O VALOR SOCIAL DA LEITURA

Não obstante todas as restrições e críticas feitas à escola brasileira esclareceu-se que ela ainda se mantém como a principal agência para a aprendizagem e vivência do modo escrito de comunicação e, portanto, da leitura. A rede escolar, bem ou mal acabada, reprodutora ou não, com ou sem condições ideais, etc., ainda permanece sendo o local onde o ensino do ato de ler e escrever é possível de ser concretizado. Por outro lado, a grande parcela dos educadores nacionais e mesmo a sociedade como um todo, já perceberam a real situação desse ensino e iniciaram um movimento de luta em prol da modificação das circunstâncias.

Não gostaria que as finalidades da leitura fossem pré-determinadas pela política educacional em vigor, mas como a escola não é, e raramente foi um organismo independente da sociedade, ela trabalha sim, dentro desta política formulada segundo a ideologia da tecnocracia, concedendo-nos a liberdade de ver e sentir as suas conseqüências na área da leitura: discriminação (uns leem, outros não), falseamento dos conteúdos inseridos nos livros, mediocridade (não questionamento dos conteúdos), submissão ao texto-juiz, recepção mecânica e não significativa, etc.

Nas pesquisas com mestres e alunos se pôde constatar que os textos trabalhados, tanto na Língua Portuguesa, como na literatura em si, não oferecem aos educandos a oportunidade de pesquisar partes consideradas importantes, nem mesmo de criticar ou transformar os textos oferecidos.

Mesmo assim, nossos mestres vêm tentando inserir em seus educandos o espírito crítico, realista e transformador, mas, antes de tudo, o seu amor (de mestre) pela leitura, o que já lhe serve de incentivo.

Atualmente a estimulação sociocultural para a leitura ocorre primordialmente dentro do espaço da escola, pois se acredita que os educadores têm feito muitas reflexões sobre esse espaço e, na medida do possível, conseguem transformar diversos aspectos da prática pedagógica, repensando o teor político e técnico do seu trabalho.

Tentam caracterizar o ato de ler como sendo um instrumento de conscientização e libertação, necessário à emancipação do homem na busca incessante de sua plenitude. Procuram também deixar claro que a criança já nasce com um potencial físico e psíquico para ler o mundo e quaisquer símbolos que expressam a cultura; a transformação dessa criança em “leitor” depende do conjunto de estímulos socioambientais ao qual ela responde e com o qual ela se identifica no transcorrer da sua vida. Esta fundamentação serve de base para o delineamento de caminhos que são colocados em discussão nos seguintes termos:

- Recupera-se o valor social da leitura quando a definição de suas funções for revista, principalmente no âmbito da família e da escola. Assim, há de se superar algumas formas estabelecidas de conceber a leitura, tão notadamente presentes em nossa sociedade, que a transformam num mecanismo de discriminação (evasão e repetência escolar), evasão da realidade (literatura como escapismo), isolamento intelectual (trabalho desvinculado da prática), autoritarismo, etc.

Nas entrelinhas destas críticas, busca-se mostrar que os objetos de leitura, principalmente o livro, passam por um processo de “obscurecimento intencional”. Mais especificamente, as circunstâncias que deveriam promover o livro tornam-se cada vez mais drásticas, fazendo com que o acesso fique cada vez mais difícil. Ausentar o estímulo (livro) do mundo vivido pelas pessoas, significa retirar a possibilidade delas executarem uma resposta (ter o livro), isto é, movimentarem a consciência para o objeto. O livro é o objeto que se faz necessário, atualmente, para que o homem recupere os valores que se encontram escondidos ou perdidos entremeio aos desajustes de sua personalidade devido à realidade social em que estiver inserido. Não custa tentar ler um bom livro. Experimente. Depois você me conta o que lhe aconteceu!

Ivonete Frasson
Enviado por Ivonete Frasson em 25/06/2011
Reeditado em 26/06/2011
Código do texto: T3057102
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