10% DO PIB JÁ

EDUCAÇÃO: A PONTA DO ICEBERG

O pronunciamento da professora Amanda Gurgel/RN diante da Assembléia Legislativa do RN durante a audiência pública sobre educação, visto por milhares de pessoas no YOU TUBE, foi muito importante para uma retomada das discussões em torno da educação no Brasil. Na verdade, não há nenhuma novidade no que a professora corajosamente colocou. A novidade mesmo foi o tom e a autoridade com que ela “desafiou” o sistema. Porque todos nós sabemos que as questões salariais são uma das pontas do iceberg do problema educacional no País, com muitos outros aspectos que também são críticos.

Salários aviltados temos em quase todas as categorias profissionais. E esse é um ponto importante a ser considerado, pois os salários espelham a valorização que as autoridades dão a uma determinada área. Impossível se comparar o salário de qualquer vereador, de qualquer cidade do país, com o salário dos professores da grande maioria dos estados da federação.

Os estados que melhor remuneram os professores são, pela ordem: Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo, com médias salariais de R$ 3.360,00, R$ 2.004,00 e R$ 1.879,00, aproximadamente. O Estado que pior remunera seus professores é o de Pernambuco. Mas, das 27 unidades federativas, 16 delas asseguram uma remuneração de seus professores da educação básica abaixo da média nacional.

Tenho a firme convicção de que a melhoria da qualidade da educação – pela qual o povo brasileiro inteiro anseia – passa, necessariamente, pela correspondente melhoria no salário dos professores. Muita gente acha que não. Eu digo sim. E as razões são por demais óbvias. É claro que um professor remunerado de maneira digna vai ter melhores condições de vida nos âmbitos de habitação, alimentação, vestuário, saúde, transporte, lazer e cultura, sem falar em outras dimensões importantes.

Pergunto: com o salário que recebe hoje, um professor pode ter o seu carro próprio? Pode ter computador? Pagar serviços de internet? Comprar livros todo o mês? Assinar revistas? É claro que não. E vem a outra pergunta: será que um professor mal remunerado consegue dar boas aulas? Não venham me falar em idealismo e nem tampouco em sacerdócio. O que precisa haver é reconhecimento da importância do papel do professor como formador de cidadãos críticos, de seres pensantes. E para isso ele precisa de ter as mínimas condições de acesso ao mundo da tecnologia, ao mundo dos livros e da cultura, dentre outras dimensões importantes para se firmar como cidadão atuante na sociedade.

É evidente que, além dos salários, outros aspectos importantes precisam também ser considerados: incentivo à progressão na carreira, valorização da formação profissional, equipamentos escolares – biblioteca, computadores, acesso à internet -, gestão democrática, projeto político-pedagógico, participação da família na vida escolar, dentre outros.

É claro que os investimentos nessa área precisam ser melhorados para que o País possa realizar o sonho da melhoria da qualidade da educação. Não é à toa que hoje, a partir da fala da professora Amanda Gurgel, diretamente aqui do Rio Grande do Norte para todo Brasil, se ouve um coro de brasileiros tuitando: 10% do PIB Já!!!!!

No fundo, no fundo, a questão da educação no Brasil não é meramente uma questão salarial: é uma questão de VERGONHA NA CARA!!! Falta um projeto político de educação para o País, a curto, a médio e a longo prazo. Qual será a face do nosso País daqui a 20 anos, sem um PROJETO EDUCACIONAL ABRANGENTE que comece HOJE? E, aqui entre nós, seria muito oportuno que COMEÇASSE exatamente refletindo no bolso dos professores da educação básica!!!

Mais uma vez: 10% do PIB Já!!!!!!!

José de Castro
Enviado por José de Castro em 23/05/2011
Código do texto: T2988519
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