ALUNOS DAS AULAS DE REDAÇÃO: - CHEGA SÓ DE MODELOS!! QUERO SABER COMO SE FAZ...
Não é raro ver as salas de aula lotadas de alunos concluindo o ensino médio ou fazendo cursos preparatórios, a um passo do vestibular, sem saberem escrever uma redação que os habilite à aprovação. Não digo isso de alunos de escolas públicas, que apresentam grandes dificuldades, mas de alunos de escolas particulares que se intitulam as melhores do Espírito Santo. Onde está a falha? Por que alunos que foram instruídos durante 13 anos não conseguem redigir um texto coerente?
Minha experiência leva-me a crer que a falha está no método de ensino. É evidente que o professor tem um tempo curto para ensinar vários modelos de redação e tipos textuais. Isso o leva a ser na maioria das vezes metódico. Passa o modelo para o aluno e aplica uma bateria de exercício e de oficinas de produção de texto. A maioria dos alunos não se interessa pelas aulas, porque embora tenham aprendido o modelo, não sabem como fazer a redação, ou seja, não têm conhecimentos e métodos para organizar o pensamento. O desenvolvimento de uma redação depende desses dois fatores. O primeiro, o modelo, é dado pelo professor; o segundo é em parte adquirido pelo aluno, porque diz respeito à sua vivência, mas em parte o professor é responsável também por ela. Dessa forma, é responsabilidade do aluno ler e se informar a respeito dos diversos assuntos que são destaque na mídia os quais têm probabilidade de serem cobrados no vestibular. Entretanto, ensinar ao aluno métodos que direcionem seu pensamento para escrever é um dever do professor. Assim, portanto, sustentamos que esses dois fatores são fundamentais para que os alunos tenham condições de escrever uma redação.
Sobre os métodos os quais falamos, eles se baseiam na lógica. Podem alguns perguntar: “É a lógica da filosofia”. Sim. A mesma. E acreditem não há outro meio de organizar o pensamento que não seja por meio da lógica. Não inventaram desde a antiguidade clássica outra fórmula, como afirmou Othon Garcia (1986). Quando o aluno despreparado está escrevendo ele procura realizar operações mentais mais não sabe como fazer, embora tenha o conhecimento sobre o assunto. Por isso, para facilitar a vida deles, o estudioso citado sugeriu alguns artifícios da lógica:
• O silogismo que se baseia nas premissas: Uma maior (geral), uma menor e em uma conclusão. Ex: Todo homem é mortal – Ora! Sócrates é homem – Logo, Sócrates é mortal.
• A análise do assunto chave por meio do que ele chamou de “coeficientes” (definição, considerações gerais, distinção, comparação ou analogia, contraste, circunstâncias, ilustração real ou hipotética e conclusão). Com isso, é possível criar o que chamou de “plano-padrão” ou “plano-piloto”.
• Outra sugestão importantíssima que indicamos por meio do autor mas com os grifos nossos é o levantamento do vocabulário em torno assunto chave. Nesse caso, poder-se-ia utilizar as terias mais modernas para classificação desse vocabulário como a prototipissidade. Não é nenhum palavrão. Em torno de um vocabulário como pássaro existe aqueles que são mais típicos e outros não. Por exemplo, se fosse perguntado para você um tipo de pássaro, jamais falaria galinha. Mas falaria canário, pardal. Logo estes são mais prototípicos do que a galinha que é também um pássaro. No caso de uma redação sobre violência, pense em quantas palavras não poderia listar acerca desse assunto algumas mais próximas e outras mais afastadas dele.
• Além desses, sugiro outras como: causa-efeito, tese-antíntese-sintese. Esses métodos, além dos demais citados, renderiam boas discussões, mas não seria viável falar sobre eles em um artigo, por isso, me reservo a oferecer extensas explicações. E reafirmo, obtendo-as, com pouca prática é possível escrever boas redações. Meu único objetivo é instigar os alunos a buscar essas informações úteis.
Faço uma última crítica aos professores que ensinam a prática da redação como algo tão distante da realidade do aluno. Por exemplo, a argumentação é algo que utilizamos diariamente. Quando o aluno vai pedir aos pais para chegar um porco mais tarde, tenho a certeza que não começam argumentando da conclusão. Mas começa da introdução, mostrando a necessidade que ele tem de sair. Posteriormente fará um desenvolvimento dizendo que vai apenas a um restaurante com os amigos e que sempre atende as orientações dos pais, não bebe e chega sempre no horário que os pais determinam. Por fim, fará uma conclusão reforçando então a importância daquela diversão para ele e diz que os pais não se arrependerão de deixá-lo ir. Notou: introdução, desenvolvimento e conclusão. Usamos isso o tempo todo. E até mesmo o raciocínio silogístico:
[...] sinto uma estranha dor no estômago; já uma vez quando experimentei sensação igual estava com fome (premissa maior e menor reversa); portanto devo estar com fome. Quem está com fome deve comer alguma coisa. (Ora) eu estou com fome; logo, devo comer alguma coisa (GARCIA, 1986, 306).
Isso se poderia aplicar ao seguinte raciocínio:
As mulheres negras no Brasil sofrem mais discriminação no mercado de trabalho, embora a constituição proíba a discriminação racial (premissa maior ou introdução);
Ora, quando se fala em padrão de beleza no Brasil as revistas como Playboy, Ela e outras, além dos programas da mídia deixam claro que as negras estão excluídas desse padrão. Os anúncios de emprego quando indicam que procuram alguém de “boa aparência” deixam claro que a mulher negra está excluída desse rol, uma vez que não atende ao padrão de beleza estipulado e sugerido pelas mídias (premissa menor ou desenvolvimento);
Logo, as mulheres negras são discriminadas quando procuram emprego.
Espero que com os exemplos citados os alunos tenham notado como a redação está próxima de nós e que apresentamos exemplo de dois tipos: Oral e escrito. Na oralidade ela é menos elaborada do que na escrita. Realmente temos mais prática em usá-la oralmente, por isso nem percebemos essa desenvoltura que temos. Entretanto, a escrita é algo recente na história da humanidade se comparada às práticas orais, pois escrevemos acerca de cinco mil anos. Mas enfatizamos que o princípio é o mesmo, precisamos apenas pensar usando os métodos lógicos.
Finalizando, como consultor, coloco-me a disposição daqueles que desejarem.