A síndrome brasileira à negligência às normas e procedimentos
Somos um povo “terrivelmente” criativo, isto não deixa de ser observado por qualquer profissional estrangeiro que nos visite e conviva conosco uma semana, contudo chama a atenção também a nossa disposição para a inobservância às normas e procedimentos.
Vivemos o que chamo de síndrome de voluntariedade.
Achamos, sempre, que podemos resolver tudo sozinhos, à nossa maneira, desde projetos mais complexos até o jogo de futebol de casados e solteiros.
A grande vantagem de se estabelecer normas e procedimentos, nas nossas empresas, é que estas escravizam o trabalho, determinando a forma como este deve ser feito e por quem. Caso contrário, teremos debates todos os dias sobre incorreções de acordo com pontos vistas variados. Na rotina, escravizamos o trabalho ou este nos escraviza.
Empresa sem uma organização é conduzida pelo caos diário.
Como diz um amigo que trabalha com TI: ”as equipes de uma empresa sem normas e procedimentos, aceitos e observados, não encorpam.
Quando se sabe exatamente o que fazer e como fazer, as tarefas são realizadas com mais agilidade, com menos erros e com melhor comunicação. Isso reduz dúvidas e questionamentos, tornando as pessoas mais produtivas, reduzindo custos, desperdícios, com ganhos para todos.
A voluntariedade coloca em questão dois aspectos nas organizações: poder e autoridade.
Quem tem poder tem o governo e pode delegar autoridade a outra pessoa na organização.
Autoridade delegada permite que a pessoa que foi investida fiscalize e determine que as normas estabelecidas sejam cumpridas, portanto a quebra de autoridade não pode ser admitida sob o risco da não observância dos acordos firmados.
É muito comum encontrarmos empresas onde a palavra final é do comandante supremo da organização, de forma que nenhuma autoridade foi de fato delegada. Podemos observar então que há duas formas de gestão: por poder e por delegação, ou poderíamos chamá-las de centralizada e descentralizada.
A gestão por poder apresenta a tendência de inobservância às normas, pela própria dificuldade de uma única pessoa ou pequeno grupo observar todas as regras estabelecidas, e ainda pela pouca disposição dos comandados ao confronto.
A gestão por delegação permite que mais pessoas participem e questionem atitudes, provocando correções mais freqüentes às fugas aos acordos estabelecidos e definidos como normas e procedimentos da companhia.
Há a tendência da gestão pelo poder atender mais a interesses próprios que o coletivo, gerando desconforto na organização e descaso às normas pelos grupos que se sentem prejudicados e sem autoridade para agir. Na luta pelo poder, quem ganha passa a ser o responsável pelo atendimento às carências e isso poucas vezes é entendido corretamente.
A gestão pelo poder, regra geral, leva a debandada dos grandes talentos que buscam locais e empresas onde possam de fato ter suas competências observadas e reconhecidas
Normas e procedimentos, além de organizar a empresa, também a tornam mais transparente e criam canais de comunicação com menos ruídos, que facilitam a negociação entre áreas.
A natureza é o melhor exemplo, pois se repete de forma “aborrecida”, aperfeiçoando-se ao longo dos anos.
A falta de chuva, de uma boa adubação, de sementes de qualidade, de um bom terreno, certamente nos impedirá de colher safras interessantes. Cada elemento cumpre seu papel, com a autoridade que lhe cabe.
Por que seriam nossas empresas diferentes. Em tempo de ecologia, um exemplo para não ser negligenciado.
Há como questionar?
Ivan Postigo
Economista, Bacharel em contabilidade, pós-graduado em controladoria pela USP
Autor do livro: Por que não? Técnicas para estruturação de carreira na área de vendas
Free e-book: Prospecção de clientes e de oportunidades de negócios
Postigo Consultoria de Gestão Empresarial
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"Quando a sorte me procura ela sempre me encontra trabalhando“