ESCOLA E FAMÍLIA
É em casa que a criança inicia a sua vida social, é ali que ela aprende a viver na coletividade e começa a reconhecer as diferenças e a individualidade. A criança começa a perceber que cada pessoa é de um jeito, tem a sua maneira de ser e de agir, tem suas responsabilidades e que cada uma tem um laço afetivo com ela, criança.
Quando essa criança vai para a escola, seu aprendizado continua e ela vai perceber que, embora as diferenças e a individualidade ainda existam, a relação com as pessoas torna-se diferente, o laço afetivo dá lugar ao convívio social.
A criança percebe que apesar de todos os esforços desenvolvidos para que ela “se sinta em casa”, a escola é totalmente diferente, e essa diferença irá se acentuando a cada ano, até que ela criança atinja a idade da razão.
Para que as mudanças ocorram em harmonia, a relação família-escola precisa ser caracterizada por uma parceria cujo princípio deve ser transformar as diferenças em um projeto comum, ou seja, família e escola devem assumir juntas o compromisso da educação da criança.
Essa parceria, que não é expressa por contrato ou acordo, prevê que em nenhum momento uma parte assume as responsabilidades da outra. Assim, a família não pode deixar por conta da escola suas obrigações de criação, formação de valores morais, fortalecimento de vínculos e estabelecimento de limites e nem a escola pode relegar à família suas atribuições de socializar a criança, preparar sua inclusão no mundo do trabalho e incorporá-la à vida adulta e à vida pública. Em outras palavras, compete à escola formar indivíduos produtivos e cidadãos capazes de viver em plenitude a cidadania. E em todo o processo, tanto família quanto escola têm o papel de uma dar continuidade ao trabalho iniciado pela outra.
A linha que divide essas atribuições é muito tênue e às vezes, por não conseguirem enxergar esse limite, família e escola criam um jogo de empurra muito prejudicial para a criança. Portanto, é primordial que os pais, primeiro: ao efetuarem a matrícula da criança, busquem conhecer a escola, seus métodos e seus projetos e depois: que participem ativamente da escola, principalmente através das “Reuniões de Pais e Professores”, de modo que fique bem definido qual é o papel da família e qual é o papel da escola, afinal, as duas têm a obrigação de educar, todavia, cada uma na sua área. As atribuições da escola complementam as da família e vice-versa.
A educação é um processo longo e o resultado desse processo, que se espera ser positivo, demora a aparecer. Por essa causa, é necessário que a avaliação dos resultados, por ambas as partes, seja constante, pois, se algo não está acontecendo de forma correta, há necessidade de uma interferência, o que só ocorre se tanto a família quanto a escola falarem a mesma língua.
Isso é muito importante para evitar que a criança identifique as fragilidades de cada lado e se torne oportunista. O oportunista, se percebe que em casa tudo é permitido, ele avança; se a escola impõe e pratica regras, ele acata e nunca vai ter a correta concepção do que é certo e do que é errado, agindo sempre nas lacunas encontradas.
Tanto a escola quanto a família precisam acostumar-se a exercitar valores nas atividades diárias; é a forma mais fácil de ensinar moral, ética e cidadania para as crianças. Para se viver em sociedade há necessidade de que se cumpram as regras, pois essas foram feitas para serem cumpridas, nunca violadas, e o melhor método de transferir isso para as crianças é através da convivência e a melhor forma de ensiná-las é pelo exemplo.
É lamentável que nós, mais velhos, acostumados que somos ao jeitinho brasileiro, acabemos por repassar isso às nossas crianças. Faz-se urgente uma mudança de atitude, pois somente formando indivíduos com sólidos conceitos de ética, moral e honra, estaremos construindo um Brasil novo. Até que nossas crianças sejam adultas há de demorar um pouco, mas se for dado o primeiro passo, muito já terá sido feito. E quanto mais cedo, melhor...