Será que o barbeiro tem razão?
Barbudo há quase duas semanas e sentindo os efeitos do frio de lascar aqui do sul, obriguei-me a ir numa barbearia. Nunca havia entrado numa. As lâminas grandes e afiadas sempre foram um temor para mim. Porém não foram elas que me incomodaram.
Sentei-me na cadeira, o barbeiro começou a passar espuma em meu rosto e, obviamente, começou a puxar assunto. “É casado? Quantos anos tem? Mora onde?” Quando veio a mais certeira das questões: “Qual sua profissão?” Respondi: “Sou professor”. E agora, passo a relatar a reação do profissional da lâmina.
“Bah! Se eu tivesse que escolher uma profissão, nunca seria professor, nem brigadiano. O governo não está nem aí para vocês, o salário é uma droga, as escolas estão caindo, os alunos não têm mais respeito por vocês...” e mais uma infinidade de coisas disse o senhor barbeiro, o qual só faltou falar: “Que pena de você”.
Ouvi meio calado a explanação dele e, vez que outra, concordava com algumas coisas. Na real, estava um pouco impossibilitado de falar, devido à espuma e às lâminas. Em síntese, saí, no mínimo, muito frustrado do recinto. Lá voltarei? Não sei.
Contando a colegas de trabalho, refleti: ele não tem razão? Ser professor não está se tornando (ou já se tornou) uma das piores profissões a se ter? Sou idiota por ser professor? Pois é, senhor barbeiro, as lições de vida ocorrem nos lugares mais inusitados...