O INGRESSO DA CRIANÇA DE SEIS ANOS DE IDADE NA ESCOLA POR QUÊ?

Este texto vem mostrar as concordâncias e discordâncias em relação ao ensino fundamental de nove anos: Ou seja, a inclusão da criança obrigatoriamente a partir de seis anos na Escola Publica, e Porque, termos crianças com menos de sete anos na escola parece surpreender alguns professores e pais de alunos do ensino fundamental.

HÁ muitos anos que o Brasil tenta alfabetizar toda a sua população. E mesmo assim temos milhões de analfabetos. Como construir um futuro com justiça social se a média de escolaridade da população brasileira mal chega há seis anos. Seria muito melhor investir no que já temos ao invés de se dar esse passo.

É muito bom e necessário, aumentar legalmente, o tempo de escolaridade obrigatória e gratuita para todas as nossas crianças. Porque no Brasil somente os ricos tem direito a cultura desde que nascem, e freqüentam as melhores escolas onde se ensina a ler e escrever desde a pré-escola, é necessário que o pobre também tenha esse direito.

Aos seis anos a criança tem o direito de brincar, jogar e se expressar do seu próprio jeito ao invés de se preocupar com diversos exercícios aos qual nunca esteve acostumada antes.

Desde que a escola proporcione a criança um rico ambiente cultural, e tenha uma concepção ampla de alfabetização com livros e textos variados, dirigidos especialmente a sua faixa etária. E principalmente se houver professores capacitados e capazes de respeitar a forma de pensar, para juntos construírem o conhecimento.

A Lei nº. 11.274/06, sancionada em fevereiro, estendeu a duração do Ensino Fundamental de oito para nove anos. Com a medida – que alterou a Lei de Diretrizes e Bases (nº. 9.394/96) – a matrícula nessa etapa da Educação passa a ser obrigatória a partir dos seis anos de idade. Pela nova legislação, todos os estabelecimentos de ensino que antes ofereciam da 1ª a 8ª séries terão que se adaptar ao novo formato até 2010.

A progressiva democratização da educação infantil e do ensino fundamental gerou - como política - a inclusão recente das crianças de seis anos na escolaridade obrigatória. De certo modo, serve para aproximar a realidade já existente em alguns paises vizinhos.

O ensino fundamental passa a ter nove anos, no Brasil, e inclui obrigatoriamente as crianças de seis anos, o que já é feito em vários países e em alguns municípios brasileiros há muito tempo:

A inclusão de crianças de seis anos no ensino fundamental requer diálogo entre educação infantil e ensino fundamental, diálogo institucional e pedagógico, dentro da escola e entre as escolas, com alternativas curriculares claras.

O planejamento e o acompanhamento pelos professores que vão atuar na educação com as crianças de seis anos devem levar em conta a singularidade das ações infantis e o direito à brincadeira, à produção cultural, na educação infantil e no ensino fundamental. Isso significa que as crianças devem ser atendidas nas suas necessidades (a de aprender e a de brincar) e que tanto na educação Infantil quanto no ensino fundamental sejamos capazes de ver, entender e lidar com as crianças como crianças e não só como alunos.

Elas têm direito a condições oferecidas pelo Estado e pela sociedade que garantam o atendimento de suas necessidades básicas em outras esferas da vida econômica e social, favorecendo, mais que uma escola digna, uma vida digna.

Com o aumento de um ano no ensino fundamental a educação devera ter sua qualidade melhorada na preparação para enfrentar o que virá pela frente como às questões próprias da infância, como o brincar, a ludicidade, o letra mento.

A organização do tempo e do espaço nas escolas precisa ser revista e, nesse caso, isso é essencial para que essa série a mais forme um conjunto com as outras. O tempo da infância precisa ser mais bem compreendido. Hoje em dia, a maioria das crianças é tratada como criança na educação infantil, e passa a "aluna" quando chega ao ensino fundamental. Mas ela continua sendo criança e precisa ser tratada como tal.

Precisamos pensar em uma nova escola que possa garantira a educação com o direito de todos, mas não podemos nunca e jamais nos esquecer da inclusão social como principio.

Na adaptação para o Ensino Fundamental de nove anos, primeiramente as escolas devem considerar que as crianças de seis anos se distinguem das demais, sobretudo pela imaginação, curiosidade, movimento e desejo de aprender de forma lúdica. Por isso, devemos advertir que não se devem transferir para esse novo público os conteúdos e atividades da tradicional primeira série, para não provocar impactos negativos no processo de escolarização. Novos conteúdos e práticas adequadas à idade devem ser concebidos e usados instrumentos pedagógicos tais como jogos, danças, contos e brincadeiras espontâneas.

Deve ser recomendável que: jogos, danças, contos e brincadeiras espontâneas sejam usados como instrumentos pedagógicos. A necessidade também de que os educadores sejam capacitados a receberem esses novos alunos com seis anos, tendo a noção de suas potencialidades e limitações. A antecipação na escola é bem-vinda, desde que os professores conheçam o perfil da criança. Se o trabalho de educação dessas crianças for bem feito todos podemos sair ganhando desde que seus direitos sejam preservados.

Com a mudança, não só diretores e professores têm dúvidas, mas também os pais. Principalmente aqueles que têm filhos entrando no primeiro ano do Ensino Fundamental.

A criança com mais recursos estudou aos seis anos (e até mesmo antes) em uma boa pré-escola, e já começou a preparar sua entrada para o ensino fundamental. Esse é o principal motivo para defender a ampliação do ensino fundamental, mas é preciso tomar alguns cuidados, pois aos seis anos, a criança ainda aprende por meio de brincadeiras, de forma lúdica, e não deve ser jogada no sistema do ensino fundamental sem que isso seja levado em conta. Essa fase é favorável ao desenvolvimento cognitivo, em que a criança passa a ter mais facilidade para lidar com a linguagem, a escrita, a leitura e a interpretação. Ela também começa a entender os mecanismos das quatro operações matemáticas.

“Nesta idade a crianca está com uma condição psicolingüística muito favorável, mas o professor só poderá obter êxito se trabalhar de forma lúdica”.

Entretanto, apesar de todo o potencial para aprender, a criança aos seis anos ainda quer brincar. Não se pode simplesmente dizer a ela que o tempo de brincar acabou e começou o tempo de levar as coisas a serio, pois ela jamais vai entender por este lado.

Matricular uma criança de seis anos no ensino fundamental hoje é também expô-la, ainda mais cedo, a uma das maiores tragédias da nossa escola que é a repetência, pois não e preciso ser um especialista para saber que os efeitos da repetência de um estudante de sete anos em sua auto-estima são devastadores. Antecipar esta tragédia para mais cedo deve afetar ainda mais a auto-estima da criança.

Como educador, devemos refletir sobre os afazeres pedagógicos e buscarmos transformar aquilo que não esta de acordo com a necessidade escolar, aperfeiçoar o que acharmos necessário para que o ensino tenha uma opção de ser melhorado e compreendido de forma a trazer incentivo para um melhor aprendizado do aluno.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição de 1988.

SNYDERS, George. Alunos Felizes. Reflexão sobre a alegria na escola a partir de textos literários. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.

TEIXEIRA, Anísio. Bases para a elaboração de Planos de Educação destinados a aplicação dos fundos de Ensino, CFE, Documenta, Rio de Janeiro, nº. 2, Abril de 1962. Biblioteca Virtual Anísio Teixeira - Prossiga/CNPq.

Universidade Norte do Paraná.

Curso Superior de Pedagogia: módulo 2. Londrina: UNOPAR,2007.124 p. : il.