Erra-se sempre no “agá” quando se quer enquadrar as atividades de pessoas nos antigos modelos de gestão, quer no serviço público, quer no privado. No serviço público o RH ainda se mantém estático, embora com diversos nomes que um dia foram moda e outros que ainda permanecem na moda, ou no jargão do dia.

RH é uma denominação que se buscou num período em que os seres humanos não tinham a devida conotação de gente, mas de coisas, como se coisas fossem na lógica do tijolo, da areia, dos insumos todos de um empreendimento. Possivelmente nessa época, as pessoas de fato fossem vista sem muita importância, ou apenas como uma dependente variável apenas. Podemos refletir um pouco nesse contexto considerando o quanto carecemos de gente especializada em gestão de pessoas, notadamente no serviço público em seus diversos níveis de governo.

As ações de gestão de pessoas ainda hoje padecem de intrometimentos alheios aos seus processos, principalmente por se tratar de área meio das instituições. Como tal, sempre existirá alguém no topo do processo que se intrometerá ao seu bel prazer e em total descompasso com os indicadores técnicos das áreas. No viés da empresa privada, os donos se metem por questões óbvias, talvez ainda focadas na visão turva de que o dono é quem manda e quem não obedece vai pra rua.

“ERRE H” se faz sempre quando não se quer seriedade no processo de gestão do trabalho; sempre quando o humano fica em segundo plano ou quando em primeiro, mas num prisma secundário de decisão. “ERRE H” sempre se dá quando os principais instrumentos de união e diminuição das distancias interpessoais não são internalizados pelos principais gestores organizacionais; “ERRE H” acontece sempre que se quer tratar os iguais diferentemente e os diferentes igualmente; quando as atitudes gestoras desprezam o elemento surpresa que acomete a todos os seres humanos; quando não se cuida do cuidador da empresa deixando-o vulnerável nos seus processos de trabalhos exaustivos e proporcionadores de doenças diversas como o estresse, depressão, etc. “ERRE H” acontece sempre que se subestima a capacidade criativa dos servidores sufocando-a com atividades de menor importância com finalidades assediadoras. Finalmente, dentre outros fatores, “ERRE H” acontece quando as interferências políticas e de apadrinhados invadem o ato gerencial mesmo que de forma disfarçada.

RH como se coloca usualmente virou marca. Difícil entendê-la sem ser distintiva de atividades com pessoas nas organizações. Prefiro gestão do trabalho ou de pessoas, mas confesso que fica difícil modificar essa nomenclatura. Associo à força do “HR” a mesma força que não leva as pessoas ao entendimento da Enfermeira na forma como deve ser, ou seja, um profissional de nível superior. Muitas pessoas ainda acham que qualquer pessoa vestida de branco num hospital e que não seja médico é enfermeira. Às vezes se tenta consertar, mas piora: “fulana é enfermeira Ana Neri”. Tenta-se também consertar o RH como “RH +” e outros meio fraquinhos, mas de igual teor para modificar sem muita consistência.

Talvez o ponto central não esteja mesmo na nomenclatura, mas na pouca substância que a sociedade de consumo dá às pessoas no processo de organização do trabalho. Contudo são questões que permeiam o sucesso ou o fracasso das empresas. Quando públicas, dando errado, permanecem servindo mal a população como se o povo não se importasse; quando privadas, logo fecham, pois o capital investido não pode se multiplicar em passivos resultantes de empreendimentos fracassados.

“Gaiola bonita não dá de comer a canário” – dito popular que pode se adequar ao “ERRE H” posto que no serviço público as Diretorias, Gerências, etc., de RH que, quase sempre, são as piores no quesito “INSTALAÇÕES” físicas e de equipamentos para melhorar as qualidades de trabalho. “ACERTE H” toda vez que houver gente qualificada para trabalhar com gente e além: instalações e equipamentos modernos que justifiquem a visão da empresa em eleger as pessoas como investimento. Uma política de gestão do trabalho com foco nos indicadores e distantes das interferências políticas e fisiologismo de poderosos de plantão.