FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO
Este é um tema pouco comentado porém de grande importância para a educação brasileira, principalmente na região norte do Brasil. Segundo pesquisa realizada no ano de 2010 pela ONU (Organização das Nações Unidas) concluiu que a região Norte tem a pior avaliação educacional.
O professor, a principal pessoa que está ligada diretamente no papel do educar e transmitir o conhecimento, principalmente nos primeiros anos de vida onde a criança está em processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem. Dos 0 aos 5 anos é o processo em que a criança está adquirindo a linguagem: ouvindo, emitindo os primeiros sons, pronunciando as primeiras palavras.
Passado a idade superior a 5 anos de idade, e a criança persistir em apresentar problemas tais como: dificuldade em compreender, dificuldade na comunicação oral e escrita, diagnosticamos esta criança com “dificuldade de aprendizagem”, antigamente usávamos o termo distúrbios de aprendizagem.
Aí que entra a Fonoaudiologia - a área de conhecimento que tendo como base a lingüística, trabalha com aspectos relacionados à patologia da fala.
E o Fonoaudiólogo junto a equipe pedagógica devem manter uma parceria, orientando detectando e diagnosticando eventuais patologias relacionadas as áreas de comunicação como citadas acima.
É importante lembrar que o 1° ao 5° ano do ensino fundamental é raro haver um fonoaudiólogo diretamente nas escolas públicas, na maioria das vezes não existe o apoio fonoaudiológico junto à equipe pedagógica, que são de responsabilidade do nosso governo, principalmente na cidade de Manaus.
Onde somos pouco mais de 300 fonoaudiólogos devidamente registrados no conselho competente, e em muitas vezes nossa profissão passa despercebida por nossos governantes que desconhecem nossa área e não sabem o quanto somos importantes.
Em algumas ocasiões os próprios professores chegam a pensar que estamos fazendo o mesmo papel do “Pedagogo” chegando a ficarem irritados.
E quando detectamos que algo está errado com aquela criança ficam revoltados, achando que foram incapazes de ensinar. Isso tudo é uma questão de bom senso e educação, não estou citando todos, uma pequena parte destes profissionais infelizmente ainda possui este pensamento.
Por outro lado, há aqueles profissionais que buscam auxilio e orientação de um fonoaudiólogo. Os mesmos orientam os pais a buscarem tratamento para seus filhos, que muitas das vezes não procuram.
E os que procuram chegam a fazer duas ou três sessões por acharem “fácil” nosso trabalho.
Algumas vezes me deparei com situações em que colegas de profissão tiveram a infelicidade de ouvir pais falando verdadeiros absurdos, dizendo que nosso trabalho é simples, e que isso eles mesmos poderiam fazer em casa.
São fatos tristes como este, que cada vez mais nossa profissão vai perdendo seu valor e destaque no mercado de trabalho.
Até mesmo concursos públicos para preenchimento de vagas não só em hospitais, maternidades, creches, asilos, mas também em escolas e principalmente na rede pública de ensino.
Sempre são números muito baixos de vagas para o profissional Fonoaudiólogo. Deveria existir uma lei para que em todas as escolas houvesse um fonoaudiólogo junto à equipe pedagógica.
A co-parceria do professor com o fonoaudiólogo, mais do que nunca, tem que dedicar atenção e suporte ao sujeito que fala, à criança que atua, com o conhecimento do máximo de variáveis envolvidas na linguagem deste indivíduo. Esta parceria deve ser pautada nos vários estudos ou testes de linguagem, mas nunca permitir que uma teoria ou teste tenha mais valor do que a realidade, as expectativas do sujeito em si, que está integrado a uma gama de aspectos sócio-econômicos e culturais.
Paulo Henrique Oliveira
Manaus 04 de Julho de 2011