EDUCAÇÃO EM PRIMEIRO LUGAR
Toda história é um fenômeno e nestes últimos 30 anos, a educação vem desenvolvendo em si este fenômeno, que somente poderá ser avaliado a algumas décadas futuras.
Nossos educadores não podem ser considerados anarquistas ou subversivos, mas sim, elementos de um grande processo de transformação que está acontecendo na sociedade atual, na qual eles estão inseridos. Não pretendem mais fazer parte daquela categoria de massa, manipulada pelas forças de esquerda e direita. Sua ação nesse processo tem sido registrada através das intensas lutas em prol de uma reeducação dos “poderosos” que, de uma forma ou outra preferem ainda aquela educação tradicional.
Preferem observar a educação apenas como uma seqüência de fatos ou de idéias, e resumi-la em uma mera cronologia.
A ausência de uma análise profunda destes fatos e idéias constitui aquilo que denominamos, assim como Paulo Freire, a classe dominante.
Será que nós, educadores, fomos educados por estes dominadores, ou por educadores incapazes de realizar conosco, que se constituía o seu campo de investigação e ação, ações conscientizadoras de educação que viessem contribuir à nossa inserção crítica no meio social em que agiríamos, futuramente?
A criticidade sempre existiu, mas foi golpeada desde 64. A história mostrou, em seguida, o fato desta época, mas não avaliou os prós e os contras deste golpe.
Vários segmentos culturais tentaram inserir a crítica em seu trabalho. A música, o cinema e o teatro daqueles anos 60 tentaram realizar sempre um trabalho crítico, mas lembro-me dos inúmeros “cortes” que conseguiram, através de uma verdade iluminada à população.
A escola que também sempre disse ser democrática estudou a história que a conduzia, mas nunca captou a verdadeira causalidade dos fatos históricos.
Aquela consciência semi-intransitiva que colocava o homem num plano mais vegetativo do que histórico, atualmente quer ver este homem comprometendo-se com a sua existência e fazendo a história na qual está inserido.
Mas esta consciência transitiva pela qual estamos passando ainda exige que não sejamos ingênuos, isto é, que não nos alimentemos de uma glorificação de glórias passadas, que não nos deixemos envolver pela emoção dos fatos e que não nos inclinemos ao fanatismo, o que poderá conceder susceptibilidade à manipulação; mas sim, que sejamos conscientemente críticos, ou seja, possuamos responsabilidade social e crítica, disposição de praticar o diálogo, de ser receptível ao novo sem rejeitar o velho e que compreendamos os fatos a partir dos seus princípios causais, das suas inter-relações.
Atualmente, a educação tem registrado ainda a presença daqueles educadores ingênuos e manipulados, mas tem lutado nestas últimas décadas ao resgate, não apenas do homem como um todo, mas também do educador em um processo de consciência crítica.
Esta luta transformista ainda prevalece. E continuará até o instante em que todo representante do nosso povo agir em conjunto com um único lema: “Educação em primeiro lugar!”