A VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA

Cada vez mais fica ainda mais difícil entender a linguagem humana, não é nada fácil ate mesmo para os profissionais da área. A sociedade vive em uma cultura diversificada embasada em diversas crendices e vários grupos étnicos com suas culturas trazidas de varias partes do mundo, e ainda marcada por diferentes classes econômicas e sociais, e a cada dia surgem novas estruturas lingüísticas. Em uma sociedade marcada pelo individualismo humano e o pluralismo de cultura marcada pela competição, há necessidade que se analise de forma ampla o interior desta realidade conflitante. Entre a luta do pluralismo e o individualismo pode-se destacar a necessidade da participação coletiva como uma das possibilidades de superação desta problemática.

Ao falar uma língua, executamos o ato de falar que é a unidade básica da comunicação que é feito através de um enunciado que pode ser usado para criar ou construir uma realidade, não sendo necessário representar esta realidade que se imagina ou exista devido à infinidade desses enunciados que se pode ter em uma língua. Na verdade o falante pode estar falando algo, mas estará dizendo algo completamente diferente ou o oposto da estrutura original escrita, e muitas pessoas podem não perceber o que estão falando e com muita freqüência fazem com que as palavras tenham significados diversos, muito alem do que eles realmente têm.

A língua se mantém sempre em movimento se recriando e se transformando, na verdade o que ocorre é uma mutação, e não há modo certo ou errado de se falar, existe sim é uma variação da língua falada, onde cada grupo de acordo com o meio em que vive a modifica e transforma, trazendo assim para a sociedade em geral um produto novo e diferente do que já se conhece, e causando certo impacto inicialmente, mas depois é assimilada a língua atual e passa a fazer parte de todos os falantes locais. Não e possível se conter a criação de novas palavras, ela é inesgotável e infinita, num mundo finito, sendo capaz de ter vida própria, estando em constante crescimento e mudança juntamente com cada grupo social onde esteja presente, capaz de se multiplicar muitas e muitas vezes e se transformar em uma nova língua, dependendo da distancia e da variação geográfica. Cada sociedade tem um modo de se expressar, mesmo usando a mesma língua. Cada grupo usa de uma forma diferente a língua para se fazer entendido no meio ao qual pertence, sendo na família, no local de trabalho, no lazer e outros e cada qual tem um modo de falar ou escrever. Numa mesma língua temos muitas formas de usar palavras para dizer algo e darmos a entender outro assunto totalmente diferente da língua escrita. A língua padrão é um fator importante para que se possa conter o aparecimento de tantas gírias e palavras sendo faladas de forma diferente, mas não se pode deixar de lado de se apreciar as maravilhas que acontecem e são causadas com todas estas variedades.

As falas possuem peculiaridades que não podem ser encontradas na escrita, que usa da funcionalidade e outros fatores de modo a se fazer entender melhor. Dependendo do ambiente em que o individuo se encontra deve-se usar a língua coloquial, mas a língua padrão não deve ser esquecida, deve ser mantida e estudada sem querer com isso criticar ou tentar acabar com as mais diversas variações, porque é no modo de falar que cada um mostra de onde vem e a que tipo de sociedade pertence, a língua é um fator social do individuo, e este é o meio com que ele consegue mostrar diferentes situações como, por exemplo, a qual grupo pertence.

Exemplo de variação lingüística de classe social:

“Pois é. U purtuguêis é muito fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im portuguêis, é só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha lingua é u purtuguêis. Quem soubé falá, sabi iscrevê.”

Jô Soares, revista veja, 28 de novembro de 1990.

Vivemos em um país imenso, seria impossível tentar imaginarmos todos falando a mesma língua padrão. Pois bem, existe a variação regional onde em alguns casos é necessária uma verdadeira tradução para se compreender o enunciado. Algumas palavras são incompreensíveis em outras regiões ou grupos. O modo de falar pode ainda indicar o nível social, a escolaridade, a idade, o sexo e outros fatores deste falante. A nossa cultura não nos permite que fiquemos presos a uma única língua, não seria interessante, pois de acordo com os estudiosos é a variedade que nos faz e nos leva a entender e crescermos socialmente.

Neste contesto entra a escola como mediadora e único espaço capaz de proporcionar aos menos privilegiados, a atingirem este conhecimento que é privilegio da classe mais rica, e a estes a repensarem e refletirem sobre seu papel na responsabilidade social. A aprendizagem leva o ser humano a interagir com outros seres humanos e adquirir experiências, ficando livre dos preconceitos e formando seus próprios conceitos. Através do uso da linguagem o pensamento se estende e forma a linguagem que todos entendem.

REFERÊNCIAS:

CAMACHO, Roberto Gomes. Duas fases na Aquisição de Padrões Lingüísticos por Adolescentes, dissertação de Mestrado. Campinas, Universidade Estadual de Campinas. 1978.

FARACO, Carlos Alberto. Discutindo Língua Portuguesa. Disponível em: <

http://www.discutindolinguaportuguesa.com.br/reporterlinguisticab.asp >. Acesso em: 17/02/2008.

FERNANDES FERREIRA, Ana Cláudia. As Variações da Língua. Disponível em: < http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/v00003.htm >. Acesso em: 07/10/2008.

POSSENTI. Sìrio. Não Existem Línguas Uniformes. In: Por que (não) ensinar gramática na escola. Mercado das letras. Campinas, SP. 1996.

STEINLE, Marlizete Cristina Bonafini. et. al. Instrumentação do trabalho pedagógico nos anos iniciais do ensino fundamental. In UNIVERSIDADE DO NORTE DO PARANÁ: Pedagogia: Módulo V. Londrina: UNOPAR, 2008. (pág.83 a 121).