A PEDAGOGIA NO BRASIL
A PEDAGOGIA NO BRASIL
Todas as vezes que reflito a palavra “educação”, surge-me a figura daquele político educador, Paulo Freire, brasileiro, participante do Movimento de Cultura Popular (MCP) de Recife no início nos anos 60, exilado durante 14 anos no Chile e posteriormente cidadão do mundo.
Ao contrário do que se poderia supor de um exilado, continuou produzindo, levando a riqueza de sua produção ao Chile (antes da ditadura Pinochet) e fazendo este país merecedor de uma distinção da UNESCO, por ser um dos cinco países que mais contribuíram para superar o analfabetismo. Enquanto isso, na época, o governo militar brasileiro cria o Mobral (Movimento Brasileiro de Alfabetização) numa pretensa campanha nacional, cujos resultados negativos foram alarmantes. Isto porque o método de Freire foi utilizado de forma deformada, já que os militares consideravam tal método como sendo subversivo, oferecendo-o de forma avessa, impensável como simples técnica de alfabetização.
Atualmente, continua existindo o analfabetismo no Brasil, apesar do militarismo não mais existir, nem mesmo Paulo Freire.
Lutou-se para a reinstalação da república no Brasil e, em 1985, Tancredo Neves também deixa de existir sem sentir o sabor de um novo governo civil.
Há 25 anos o Brasil tornou-se mais gente que luta com liberdade, que fala o que sente, que sente o que fala e não mais sofre com desejos sufocados.
Hoje, o Brasil sofre apenas pela manipulação de governantes ex-exilados políticos e pelo egoísmo e insensatez que persistem no cérebro dos grandes empresários.
Se o regime político daqueles anos enrijeceu os movimentos populares, atualmente alguns movimentos tentam enrijecer o “suposto” governo civil. Apenas os motivos foram trocados.
Assim como se tentou um governo do povo, para o povo e conseguiu-se, hoje se busca uma forma de governo que realmente lute pelo povo e não apenas que o engane.
Se em 1995 atingimos o lamentável recorde da mais alta concentração de renda no mundo, a corrupção demonstrada nos serviços públicos nos deixou lúcidos os caminhos desta renda. Desvios para a saúde? Para a educação?
Se Paulo Freire estivesse aqui, talvez também fosse considerado um corrupto, por tanto lutar para que a educação não merecesse os (des)vios, mas apenas grandes e lúcidas vias em direção à democratização do ensino.
Será que o capitalismo persistente neste país estaria hoje reconhecendo a pedagogia de Freire, com ele presente?
Onde estão, atualmente, os verdadeiros pedagogos? Ocultos atrás deste sistema de governo em vigor ou enganados sob uma falsa pedagogia?