A LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: SERIA O MELHOR MÉTODO PARA CRIARMOS FUTUROS CIDADÃOS INTELECTUALIZADOS?
RESUMO:
O presente trabalho tem como objetivo analisar as teorias vygostkyana e piagetiana de conduta infantil, para que a partir da análise consigamos entender como melhor organizar métodos para trabalhar a literatura como instrumento de alfabetização, uma vez que falta na grade escolar uma disciplina específica em literatura infantil. Se for olharmos para métodos populares como: cantigas de ninar, representações de personagens (pelos pais), o contar de histórias na hora de dormir, nota-se a presença da literatura, de uma forma indireta, desde o período natal até a alfabetização na escola. Portanto se no período de alfabetização estas maneiras continuarem sendo abordadas, de formas sucintas, e nas séries iniciais ter uma disciplina propriamente dita, o aluno terá um interesse a mais pela literatura sem dúvida alguma. Todos os livros que abordam a teoria da literatura infantil como objeto de estudo, tornam-se complexos quando ainda pergunta-se se a literatura infantil, é apenas um instrumento pedagógico, ou pode ser considerada uma arte literária. Então, ancorando-se nos pressupostos teóricos de GREGORIM FILHO (2009), COELHO (2010), os quais nos fazem jus usarmos aqui, uma vez que ambos os autores tratam do uso e teorias sobre a literatura infantil, e nos estudos desenvolvidos por MARTINS (2009), no que diz respeito à oralidade, escrita e papéis sociais na infância, buscaremos reforçar o campo analítico, buscando respostas as várias perguntas que permeiam este campo, sendo assim os resultados obtidos com este trabalho é ressaltar aos educadores, a importância da literatura, se, desde cedo, primeiro de forma indireta, e conseqüentemente diretamente, pelos professores e educadores, influenciassem e reorganizasse o aprendizado da literatura, incentivando a criança a chegar a um patamar intelectualmente invejável.
Palavras - chave: Literatura Infantil, alfabetização, sociedade, intelectualidade.
1 - INTRODUÇÃO
Este trabalho parte de um tema dado no vestibular 2010 da UEMS no que diz respeito à intelectualidade do futuro, assim este projeto versará em analisar os métodos mais comuns de educação para que possamos encontrar uma solução para os problemas que preocupam o meio acadêmico, decorrente de diversos fatores, dentre eles, a falta de sustentabilidade nas disciplinas escolares que de certa forma influenciariam os futuros pais e futuros alunos a vir para escola com uma concepção mais abrangente sobre o universo intelectual literário, pois, se uma mãe, escuta ainda quando está no período gestacional “bondes do tigrão”, “éguinhas mijoleta”, e outras do gênero, segundo MARTINS (2009):
“Notemos, sempre, que, se há a valorização desse fluxo natural, dessa força vital que a criança detém desde que nasce, há também, e em igual medida, a valorização da educação, como forma de conduzir ou de reconduzir a criança a seu processo natural de desenvolvimento. A educação nesse caso não é aquelas das regras impostas do exterior. Trata-se, em vez disso, de toda uma ambientação favorável ao desenvolvimento infantil” (MARTINS, 2009, p. 22).
Ao invés das futuras mães ficarem presas ao mundo massificado e globalizado de hoje, no período gestacional ouvisse uma música erudita, assistissem a um teatro clássico ou a um filme épico, além da criança já nascer propensa à calmaria, ela já participaria de uma cultura homogênea, que nunca se misturaria à massificação cultural de agora, que caminha desenfreadamente a uma elitização da nossa cultura dantes popular. A nossa preocupação aqui transposta não é aleatória, visto que:
“Essas observações devem nos situar diante da íntima relação entre a literatura infanto-juvenil e as preocupações pedagógico-moralizantes oriundas da necessidade da classe burguesa, no século XVIII, de sedimentar seus valores utilitaristas a partir da infância” (KHÉDE, 1986, p.5).
Então cabe a nós, o desejo de compreender os métodos pedagógicos que de certo modo inserem o conhecimento prévio literário na educação das crianças. Uma vez que se formos atribuir aos métodos uma categoria, podemos ficar convictos de que a tese de que as crianças têm contato com a literatura desde a sua gestação, período neonatal, recém-nascido, período de lactação, e períodos posteriores, até o momento de aquisição escolar com ajuda da pedagogia e outros métodos, chegando a atingir como resultado da sublimação de dados sociais, que, de um lado, fazem dela expressão de uma sociedade cultural, estamos certos, pois além do contato com músicas, cantigas de ninar, histórias infantis e outros do gênero, ou até mesmo a representação que os pais fazem na hora de convencer a criança a comer, beber leite, etc.
Fica ai a hipótese do contato indireto com a literatura, neste caso a música e a dramaturgia. Sendo assim, este trabalho remete, antes de tudo, compreender através de teóricos que estudam a questão, como a música o teatro, a dança, enfim a arte literária faz parte da educação infantil. Pois se formos pelo lado do método piagetiano pelo que se sabe que segundo ele o desenvolvimento infantil se dá de forma natural. Já pelos métodos vygotskiano a instrução de um pedagogo ou letrado, pode às vezes, levar a criança a evoluir mais rápido do que de forma natural.
O que resta a nós fazer, estudantes de diversas áreas pedagógicas, saber qual o melhor meio para infiltrar o conhecimento literário na educação infantil, pois a falta de aulas especializadas de literatura infantil decorre do falacioso argumento de que no ensino fundamental as crianças estão precoces para o aprendizado de literatura. Esta afirmação pode não estar coerente, uma vez que, se desde as séries iniciais, as crianças já mantivessem um aprendizado voltado para a alfabetização juntamente com a literatura, nesse caso a infantil, seria mais fácil. Sendo que:
“A contribuição da teoria de Piaget (1975) para o entendimento do papel da criança na construção do seu conhecimento é inegável. Para conhecer os objetos que a cercam, a criança deve agir sobre eles, transformando-os ate chegar a compreende-los. Essa apropriação das coisas do mundo resulta, portanto, da própria atividade da criança. Ela se apossa do que abstrai das suas experiências e aumenta o seu conhecimento. Acontece que os objetos também influenciam as ações da criança, modificando-as em virtude de características próprias. Na sua origem, portanto, o conhecimento não esta no meio construído, e tal construção decorre das interações entre a criança, de um lado, e os objetos do seu mundo, do outro. (SEBER, 2010, p. 06)
Se por um lado, atentarmos para o fato de que a literatura pode levar a uma intelectualidade diferenciada, podemos ter plena convicção de que o uso dela tornará elevado. Nesse viés, caminharemos, rumo a descobertas que possam auxiliar os educadores quando forem inserirem a literatura na educação infantil, nesse sentido, vale ressaltar que a nossa preocupação é também, em saber como se usa a literatura infantil nas séries iniciais. Sendo que para Antonio Candido (2008), em Literatura e sociedade, a literatura faz parte da civilização, sendo assim, ela é um instrumento da própria civilização. “Com efeito, todos sabemos que, a literatura como fenômeno de civilização, depende, para se constituir e caracterizar, do entrelaçamento de vários fatores sociais (CANDIDO, 2008, p.17).
2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Considerando que, “um texto literário é um conjunto de elementos lingüísticos artisticamente estruturados, que visa transmitir parcelas de significado da realidade”. (D’ONOFRIO, 1999, p. 77). Voltaremos à pesquisa para o lado de que textos literários são os principais agentes formadores de cidadãos intelectualizados. No que diz respeito à educação e alfabetização da criança, duas fontes teóricas, consideradas essenciais à educação infantil, nos iluminará nas veredas da pesquisa, sendo elas:
Jean Piaget: psicólogo suíço que desenvolveu a epistemologia construtivista, segundo a qual o desenvolvimento infantil se da de forma espontânea e adaptativa. Para ele as crianças são as construtoras ativas de seu conhecimento.
L.S Vygostsky: psicólogo russo pertencente à abordagem histórico-cultural. Vygostsky combateu parte da teorização piagetiana e defendeu o sociointeracionismo. Segundo ele, a instrução pode muitas vezes preceder e motivar o desenvolvimento, conduzindo a criança para o que ela ainda não consegue fazer. Em seu entender, com assistência, seja de pais ou professores, seja no trabalho conjunto com os colegas de classe, a criança consegue produzir e evoluir mais do que sozinha (MARTINS, 2009, p. 19).
Para que seja possível a abordagem crítica desses textos, valer-nos-emos do exercício da leitura e análise propriamente ditas ancoradas, em fundamentos teóricos básicos. Embora as formas de concepção dos educadores serem contraditórias, analisaremos ambas, para que a partir da análise consigamos entender como melhor organizar métodos para trabalhar a literatura como instrumento de alfabetização, pois sentimos que a carência de estudos sistematizados que divergem a prática literária na educação infantil de outros meios de alfabetização, leva-nos à um horizonte permeado de incógnitas sobre a utilização da literatura na formação da criança, embora sabemos que ela é pouco usada, pode trazer benefícios importantíssimos .
Para alguns teóricos: “É difícil falar da alfabetização evitando as posturas dominantes neste campo” (FERREIRO, 1993, p.09), mas o que propomos aqui é fazer um mapeamento do uso da literatura dentro da alfabetização. De um lado, neste trabalho, pretendemos mostrar: “Como o legado vygotskyano sintoniza-se com a função da obra literária para imprimir significados às primeiras experiências que a criança vivencia na escola” (MAIA, 2007, p.23).
Por outro lado, pela teoria de Jean Piaget: “É evidente que certos fatores hereditários condicionam o desenvolvimento intelectual” (PIAGET apud MUNARI, 2010 p. 27). Procuraremos neste trabalho saber qual seria o método correto para a abordagem da literatura infantil nas escolas. Para alguns teóricos específicos na área da literatura infantil, ainda existe questionamentos, embora a prática da literatura infantil ocorra na educação desde o século XIX, não se sabe ao certo o rumo que busca a vertente:
“Falar de Literatura infantil, é de certo modo, vincular determinado tipo de texto com as práticas pedagógicas que foram impondo na educação, buscando sistematização principalmente após a segunda metade do século XIX. Assim na maioria dos livros que buscam tratar do assunto, há o questionamento: a literatura infantil é apenas um instrumento pedagógico ou é literatura e, consequentemente arte?” (GREGORIM FILHO, 2009, p. 22).
Partiremos do conceito formado por teóricos, de que se a criança for influenciada na sua infância ela terá mais facilidade de adquirir conhecimento. Já para HOWARD (1984, p. 93) “sob a condição de não ter sofrido influências pré-natais nocivas, a criança terá consigo um interesse inextinguível pela pesquisa em todos os domínios da vida”, o que nos cabe salientar aqui, é que a literatura se torna natural no meio evolucionário da espécie, na medida em que, o adquirente convive com meios que a faça pensar e gostar do que ele vê e ouve obviamente seu gosto irá refletir em seu futuro, para isso é necessário usar de meios que possa fazer com que cresça o interesse no aluno, levando assim as escolas a ter medidas com que faça que os alunos se sintam aguçados com o gosto literário.
Esta prática pedagógica, chamada literatura, de acordo com COELHO (2010): “A literatura, em especial a infantil, tem uma tarefa fundamental a cumprir nesta sociedade em transformação: a de servir como agente de formação, seja no espontâneo convívio leitor/livro, seja no diálogo leitor/texto estimulado pela escola” (COELHO, 2010, p. 15). Fica por meio desta afirmação de Nelly Novaes Coelho, condicionada as teorias que nos nortearão na pesquisa proposta, pois resta somente a nós, pesquisadores, descobrir por que meio, e como, a prática da literatura esta inserida (ou podemos inserir) no período anterior e posterior à alfabetização das crianças.
3 - JUSTIFICATIVA
Assim, este trabalho justifica-se porque se funda no estudo de problemas atuais, figurativizados em assuntos que serão sempre atuais e de temática universal, constituindo-se como uma aventura cognitiva que busca verificar como a realidade, no que se refere ao uso da literatura, é vivida no meio escolar, que de forma direta transforma crianças em verdadeiros cidadãos do futuro.
Através destas considerações, tentaremos propor uma metodologia de alfabetização e letramento usando especificamente a literatura infantil, com base no pensamento construtivista e progressista, de Piaget e Vygotsky respectivamente. Procurando entender por meio de análises, qual o método favorável para o aprendizado de literatura nas séries iniciais e no ensino fundamental e concedendo aos professores um suporte técnico e teórico, para o uso da literatura infantil como meio de alfabetização.
4 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CANDIDO, Antonio. Literatura e Sociedade. 10. Ed. revista pelo autor, Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2008.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: Teoria – análise – didática. São Paulo: Moderna, 2010.
D’ONOFRIO, Salvatore. Metodologia do trabalho intelectual. São Paulo: Atlas, 1999.
GREGORIM FILHO, José Nicolau. Literatura Infantil: Múltiplas linguagens na formação de leitores. São Paulo: Melhoramentos, 2009.
HOWARD, Walter. A música e a criança. Trad. Norberto Abreu e Silva Neto. São Paulo: Summus editorial, 1987.
KHÉDE, Sonia Salomão. Personagens da literatura infanto-juvenil. São Paulo: Ática, 1986.
MAIA, Joseane. Literatura na formação de leitores e professores. São Paulo: Paulinas, 2007.
MARTINS, Maria Silvia Cintra. Oralidade, escrita e papéis sociais na infância. Campinas: Mercado das Letras, 2009.
MUNARI, Alberto. Jean Piaget. Recife: Editora Massangana, 2010.
SEBER, Maria da Gloria. A escrita infantil: O caminho da construção. São Paulo: Editora Scipione, 2010.