EDUCAÇÃO: UM PROBLEMA ONTEM, HOJE E AMANHÃ?
Se afirmarmos, sob a nossa ótica e conhecimentos que a educação sempre se constituiu um problema, inconscientemente falamos as mesmas palavras de nossos antepassados (pais, avós, bisavós ou trisavós), já que somos descendentes de europeus, em grande parte.
Sabemos que as idéias liberais agitaram o mundo todo nos séculos XVIII e XIX, trazendo à tona fecunda reflexão sobre educação, muito tardiamente chegando até nós, talvez através das imigrações do século passado e geralmente transplantadas naqueles que aqui já viviam sem a devida reflexão a respeito de nossas condições sociais, políticas e econômicas.
Não se pode afirmar que a educação de nossas famílias partiu de nós próprios. Não, porque fomos educados através de um ideário positivista francês.
Até mesmo os dizeres da nossa bandeira “Ordem e Progresso”, representam nítida inspiração positivista.
Esta influência, no plano educacional da Primeira República teve efeitos passageiros, já que vários projetos sequer foram implantados.
Após a 1ª Grande Guerra, com a industrialização e urbanização formou-se a nova burguesia, que solicitou urgentemente o acesso à educação. Mas estes poucos segmentos apenas aspiravam a educação acadêmica e elitista, desprezando a formação técnica, considerada inferior.
Mas o nosso país não ficou determinado com este tipo de educação. Algumas décadas ficaram registradas como fortes influências para a abertura daquela escola que, ainda hoje, trabalhamos: a escola pública, visto que em 1932 foi publicado um Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, assinado por 26 educadores, que defendiam a educação obrigatória, pública, gratuita e leiga como um dever do Estado, a ser implantado em programa de âmbito nacional. Este documento critica o sistema dual (uma escola para os ricos e outra para os pobres), reivindicando a escola básica única.
Mas um neoliberalismo, transplantado aqui já na década de 70, iniciou influências em diversos setores do país, inclusive na educação.
Atualmente, percebem-se privatizações de empresas ou bancos, escolas públicas e particulares, e um retorno ao analfabetismo. Se fossemos analisar cada brasileiro trabalhador, diríamos que aquele índice preocupante de analfabetos (80%) da década de 20, estaria quase que semelhante com a deseducação do novo milênio.
Escolas técnicas estão reaparecendo, Ensino Médio de 20 anos atrás está perdendo forças, por que e para que?
Será que estes governos, que abrangem estranhamente assuntos tão díspares, esqueceram que criticidade e espírito lutador estão sendo retirados dos nossos jovens estudantes?
Se em 2009 a mais alta concentração de renda do mundo estava em nosso país, porque a miséria, a violência urbana, a infância abandonada e os crimes da corrupção (CPIs) que leva os serviços públicos ao colapso, estão acontecendo?
Onde está o nosso verdadeiro governante?
Se o neoliberalismo já é fonte de preocupações, por que continuar governando neste sistema?
Interrogações deste tipo não fazem parte apenas de meu eu, mas de todo aquele brasileiro insatisfeito com a realidade da qual faz parte e sempre pretendeu obter respostas.