ENSINO TRADICIONAL DA MATEMÁTICA X RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS

As características de uma aula no modelo de ensino tradicional da matemática estão dentro de uma visão onde o processo de conhecimento e a constituição do ser humano são fatores que se definem através da hereditariedade maturidade do raciocínio, e assim excluindo suas interações socioculturais na formação das estruturas comportamentais e cognitivas da criança, conforme Rego (1995). Assim neste modelo de aula o educador não desafia, não amplia nem se coloca a disposição para o desenvolvimento individual, restringindo-se apenas ao que ensina, e o aluno tem sua capacidade de desenvolvimento limitada. Na prática o ensino tradicional trata o aluno como sendo um individuo que nada sabe, não se leva em conta seu conhecimento prévio e social. O professor diz como e o que deve ser feito, levando o aluno a se cansar de fazer sempre a mesma coisa repetidas vezes quando as vezes já sabe o resultado, fazendo a seu modo sem usar formulas decoradas.

No ensino tradicional da matemática, é possivel observar que o processo de ensino apenas o professor transmite e os alunos recebem e realizam de forma repetitiva e mecanizada os exercícios, acarretando, por parte do aluno, memorizações de como estes exercícios foram desenvolvidos (cabendo ao aluno a responsabilidade em aprender) e que após repetir inúmeras vezes consegue memorizar e dar resultados, mas não funciona com todos, pois as características individuais são determinadas por fatores externos ao indivíduo.

A escola e o ensino são supervalorizados e os conteúdos e procedimentos didáticos não tem relação com o cotidiano do aluno e muito menos com as realidades sociais. É o professor que dita as regras transmitindo o que acha ser necessário, valoriza o trabalho individual, a concentração, o esforço e a disciplina, como garantias de que o aluno dessa forma possa adquirir conhecimento. Trocar informações, questionar dúvidas, a comunicação entre os alunos, a interação com os colegas, é simplesmente interpretada como falta de respeito, dispersão, indisciplina e chamado ainda de conversadas paralelas. Dá-se, como necessário apenas à interação professor e aluno, este ensino, é centrado no professor, que deve ser rigoroso na tarefa de direcionar, punir, treinar, vigiar, organizar conteúdos, avaliar e julgar comportamentos para garantir melhor aprendizagem, assim o sucesso do professor e sua competência dependem da associação entre estímulos por ele ditados e respostas corretas por parte do aluno, sendo que o erro seja eliminado, sendo a aprendizagem confundida com a simples memorização do conteúdo conseguida através da repetição de exercícios sistemáticos de fixação e estimulada por reforços positivos com elogios, recompensas ou negativos (notas baixas, castigos, etc.).

Neste modelo de ensino tradicional o aluno que chega a escola é considerado alguém que nada sabe e que não tem conhecimentos prévios sobre matemática ou qualquer outra disciplina, é considerado vazio de conhecimentos. FREIRE (1979) refere-se "O educador, que aliena a ignorância, se mantém sempre em posições fixas, invariáveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educando serão sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como processo de busca".

Quanto as características de uma aula tendo como referência a RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS como forma eficaz para o ensino e aprendizagem da matemática, esta possibilita ao aluno desenvolver a capacidade de pensar e gerenciar informações e resolver problemas tanto na sala de aula como em seu dia a dia, quando no convívio social, Segundo DANTE (1991), “ é possivel por meio da resolução de problema desenvolver no aluno iniciativa, espírito explorador, criatividade, independência e a habilidade de elaborar um raciocínio lógico e fazer uso intelegente e eficaz dos recursos disponíveis, para que ele possa propor boas soluções as questões que surgem em seu dia a dia, na escola ou fora dela”.

Durante uma aula de matemática tendo como referência a resolucão de problemas é o professor que faz o aluno despertar para o interesse e o gosto em estar solucionando problemas,mesmo que enfrente dificuldades em mostrar para o aluno a difêrença entre resolver um problema ou simplesmente resolver um exercício. Durante a aula e a procura pela solução do problema os alunos encontram novos fatos e cabe ao professor nessa hora motiva-los a encontrar as outras varias maneiras de resolver o mesmo problema, despertando assim no aluno a curiosidade e um grande interesse pela matemática, e ainda aguçam a capacidade em solucionar mais e mais problemas, desenvolvendo assim auto confiança. “Um problema matemático é uma situação que demanda a realização de uma sequência de ações ou operações para obter um resultado, Ou seja, a solução não esta disponivel de inicio, mas é possível construí-la” (PNC, 1998).

Durante a resolucao de problemas tanto professor quanto aluno desenvolvem o gosto pela matemática e quando estes problemas desafiam suas curiosidades na busca a novas estratégias aumentam a capacidade de raciocínio e juntos compartilham e criam idéias de como encontrar a melhor solução. O professor deve estar atento e ter preocupação também para o fato de que o aluno tenha pré-requisito para resolver o problema exposto, saber se este já tem conhecimento prévio, para não criar aversão a matematica. O professor não deve dar respostas prontas mas sim encoraja-los como por exemplo: vamos pensar mais um pouco, será que é isto que o problema esta pedindo para fazer, discuta com o colega, respostas desse tipo encorajam e mantem professor e aluno envolvidos no problema, e aos poucos vão perguntando menos e se tornando independentes.

O que para o professor pode ser um problema a ser resolvido para o aluno pode ser a solução de algo que esta longe de ser entendido por quem ensina,mas se este tentar ententer o mundo em que o educando vive poderar acompanha-lo na trajetória da resolução de problemas que talvez possam ser os seus próprios, e com esta interação um ajuda o outro a construir o verdadeiro significado do ensino da matemática tomando como referência a RESOLUCÃO DE PROBLEMAS.

REFERÊNCIAS:

DANTE, L, R. Didática da resolução de problemas de matemática. 2 ed.São Paulo: Ática,1991.

FREIRE, Paulo - Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1979.

____________ - Pedagogia autonomia. Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1996.

REGO, Teresa Cristina Vygotsky - Uma perspectiva histórico-cultural da educação. 2ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes, 1995

MEC (1998) Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos: Apresentação dos temas transversais- 1998. Secretaria de Educação Fundamental, Ministério da Educação e do Desporto, Brasília, DF.

VERTUAN, Rodolfo Eduardo. et. al. Instrumentação do trabalho pedagógico nos anos iniciais do ensino fundamental. In UNIVERSIDADE DO NORTE DO PARANÁ: Pedagogia: Módulo - VI. Londrina: UNOPAR, 2009. (pág.51 a 86).