PALAVRA ESCRITA: ALIMENTO DO MEU ESPÍRITO

Sempre considerei a leitura o alimento predileto do meu espírito, da minha alma. Vejo-a como um instrumento de conscientização e libertação necessário a emancipação do ser humano na busca de sua plenitude.

Encontrei este alimento através de gibis que recebia de presente das minhas tias, professoras no passado, como eu, atualmente. O incentivo partiu delas. Por isso sempre acreditei que o fato de ser alfabetizado sem o dinheiro para a aquisição de obras não possui mera importância. Ao contrário, é muito importante, já que durante a recepção destes presentes, ocorreu o desenvolvimento do meu gosto pela leitura.

Diversos são os prazeres que se aproximam do ser humano: pintar, desenhar, colecionar, consumir, adquirir, dentre outros. Porém, o que se aproximou do meu espírito, lá na infância, foi a leitura. Ainda hoje ela se aproxima de uma forma ou outra. E nós duas somos fortes comparsas, já que uma sempre ajuda a outra quando uma delas menos espera. Por isso, guardo comigo as palavras de Paulo Freire: “Linguagem e realidade se prendem dinamicamente”.

É uma pena ser tão pequeno o número de seres humanos que reconhecem o valor do ato de escrever e ler a palavra escrita.

É uma pena, porque a palavra escrita traz refletida em si histórias do passado, experiências científicas, a forma geográfica do planeta e a biologia que o mesmo contém, além dos inúmeros segredos da física, da química e da matemática, acompanhada nestes três campos, pelos números.

Sempre considerei como professora de Língua Portuguesa, a leitura do adulto, sobretudo do pai ou da mãe, como uma espécie de transmissão de conteúdos que são considerados válidos e relevantes. Assim como a seleção dos livros (gibis no meu caso) pode representar, na realidade, a sensibilidade e os valores dos pais. E muito mais. Vejo-a como uma interação plena e exclusiva com a mãe ou o pai. E vice-versa, podendo ser esta vista como uma das razões pelas quais os adultos reservam-na para alguns momentos especiais do dia e os leva, às vezes, a desejar que a criança aprenda a ler sozinha o quanto antes.

Posso ver este item, no início da minha vida como leitora, como um dos que contribuíram com a abertura das portas para a leitura: não meus pais, mas minhas tias, professoras na época, queriam me ver lendo sozinha. Pois conseguiram.

“Re-lendo” estes momentos fundamentais da minha infância pelo gosto pela leitura, posso ver que a palavra escrita possui uma visão mágica. Visão que está refletida não apenas na gramática sob a qual a palavra está escrita, mas também na psique do escritor e na sua ótica para a realidade da qual faz parte.

Sem dúvida alguma, o domínio do código alfabético significa a passagem da consciência mágica para a consciência histórica. Significa o acionamento da capacitação de abstração que converte o homem em agente do seu próprio destino. Significa a chave para a sua inserção no terreno do conhecimento, libertando-o da ignorância, abrindo caminhos para que se torne sujeito da História.

Enfim, continuo aqui trilhando meu caminho juntamente com a História, porém temos como principal parceira a palavra. Vamos em frente! Quando encontrarmos você leitor, leitora, em nosso caminho talvez possamos refletir, em conjunto, o significado da palavra escrita e o quanto a mesma faz bem ao nosso espírito.

Ivonete Frasson
Enviado por Ivonete Frasson em 29/06/2011
Código do texto: T3064845
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