Este artigo é para todos
Penso que a gratidão maior, indispensável a uma vida de felicidade, é exatamente aquela que se refere ao que possuímos de mais valioso: nossa própria vida. É muito bom e válido agradecermos porque conseguimos comprar um carro novo ou por termos achado aquele emprego que há tempos vínhamos procurando. Mas este tipo de gratidão é limitado porque diz respeito exclusivamente a coisas materiais; e Deus nos deu muito mais do que isto. Ele nos deu a vida e é a essa vida que precisamos ser gratos.
Quando conseguirmos nos conscientizar da importância de estarmos aqui neste momento, capacitados a produzir, respirando o alento de Deus; podermos, pela manhã, abrir os olhos e sentirmos que temos pela frente mais um dia de vida, em que as falhas que deixamos para trás, as realizações que foram frustradas ou incompreendidas podem ser revistas e acertadas. Soubermos que, mesmo tendo alcançado uma idade que deixou, no rastro da acomodação e da má vontade, inúmeros buracos a serem preenchidos com a verdadeira ação, podemos ainda assim recomeçar com força renovada, estaremos criando no espírito grato a esperança e no corpo a energia necessária a novos rumos.
A gratidão renova a saúde, traz bem estar e alimenta a alma de vigor novo. Por que encontramos homens e mulheres renovando-se a cada dia, surpreendendo a todos com sua energia e espírito de continuidade, mesmo numa idade em que a maioria pendurou as chuteiras das realizações e vivem esperando a morte? É certamente porque possuem, no fundo da alma, o germe da gratidão pela maravilha de estarem vivendo. A verve, a alegria, o entusiasmo pela vida independem de classe social, de raça e muito menos da idade. Da mesma forma que uns, considerados idosos, não estão nem aí para o que dizem ou pensam as vítimas do senso comum; vendem energia e alegria de viver, há os jovens apenas na idade, porém miasmáticos, ao deixarem-se consumir pela monotonia. O que os oprime não é mais do que a falta de vontade de viver causada pela carência de gratidão.
A depressão está sendo considerada a doença da modernidade. Modernidade deveria ser bem estar para todos sem exceção, pois isto quer dizer melhor acesso a um padrão de vida renovado pelas invenções do homem. À medida que o tempo passa a tecnologia joga no mercado miríades de facilidades que, com o tempo tornam-se acessíveis a todas as camadas da população. Isto deveria significar felicidade, representada pela satisfação com o que é novo e prático. Mas, infelizmente não é o que acontece. Concluímos que deve haver algo errado; algo que precisa ser enxergado pelas pessoas. Não deixa de ser, esta deformidade social, resultado da falta de gratidão. Meishu-Sama deixou, ironicamente, no ensinamento mais curto que escreveu, a maior verdade de todos os tempos. Ao dizer que “O homem que vive agradecendo torna-se feliz e o queixoso caminha para a infelicidade” Ele resumiu tudo o que milhares de livros podem discorrer sobre auto ajuda.
Parece tão simples quando posto em palavras, porém a prática é que vem a ser a chave para a obtenção daquilo que está prometido na afirmação. O dia nos impõe uma série de situações cujos reflexos vão se embrenhando em nossa mente subconsciente e daí tiramos conclusões a respeito da vida. Só que muitas dessas conclusões são erradas, algumas ao ponto de acarretarem neuroses só extirpadas a peso de muita dor de cabeça. Nada disso seria necessário se, alicerçados no sentimento de gratidão, pautássemos todos os nossos atos. O problema do ser humano é buscar constantemente as realizações que se encontram distantes sem, antes, procurar o aprimoramento.