Educação familiar
Educação familiar
Já é conhecida a velha retórica de que a educação liberta dos cadeados da ignorância, faz pensar, transforma o indivíduo e lhe dá autonomia para dirigir sua própria vida. Todavia, tenho cá minhas dúvidas se o caminho para a sociedade justa e fraterna que almejamos tem a educação como fator primordial. Refiro-me, naturalmente à educação proveniente da escola. Isso mesmo, aquela velha educação que nos faz ler e escrever, filosofar, pensar, crescer. Aquela educação ainda carente em nosso país. É esta a que me refiro no momento.
Porém, impossível ignorar que esta educação é uma das bases sociais, é verdade, mas investir apenas nela não nos trará o verdadeiro sucesso e a transformação social para melhor. Óbvio que teremos melhoria em vários segmentos se investirmos maciçamente nesta educação. Como professor considero justa e urgente a reivindicação dos professores a fim de que tenham melhores condições para o exercício do sagrado ato de ensinar. Com a educação escolar escolheremos governantes melhores, honestos e competentes para desempenhar as funções para que foram eleitos. Mas não coloquemos a salvação da lavoura apenas na educação escolar, como se educar, que fique bem claro aqui que falamos em educar na via aluno escola, fosse função somente do professor em sala de aula.
Educação é muito mais abrangente do que apenas transferir conhecimentos das diversas ciências. Educar é muito mais que isso e começa justamente na família. A propósito, quantas vezes participamos da vida escolar de nossos filhos? Quantas vezes perguntamos suas dificuldades e objetivos na escola? Será que conhecemos seus professores e participamos dos saberes transmitidos aos nossos filhos?
O que quero dizer com essa conversa? Quero chegar ao ponto de que a educação da escola será inútil se não vier acompanhada da educação familiar; da participação dos pais, do afeto oferecido à criança, do interesse dos pais pelo que vem aprendendo seus filhos. Não podemos ser deseducados quanto aos valores da família e aos sagrados laços que nos unem com aqueles que habitam conosco. Ignorar essa máxima é fazer com que o egoísmo ganhe espaço na sociedade. E quando desconhecemos a importância da educação familiar depositamos nossos deveres nos ombros dos professores que, convenhamos, têm os seus próprios filhos para educar.
É importante criar o hábito da família almoçar junta, conversar, trocar idéia, falar de suas alegrias e tristezas, frustrações e planos para o futuro. É imperioso que os familiares se conheçam, se amem, se compreendam e apertem cada vez mais esse laço chamado família. Isto podemos convencionar como uma das faces mais relevantes da educação: a valorização do instituto família.
Não podemos trocar atenção por presentes. Ou dar-lhes vídeo game e não participar da brincadeira. A educação familiar é aquela em que os pais voltam a ser crianças com os filhos e estabelecem laços de simpatia e afinidade com eles. Há pais, por exemplo, que ignoram que o filho não gosta de maionese. Outros tantos compram a camisa do Flamengo quando o filho é palmeirense roxo. Isto é uma total deseducação familiar, autêntico desprezo para com os filhos.
Enquanto relegarmos á família migalhas de nossa atenção não bastarão milhões investidos em educação, pois tudo continuará como esta, ou talvez um pouco mais inchado. De nada adianta filhos inchados de informação, mas carentes de amor e afeto, deseducados e ignorando o real significado da palavra família.