Apenas uma reflexão
* Este texto é um comentário, uma reflexão sobre o artigo da Professora Dalva Molina Mansano acerca do tema PROFESSORES/ SÍNDROME DE BURNOUT / DESCASO DAS AUTORIDADES COMPETENTES E DA SOCIEDADE.
Professora que sou, tenho, naturalmente marcas da profissão. Todas as profissões têm suas mazelas e todos os profissionais de todas as áreas sofrem injustiças. Você, Dalva Molina, é professora e tem um filho médico, uma filha e uma nora advogadas, logo pode facilmente acompanhar a luta diária de profissionais do Direito e da Medicina. Os médicos, por exemplo, realizam suas atividades em ambientes contaminados e traumatizantes. Entretanto, estejamos envolvidos em qualquer seara, tendemos a considerar o nosso problema incomensuravelmente maior, isto porque, assim diz a sabedoria popular, “cada um sabe onde lhe dói o calo”.
Graças a Deus tive o privilégio de trabalhar com adolescentes e ainda com eles haver aprendido muito para a vida. Alcancei melhores épocas nas salas de aula do Ensino Médio. Nas faculdades onde trabalhei também havia respeito e vontade de aprender, de crescer e de vencer.
Os tempos mudaram e agora, tanto há colegas nossos que se comportam diferentemente de profissionais do passado (isto não quer dizer que todos os profissionais, inclusive os mais jovens, estejam perdidos ou apodrecidos) quanto há um percentual de profissionais cujo comportamento foge à análises de quaisquer estudos da Psicologia. Entretanto, cumpre frisar, ainda temos boa gente e de aprimorada formação e capacitação em todas as áreas.
De nossa parte, continuemos tentando alternativas honrosas que solucionem situações críticas e que promovam a melhoria do cenário educacional, mesmo sendo difícil alcançar tais objetivos. Acredito, inclusive, que tudo é possível, até mesmo das pedras obter leite. Nós professores de corpo e alma; de espírito e mente, temos a certeza de que poderemos cultivar flores entre as rochas. Sempre tratei meus alunos amorosamente, carinhosamente e com segurança e equilíbrio. Obtive bons resultados. Acredito ainda que esse tipo de comportamento contribua para que seres humanos evoluam. Em troca da minha atitude os alunos me presentearam com o vigor da juventude e me proporcionaram experiência de vida e conhecimento de causa.
Esta palavra é também dirigida a outros que, porventura, leiam esta reflexão sobre a importante argumentação do seu texto acerca dos males que atingem os profissionais da educação. Sei que você, Dalva Molina Mansano, é uma professora amorosa e que, ao ministrar suas aulas, não apenas busca entulhar os seus alunos de conteúdo funcional, mas encarrega-se de compartilhar com eles lições de humanidade.
Fala-se tanto de Amor e eu desconfio muito e procuro saber que tipo de amor é este que só ama um. O Amor é amplo, total, irrestrito e acolhedor. O Amor foi a lição maior de Cristo que nos ensinou a dar a outra face à mão que golpeia, ensinou o perdão e a misericórdia; e se deixou sofrer e morrer por Amor. Ele nos legou uma das mais belas cenas narradas na Bíblia _ aquela onde, postado entre dois ladrões, teve a ternura infinita de perdoar e dizer: “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”.
Ah, professora Dalva Molina, tanta coisa estou dizendo que tenho consciência de haver me distanciado do tema proposto pelo seu artigo. Mas, isto não importa, importa mesmo é o Amor, este de que Jesus falou e deu exemplos inesquecíveis. Este sim, é Amor. Este o que temos que alardear nas escolas e no mundo. Este que cura e realiza milagres, conscientiza governantes e governados e constroi verdadeira cidadania. Um planejamento de políticas sociais sem essa atitude amorosa torna-se um amontoado de papeis que a próxima gestão incinerará.
Jesus foi também democrático, pois ensinou que poderíamos realizar milagres em Seu nome. Eu tenho toda a certeza disto. Não falo de fé, fé é algo vago em minha mente. Gosto da certeza e é esta a certeza que tenho, viva e indestrutível, experiencial. Tenho certeza de que os professores, os verdadeiramente professores, estão em muitas salas de aula, realizando o milagre da educação. O mesmo vale para os outros profissionais e setores. Entretanto, “muitos são os chamados e poucos os escolhidos”. Você é escolhida para lançar esta palavra que representa a angústia de uma classe que faz todas as outras classes e, que depois do milagre realizado, esta mesma classe perde para Barrabás. É a vida. Tudo bem, sigamos. Não somos mimosas vítimas, somos injustiçados. E a marca da injustiça gera doenças as mais perigosas, sejam físicas ou emocionais.