolas, Associações de Pais e ainda de instituições ligadas ao trabalho com Surdos, tendo como sede a cidade do Rio de Janeiro, e suas regionais estão em Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo e contam com cem entidades filiadas.
A FENEIS e um órgão de integração dos surdos na sociedade, atuando através de convênios com empresas e instituições que empregam Surdos, promovendo e participando em seminários, debates, câmera técnicas, congressos nacionais e internacionais em defesa dos direitos dos Surdos em relação à sua língua (LIBRAS), à educação, ao uso de intérpretes em escolas e estabelecimentos públicos, na programação de televisão, assistência social, jurídica e trabalhista.
Ao participar das comunidades, o surdo no Brasil tem adquirido uma cultura própria, mesmo aqui esta cultura ainda sendo recente. A maioria dos surdos tem características peculiares (uma identidade surda), e preferem se relacionarem mais intimamente com pessoas também Surdas. O surdo tem um modo próprio de olhar o mundo onde as pessoas são expressões faciais e corporais, e pelo fato de falarem com as mãos evitam fazer uso destas sem necessidade, mas quando as usam fazem como forma de contar uma poesia.
As piadas na maioria das vezes dizem respeito a não compreensão da surdez pelo ouvinte e sua problemática na relação com a língua falada.
No teatro já procuram abordar as questões que estão ligadas a relacionamento, educação e a sua visão de mundo, vindo a conviver com duas culturas e comunidades, a dos surdos e dos ouvintes vindo a utilizar duas línguas a LIBRAS e a língua portuguesa. Assim pela perspectiva antropo-sócio-lingüística, uma Comunidade Surda não é um local onde as pessoas que são deficientes, ou têm problema de comunicação se encontram, mas um ponto de articulação política e social porque, cada vez mais, os Surdos se organizam nesses espaços enquanto minoria lingüística que luta por seus direitos lingüísticos e de cidadania, impondo-se não pela deficiência, mas pela diferença.
Estamos em uma grande e diversificada nação que se diferencia regionalmente em relação ao hábito alimentar, ao vestuário e a situação sócio-econômica, e outros, assim as comunidades surdas brasileiras vêm se organizando e formando varias associações pelo país Gerando também algumas variações lingüísticas regionais pois temos pessoas que são surdas em todos os lugares do Brasil.
Assim ao se falar em Cultura Surda, ou Identidade Surda, temos que entender que este não é igual ao ouvinte, pois é capaz de sentir e perceber o mundo a sua volta de maneira diferente, ele apreende o mundo como Surdo, possuem valores que são transmitidos de geração a geração diferente da Cultura do ouvinte, na qual também esta inserido.