EDUCAÇÃO EM XEQUE.
A educação neste país não cansa de nos mandar recado. Se ela fosse gente e pudesse gritar nos diria: “salvem-me, salvem-me. Livrem-me de tanta incompetência”! Duvidam? Contra fatos não existem argumentos: o episódio de suspensão de um aluno da Escola Estadual Professora Armandina Marques, de Salvador. O motivo da suspensão é que um aluno de onze anos teria sido visto “fazendo um carinho na cabeça de um coleguinha”. Diante desse episódio, a vice-diretora da escola, por nome Magnólia Oliveira, suspendeu a criança e teve a pachorra de encaminhar um bilhete à mãe da criança. Como se não bastasse o teor preconceituoso e anti educacional, o bilhete é tudo que se pode não ler, principalmente “escrito” por uma professora Vice-Diretora de uma escola estadual. Leiamos: "O aluno R.P.S. está suspenso por dois dias por indecência, indisciplina e ouzadia (sic) com o colega. Não respeita seu colega, está dando motivos para não ser respeitado. Lhe perguntei: que ele prefere se o sexo feminino ou o masculino, pois o que ele fez foi muito feio. Veio para a escola a fim de bagunçar" (...). Diante dessa pérola, observe-se:
Aspectos lingüísticos:
a) A professora escreve “ouzadia” com “Z”;
b) Inicia um parágrafo com “Lhe”, contrariando regra básica da língua;
Aspectos morais:
a) A atitude da criança de “mexer” nos cabelos do colega não tem nada a ver com homossexualidade. A professora é que é preconceituosa;
b) Ao dizer ao garoto: “Meu filho, como é que você faz um negócio desses?”, está julgando e condenando a criança pelo seu livre direito de assim ser, ou seja, CRIANÇA. Julgando indevidamente um ato simples e isento de conotação sexual como tudo indica ser. Mesmo que houvesse conotação sexual, a postura não seria esta, com certeza!
c) A professora insistiu: “Meu filho, como é que você faz um negócio desses? Você gosta de homem ou de mulher”? “Você é uma criança". Aqui, ela julga e, equivocadamente, chama a atitude do garoto de “negócio”. Prossegue sua pérola perguntando se ele gosta de homem ou de mulher. Além da imprecisão do termo homem (afinal se trata de um menino), a pergunta jamais teria resposta da criança. O universo infantil tem referência imediata com as próprias crianças, não como os homens e mulheres adultos, exceto em situações específicas.
Outras considerações psicológicas e psicanalíticas acerca da atitude horrenda dessa que se diz professora, poderiam ser delineadas. Prefiro, neste momento, dizer que não queria estar no lugar dos pais. Mandar-lhes um recado: fiquem atentos a todos os movimentos dos seus filhos. Participem dos atos escolares, não só de reuniões de pais e mestres. Nestas, as coisas são pautadas com antecedência. Visitem as escolas dos seus filhos. Procurem conhecer melhor os professores dos seus filhos. Acima de tudo, orientem aos filhos para que tudo falem, contem, informem.
Pra concluir esse episódio negro da educação Baiana e brasileira, resta-nos perguntar. Afinal, perguntar não ofende:
a) Quem vai garantira pela estabilidade emocional do garoto em questão?
b) Quem vai, de fato, tomar providências enérgicas contra essa que se diz professora?
c) Onde anda a diretora da escola que deixou a vice tomando conta com tanta incompetência pedagógica?
d) Cadê a Secretaria de Educação que não se pronuncia sobre o caso com a devida importância que o caso requer?
e) Será que essa vice-diretora não faz parte da igreja do Edir Macedo ou do Silas Mala Feia?
f) Por que o pai do garoto não se pronuncia, mas apenas a sua mãe? Afinal, educação de filho não é de pai e de mãe?
g) A suspensão de dois dias de aula não é mais importante do que o ano todo de aula, considerando esse tipo de pedagogia praticado pela vice- diretora? Quem nos garante que não é o padrão adotado também pela Diretora?
h) Coloque sua indagação.
Um recado: professora Armandina Marques, vai pra casa! Já que você não sabe ser educadora, vá fazer outro ofício. Vá ser pastora de igreja pentecostal ou criar galinhas, patos, porcos e, no final do dia, observar se alguns deles faz carinho nos outros. Mas não valerá insinuar que são homossexuais, pois eles, certamente, se acham superiores a você, principalmente agora depois que a mídia lhe deu a dimensão exata do seu preconceito e certificar sua incompetência como educadora.