O PORQUÊ DA PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE FÍSICO

Esta obra trata de vários assuntos e experiências no cotidiano de uma creche, onde se faz entender que o compartilhamento de idéias e a troca dessas experiências entre os educadores e seus funcionários é uma prática necessária contribuindo beneficamente na educação. Pois é nessa interação com as pessoas que a criança constrói sua linguagem e pensamento, levando a prática educativa e o cuidar a um patamar em que tanto educadores como os alunos sintam satisfação em estar neste local de ensino. A partir de vários relatos é mostrado como é o trabalho dentro deste espaço físico, onde os educadores desempenham diversas atividades com as crianças usando o lúdico como forma de fortalecer a autonomia, socialização e desenvolvimento na arte, poesia, leitura, musica, higiene, cultura e interação do grupo. E é com o dialogo que os autores tratam a ação dos educadores no dia a dia em suas funções ao falar das dimensões da educação e o cuidado dessa prática, e assim levando os profissionais a pensar, planejar e repensar a educação. Há ainda discussões e pensamentos a respeito de concepção de infância, como se deve dar essa educação, como deve ser organizado o espaço físico da instituição, e a inclusão de muitas experiências de conhecimento adquiridas ao longo do dia através das diversas situações vivenciadas e seus desafios. Muitos são os relatos abordados através de experiências vividas dia a dia pelos educadores desta creche, como: à hora da alimentação, o sono, brigas, medos, mordidas, controle dos esfíncteres, materiais didáticos, a higiene, os limites, os brinquedos, afetos e desafetos, a arrumação do espaço, a aprendizagem e seus problemas, a disciplina, a troca de turmas, as chegadas e despedidas, a chegada de uma criança portadora de deficiência, sendo tudo tratado de forma clara e ativa. Ainda se fala sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, sobre a LDB e do Referencial Curricular Para a Educação Infantil e as mais novas formulações da ciência sobre o desenvolvimento das crianças, sendo muito útil para ajudar os pais e profissionais a refletirem sobre o seu próprio fazer com as crianças.

O ambiente infantil deve ser planejado para facilitar o trabalho do educador de tal forma que satisfaça as necessidades das crianças, promovendo o seu desenvolvimento. A criança deve, por exemplo: poder tomar água sozinha; alcançar o interruptor de luz; utilizar móveis e peças de banheiro com altura adequada, tendo acesso fácil a toalhas, sabonetes e roupas; ter estantes e prateleiras abertas também com acesso fácil para poder ver e pegar os materiais. (ROSSETTI-FERREIRA, 2003, p. 155-156)

Tratando da importância e o porquê da necessidade do espaço físico no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, bem como as interações entre os educadores e as crianças nestes espaços oferecidos, assim exercendo uma influência positiva na educação destas. É fundamental que estes espaços sejam organizados para que se possam desenvolver as suas potencialidades trabalhando habilidades, sejam elas: motoras, cognitivas ou afetivas, fazendo assim do espaço um ambiente de possibilidades e não simplesmente um limite em suas ações.

O ambiente físico muito contribui para que a criança vivencie novas emoções e expresse melhor sua maneira de pensar, o modo como vive e a sua relação com o mundo, dando a ela a oportunidade de andar, subir, descer e pular, através de várias tentativas. Assim estará aprendendo a controlar o próprio corpo em um ambiente externo que estimule também seus sentidos, permitindo para que experimente e sinta o cheiro de flores, de alimentos sendo preparados, o vento, o calor do sol, o barulho da chuva, etc. E no ambiente interno as diferentes texturas: liso, áspero, duro, macio, quente, frio e outros.

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (1998, vol. 1, p. 21-22): “as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e re-significação”. As interações que ocorrem dentro dos espaços são de grande influência no desenvolvimento e aprendizagem da criança.

Sabendo que a aprendizagem da criança se faz através dos

estímulos que recebe no dia a dia, a creche como espaço construído para a criança deve ser explorado por ela própria em ambiente de interação numa relação de aprendizagem, troca de saberes, de prazer, de individualidades, de partilhas e diversão trazendo o conhecimento sempre de forma lúdica para um desenvolvimento de forma integral e permitindo a exploração de todas as suas potencialidades (motora, cognitiva, emocional).

Todos os espaços devem ser organizados de forma que possa facilitar também o trabalho do educador durante o seu cuidar e educar podendo este adequar as atividades ao espaço físico e realizando as atividades com segurança sem riscos a saúde física e mental.

A interação com as outras pessoas é o grande facilitador para que a criança construa sua linguagem e pensamento. São os educadores e a família que possuem função primordial e fundamental para a adaptação da criança na creche sendo que essa adaptação se faz necessário a cada remanejamento de turma e mudança de ano letivo, sendo este um constante processo.

De um modo geral a creche deve ser construída de forma planejada para que tenha espaços externo e interno suficientes para que possam contribuir para os movimentos corporais a fim de estimular os sentidos levando a promover a identidade de cada criança, não a excluindo de sua privacidade, as salas devem ter cores próprias, os banheiros e o refeitório devem ter espaços condizentes e estimulantes, em um mesmo espaço podemos ter ambientes diferentes, pois a semelhança entre eles não significa que sejam iguais, eles se definem com a relação que as pessoas constroem entre elas e o espaço organizado. Há necessidade de adaptação dos espaços para garantir a inclusão de crianças com necessidades especiais nas turmas regulares.

A LDB (Lei 9394/96) inclui a educação infantil como primeira etapa da educação básica e considera que as instituições de educação infantil gozam de autonomia (art. 15), é dentro deste contexto que o cuidar e o educar está relacionado como práticas interligadas e que permitem um desenvolvimento de forma integral a criança sendo a partir dessa interação que o educador deve dirigir suas práticas pedagógicas, e dessa forma contribuir para o desenvolvimento com um cuidar diferente onde se pensa antes de tudo na formação desta criança indefesa que esta pronta para aprender, mas aprender de forma lúdica isto é aprender brincando e sem responsabilidades porque criança não é adulto em miniatura, é apenas criança e deve sempre ser assim, tratada, cuidada e educada.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Referencial Curricular Para a Educação Infantil. Vol. 1. Brasília: MEC/SEI, 1998.

ROSSETTI-FERREIRA, Maria Clotilde et al. Os Fazeres na Educação Infantil. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2003. 199p.

Universidade Norte do Paraná. Curso Superior de Pedagogia: módulo 4. Londrina: UNOPAR,2008.166 p : il.