EDUCAÇÃO SEM CONSCIÊNCIA DE VALORES

Democraticamente, nossa escola ou educação é de todos e para todos. Mas onde estão todos? Parte deste todo se encontra na escola, e parte desta parte não está na escola, somente. Esta parte estudante também é trabalhadora ou mantenedora dos custos diários de sua vivência na família. Estudantes que estudam lutando pela sua sobrevivência. E se trabalham diariamente pela sua sobrevivência, cansados em uma jornada de trabalho, será que conseguem aprender o ensinado?

Várias foram as vezes que, quando professora em exercício, durante o meu ato de ensino noturno, pude perceber educandos com olhos fechados ou cansados. A fadiga destes jovens estudantes trabalhadores tem me levado à análise freqüente da atual educação brasileira.

Se a educação historicamente tem se encarregado de formar pessoas para sua convivência com os demais como também para que se constituam fortes pilares na preservação daquilo que é considerado como bom e valioso, como se explica o ato daquele jovem estudante de Medicina (fato que aconteceu no pais, não recordo a data), que já na fase final de sua graduação, estudando o ser humano, feriu e matou seres humanos com arma de fogo? Se a sete anos vinha planejando tal ato, onde se instala a sua formação educacional? Vale lembrar também do fato que aconteceu em Realengo (RJ) também com um ex-aluno da escola.

Atualmente a sociedade humana assiste ao que universalmente tem sido reconhecido como certa “crise” ou “quebra” de valores; ou uma ruptura de certas escalas ou hierarquias de valores aceitas por muito tempo como estáveis e definitivas. E se uma sociedade rompe com os valores que mais se fazem necessários para sua vivência, como o amor, a solidariedade, a honestidade, o respeito, dentre tantos outros, creio já estar satisfeita com o presente e não pensar no futuro.

Se estes jovens, assim como tantos outros, planejaram um ato de homicídio nestes humanos, será que as suas escolas anteriores lhe ensinaram a conviver, a respeitar e amar os companheiros ou apenas lhes transmitiram e ensinaram saberes?

Creio já ser momento de a educação parar para pensar qual forma de trabalho está realizando com o ser humano. Pensar também que as normas, atitudes e valores morais constituem objetivos básicos no processo educativo das jovens gerações. Não esquecer que a globalização, a interdependência das nações, a agudização de contradições globais está afetando cada vez mais a existência do gênero humano. E que o avanço da tecnologia implica em um crescimento tecnológico nos países industrializados à custa de um atraso maior nos chamados países do Terceiro Mundo, anunciando o nascimento de um novo analfabetismo.

Para confirmar tal afirmação basta conviver com aqueles jovens trabalhadores do ensino noturno. Se os seus olhos fecham, cansados e desmotivados aos estudos, por um dia de trabalho, não significaria isto um avanço tecnológico em países industrializados, onde o Brasil não está situado e um austero nascimento do analfabetismo também em nossa pátria? Para onde estão sendo emitidos os mais altos valores econômicos deste país?

Até pouco tempo atrás, a educação não era problema para reflexão e resolução por governantes deste país. Porém, mudanças vêm acontecendo neste campo. Vamos esperar para analisar se as mesmas vieram para melhorar ou piorar.

Ivonete Frasson
Enviado por Ivonete Frasson em 31/05/2011
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