A ESCOLA NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

A ESCOLA NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO

Givaédina Moreira de Souza 1

Resumo:

Este artigo tem como objetivo apresentar as conseqüências das mudanças trazidas pela tecnologia, na educação e aponta os principais obstáculos encontrados na implementação da prática pedagógica nas unidades educacionais do Estado.

Haja vista que a escola e os profissionais de educação devem apropriar-se do conhecimento tecnológico, com base na capacitação continuada em serviço.

Palavras-Chaves:

Educação, informação, tecnologia, sociedade, competências e habilidades.

As mudanças na dinâmica das ralações sociais, decorrentes das inovações tecnológicas, da velocidade de informações comunicação e do avanço do conhecimento, que marcaram o final do século XX e o inicio do século XXI, levaram às novas necessidades e atitudes por parte dos profissionais de educação. A sociedade do conhecimento requer mentes que pensem e agem com autonomia para que possam desenvolver o pensamento, como sujeitos que tenham a capacidade de incorporar as diversas tecnologias e interpretar sua linguagem, além de distinguir como, quando e porque são importantes estes meios de informação e tecnologia na atualidade em que vivemos.

Percebe-se que a evolução tecnológica há muito tempo influencia tanto na leitura como na escrita e como diz Emília Ferreiro, ao discutir “A evolução da informática e os processos de leitura / escrita”.

A escola, sempre depositará de mudanças que ocorrem fora de suas fronteiras, deve pelo menos tomar consciência da defasagem entre o que ensina e o que se precisa fora de suas fronteiras. Não é possível que continue privilegiando a cópia - ofício de monges medievais – como protótipo de escrita, na época da xerox e cia.( Pátio, 1999, p.62).

Portanto, neste cenário da educação, constitui-se de grande importância à reconstrução do saber da Escola e a formação do educador numa dimensão interdisciplinar, contextualizada na diversidade tecnológica.

Estamos vivendo na era da Informação, esta foi iniciada na segunda metade do século XX, em poucos anos já revolucionou a sociedade nos aspectos políticos, sócio - econômicos, científicos e culturais. Ela se acumula e se modifica de maneira rápida e constante, exigindo profissionais capacitados para entender e utilizar as novas linguagens dos meios de comunicação eletrônicos e das tecnologias, de competências técnicas que conheçam, interpretem, utilizem, reflitem e dominem criticamente as tecnologias para não serem por ela dominados. Porque, em toda a história da humanidade, as tecnologias nasceram do e para o domínio de algum grupo social sobre o outro. Tendo como objetivo o acúmulo de informações, aumento de capital ou ampliação do poder.

Devido aos avanços tecnológicos e a informação no mundo contemporâneo, o conhecimento circula em complexas redes, sendo veiculado pelos meios de comunicação, como rádio, TV, computador e, sobretudo, pela internet. Que papel cabe à escola num contexto como esse? Aqui é interessante lembrar o que diz: DEMO (1991). pág. 36 “A escola não pode e não e deve ficar à margem do processo de tecnologização da sociedade”. Pois assim, ela poderá tornar-se defasada, desinteressante, alienada a não cumprir suas funções. A função dessa instituição de ensino deve ser de formar verdadeiros cidadãos e cidadãs, capazes de analisar o mundo tecnológico e construir opinião própria.

A escola deve utilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação - TIC como uma ferramenta que estimule a busca do conhecimento e da criatividade do aluno. Bem como a preparação de educadores para incorporá- los ao seu fazer profissional, de modo que os artefatos tecnológicos possam agregar valor às atividades escolares.

Em uma sociedade de conhecimento urge por uma nova escola, por um novo jeito de ensinar e de aprender. Dominar o uso de equipamentos e das novas tecnologias é necessário, mas não suficiente. Nessa direção, afirma um desses estudiosos:

Não se trata aqui apenas de usar a qualquer preço as tecnologias, mas acompanhar conscientemente e deliberadamente uma mudança de civilização que recoloca profundamente em causa as formas institucionais, as mentalidades e a cultura dos sistemas educativos tradicionais e notadamente os papéis de professor e aluno. (Lévy, 1999, p.172).

As profundas e rápidas mudanças que ocorrem no atual momento da civilização têm levado muitos profissionais de educação a experimentarem, com freqüência, insegurança por não terem competências e habilidades como o mundo tecnológico que nos cerca.

Segundo Manuel Castells, têm observado que a globalização marginalizou povos e países que têm sido excluídos das redes de informação, esta é uma das conseqüências das mudanças trazidas pela tecnologia na era da Informação. E de acordo os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), apenas 5% da população estão inseridos no mundo digital. A internet está criando um abismo entre os mais ricos e os mais pobres (Manuel Castells, 2000).

Ao discutir democratização de acesso ao computador, Almeida (1988) não se restringe ao falar só de manuseio do aparelho em si, sugere também que se definam papéis em cada envolvido no processo educativo, principalmente professores, utilize à informática de forma independente, mas com autocrítica e conhecimento. Nesse sentido, Almeida (1998, p.52), afirma que “como tarefa dos educadores, cumpre desenvolver uma pedagogia do uso crítico da informática na educação”.

Na escola, a informática pode contribuir para a democratização da aprendizagem de professores e alunos, pois através dos seus vários softwares e da Internet pode tornar os alunos e professores sujeitos da aprendizagem. E à medida que aproxima distâncias, permite a aprendizagem colaborativa e o acesso independente do espaço em que o usuário se encontra, ainda proporciona autonomia para essa democratização. Nesse caso, é visível uma absorção imposta ou inconsciente das tecnologias, na escola, principalmente das TIC. Por isso, Almeida (1998, p. 10) orienta para se “evitar a absorção acrítica” destas. Pois, o uso das TIC, dessa forma, não contribuiria para um ensino de qualidade. No mesmo sentido, Barbosa (et al. 2002, p.42) afirma que:

(...) o problema a ser considerado é precisamente o seguinte: estabelecer claramente qual deve ser o melhor caminho para introduzir de forma sistemática, organizada e efetiva, recursos da TIC como elementos facilitadores dos processos didático-pedagógicos da escola, buscando aprendizagens significativas e a melhoria dos indicadores de desempenho do sistema educacional como um todo, onde as novas tecnologias sejam empregadas de forma natural e transparente.

A outra conseqüência é a escola repensar os meios e as formas de ensinar, ou seja, o seu jeito de fazer escola. Mas, uma escola que atenda às necessidades humanas.

A concepção das novas atribuições da educação e, conseqüentemente, da função social da escola tem sido bastante discutido, a Unesco (órgão da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) instituiu a Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, que veio a produzir um relatório no qual a educação é conhecida a partir de princípios que constituem os quatro pilares da educação: Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

A educação assim concebida indica uma função da escola voltada para a realização plena do ser humano, alcançado pela convivência e pela ação concreta, qualificada pelo conhecimento.

Rodrigues (1992) apud Sampaio (1999, p.47) afirma que a escola tem como função’’ preparar e elevar o indivíduo ao domínio dos instrumentos culturais, intelectuais, profissionais e políticos “(p.64).

Vale ressaltar que os profissionais de educação não estão vivenciando as novas formas de ensinar e aprender incorporando as tecnologias. Eles necessitam de serem alfabetizados tecnologicamente, ou seja, terem competências e habilidades no mundo tecnológico, não ministrar as aulas como há 20 ou 30 anos se ministrava, sem que conheçam outras estratégias, além da aula expositiva, sem que descobrem o correio eletrônico, sem que ensina a pesquisar na Internet, ou seja, um profissional que esteja apto a dominar o saber relativo às tecnologias, tanto em termos de valoração e conscientização de sua utilização, quanto em termos de conhecimentos técnicos utilizando de acordo à sua realidade.

Segundo o educador Fredic Litto, “A tecnologia não é a resposta para a educação”. Ela só vem para ajudar o educador a alcançar o objetivo; a tecnologia é uma ferramenta de trabalho a ser utilizada, não a solução.

Hoje estar integrado às novas tecnologias não basta. É mister saber aplicá-las a pratica pedagógica e que todos profissionais de educação tenham capacitação continua atualizada e inovadora. Para que a escola possa responder as demandas da sociedade do conhecimento, onde as mudanças são constantes e as informações estão ao alcance de todos, de forma rápida.

Hoje, o papel da escola deverá ser o de desmistificar a linguagem tecnológica e incitar seus alunos no domínio do seu manuseio para interpretar e criar novas formas de conhecimento.

Neste contexto, fica claro que a sociedade do futuro não é diferente da atual, pois a construção de ambas é vista como a responsabilidade da sociedade civil e instituições como um todo, que por sua vez, envolve alunos e professores movidos consciente ou inconscientemente pelo mesmo desejo; vivenciarem juntos a democracia em todo o âmbito social.

Sendo assim, se todos os profissionais da educação e alunos tiverem acesso á aprendizagem informática e condições de desenvolverem um trabalho interdisciplinar dentro de uma escola que concretize o planejamento participativo, poderá democratizar a aprendizagem entre todos os envolvidos no processo ensino – aprendizagem interligados ao uso das TIC e acontecer, finalmente, a tão esperada contextualização voltada para a modernidade do cidadão e da cidadã do mundo atual.

Portanto, a escola que assim seguir estará assegurando a melhoria da qualidade na construção do conhecimento, integrando – se a era do conhecimento.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. MEC.SEF. Tecnologias da Comunicação e informação. In: Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos no ensino Fundamental. Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais (5ª parte). Brasília: MEC /SEF, 1998, p. 133 – 137.

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. 3. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1999. Coleção A era da Informação – economia, sociedade e cultura, V. 1.

LEVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência. Rio de Janeiro. Ed. 34, 1993.

PATIO, revista Pedagógica. Para que serve a Escola? , ano 1, n 3, nov. 1999.

SAMPAIO, Marisa Narcizo & LEITE, Lígia Silva. Alfabetização Tecnológica do Professor. Petrópolis, RJ: vozes, 1999.

1. Especialista em Administração e Supervisão Escolar, pela Faculdade Integradas de Amparo – SP; em Gestão Escolar pela Universidade Federal da Bahia (UFBA); Pedagoga e Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); Gestora do Colégio Estadual Antônio Geraldo, Professora Formadora do Programa do MEC-PROINFANTIL na área temática de Vida e Natureza.

Givaédina Souza
Enviado por Givaédina Souza em 26/06/2011
Reeditado em 26/06/2011
Código do texto: T3059045
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