Como o conceito de variação linguistica é apresentado pelos PCN

O ensino de Língua Portuguesa sempre foi concretizado a partir de regras impostas pela sociedade através da gramática prescritiva, a qual tem como “errada” a variação que se diferencia da norma culta. Neste contexto, vejamos o que nos diz os PCNs:

“A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja , saber adequar o registro as diferentes situações comunicativas (...) é saber, portanto, quais variedades e registro da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige”.(BRASIL, MEC-SEF,1997, p.31)

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, dominar a língua é um grande passo do educando para que ele possa ter uma participação social plena e concreta, já que é através dela que o ser humano pode expressar suas opiniões e defender suas idéias, construindo, a partir daí, uma visão de mundo justa e consciente, para enfim, produzir o seu conhecimento. O sistema educacional tendo como objetivo principal uma educação democrática e social, bem como cultural, tem por responsabilidade proporcionar a todos os seus educandos o acesso real aos saberes lingüísticos necessários aos mesmos para que possam exercer sua cidadania, já que esta é um direito inalienável de todos.

Com todas as mudanças que aconteceram nas últimas décadas no ensino de Língua Portuguesa, depois de anos de discussões nas universidades brasileiras, podemos observar que há hoje um enorme interesse em discutir e priorizar os objetivos desse ensino e, que as propostas dos documentos oficiais de ensino também vêm passando por mudanças, tentando se aproximar dos estudos mais inovadores sobre a prática de ensino da língua e sobre suas variações.

Porém, o que podemos observar é que, na realidade ainda há algumas falhas nestes documentos e que isso traz algumas consequências à prática docente.

Os PCN’s estabelecem uma visão variacionista da língua, propondo que o texto seja adotado como uma unidade básica de reflexão da língua nas séries do Ensino Fundamental, reconhecendo a variação lingüística como algo inerente à língua, o que podemos observar ser um grande avanço. Ele entende a variação como um fenômeno associado a valores sociais e que, cabe aos professores e à escola como um todo cuidar para que não se possa existir, muito menos se produzir o preconceito linguístico.

Para o referido documento, o que deve ser trabalhado é a competência comunicativa, onde o aluno seja capaz de interagir com os outros apesar de suas diferenças lingüísticas. Vejamos o que os documentos dizem a respeito:

“A questão não é falar certo ou errado, mas saber qual forma de fala utilizar, considerando as características do contexto de comunicação, ou seja , saber adequar o registro as diferentes situações comunicativas (...) é saber, portanto, quais variedades e registro da língua oral são pertinentes em função da intenção comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem o texto se dirige”.(BRASIL, MEC-SEF,1997, p.31)

Mesmo adotando uma visão inovadora sobre a variação linguística, o que se observa é que tal questão é abordada de maneira superficial, quando se trata da maneira como o professor deve trabalhar isso em sala de aula, ficando o mesmo, muitas vezes, sem saber como unir teoria à prática, e sem saber como desenvolver no aluno a capacidade de adequar o seu registro dependendo da situação. Dessa forma, muitos professores, talvez por falta até mesmo de experiência, são levados a não realizar o seu trabalho de acordo com as propostas dos PCN’s.

A partir de pesquisas realizadas, é visível que as discussões acerca da linguagem não acontecem de hoje, mas há bastante tempo. Principalmente no que tange à variação, uma vez que muito se tem falado para não priorizar a norma culta, porém, em nossas escolas, tal fato ainda é uma realidade constante, como também nos Livros Didáticos.

De acordo com os PCN's, é responsabilidade da escola proporcionar os diversos saberes lingüísticos aos seus alunos, porém na prática o que se vê são aulas voltadas para a super valorização da norma culta. É claro que a mesma deve ser estudada, mas não de forma superior as demais, como também os educadores precisam ter a formação adequada para fazer as devidas intervenções quando necessário.

É importante ressaltar que a lingüística defende o trabalho com a variação lingüística, porém a escola deve oferecer os diversos saberes lingüísticos e orientar aos seus alunos a ocasião em que cada uma pode e deve ser utilizada, já que a lingüística prima pela adequação da variedade às situações comunicativas, pois dessa forma conseqüentemente estará respeitando a cultura dos educandos e fazendo com que eles não sejam discriminados por sua forma de falar.

Também é de fundamental importância construir uma maneira adequada de como se trabalhar a variação lingüística em sala de aula, uma questão que já está bastante fundamentada teoricamente, porém que necessita ser posta em prática para que os objetivos do ensino da Língua sejam cumpridos, diminuindo a presença do preconceito linguístico e desenvolvendo no aluno a competência comunicativa em seus diferentes contextos discursivos.

REFERÊNCIAS

VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA: OS TEXTOS DO SABER E A PRÁTICA DOS PROFESSORES Dilian da Rocha Cordeiro – PCR.Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/32ra/arquivos/.../GT10-5881--Int.pdf >Acessado em: 22/05/2010.

BRASIL. SEF/MEC. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa. Brasília, 1997.