CONTEÚDOS: COMO SE APRENDE

Se pensarmos que por trás de toda e qualquer proposta metodológica se esconde uma concepção do valor, que se atribui ao ensino, isso significa dizer que existem diferentes conteúdos para se potencializar os fenômenos educativos. Em outras palavras, não é possível ensinar nada sem antes partir de uma ideia de como as aprendizagens se produzem.

Tratado, conceitualmente, como um termo que se relaciona direta e quase exclusivamente aos conhecimentos das matérias ou disciplinas clássicas, o conteúdo, no entanto, perpassa essa concepção quando utilizado na educação de formação integral, pois consegue abranger tudo aquilo que se tem para aprender, envolvendo, nesses casos, as capacidades, motora e afetiva, de relação interpessoal e de inserção social, além dos aspectos cognitivos.

Coll (1986) propôs um agrupamento de “novos conteúdos” que seriam: conceituais, procedimentais e atitudinais, cada um correspondendo a uma questão a ser resolvida:

• O que devemos saber?
• Como devemos fazer para saber?
• E, como seres humanos, o que devemos saber pode nos transformar?

Cada um desses conteúdos, a começar pelos conceituais, responde à primeira pergunta colocada pelo autor e que está relacionada com fatos (datas, nomes, códigos), bem como, com princípios que exigem compreensão, reflexão, análise, síntese, comparação, julgamento. Eles demandam atividades pedagógicas que desencadeiem um processo de construção pessoal e que privilegiem atividades experimentais e os conhecimentos prévios dos alunos.

Da mesma forma, os conteúdos procedimentais são aqueles que envolvem ações ordenadas com um fim, ou seja, direcionadas para a realização de um objetivo como, por exemplo: saltar, escrever com letra cursiva, desenhar, cozinhar, dirigir, pesquisar. Os conteúdos procedimentais podem ser chamados de regras, técnicas, métodos, ou habilidades.

Por fim, os conteúdos atitudinais que são aqueles que correspondem a valores, atitudes ou normas e que são produzidos a partir de um fim comum: cooperação, solidariedade, trabalho coletivo, respeito, ética.

Entretanto, nada disso poderá ser uma arma no combate à deficiência do ensino se não for colocado de forma apropriada, privilegiando, a todo custo, a prática pedagógica, que deverá estar sempre a favor da aprendizagem dos alunos. Para isso se faz necessário considerar a diversidade da sala de aula e, essa prática, ser intencional, planejada e não improvisada.

Ser avaliada continuamente, tendo como referência os objetivos definidos, e ancorar-se nas intervenções realizadas pelos professores, durante a realização das atividades propostas, leva, sem sombra de dúvidas, a favorecer a atividade intelectual dos alunos; esse, o objetivo maior da sua prática.



Fonte:
COLL, César e ELENA, Martín. Aprender Conteúdos & Desenvolver Capacidades. Ed. Artmed. 1986



 
Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 11/08/2011
Reeditado em 04/02/2012
Código do texto: T3154166
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