JUVENTUDE E INFORMAÇÃO
Embora o acesso à mídia seja cada vez mais fácil e simples, constata-se que muitos jovens continuam mal informados em relação aos acontecimentos do mundo e de seu ambiente existencial. Poucos jovens têm o hábito de ler jornais e se interessar pelos noticiários em rádios e televisão. Sem a curiosidade pelos acontecimentos os jovens não adquirem o suficiente saber para discernirem com espírito crítico sobre ideologias filosóficas, religiosas e políticas que os assediam.
Para o seu bem viver é fundamental que o ser humano tenha consciência do lugar que lhe compete na sociedade, e conheça os valores de verdade, justiça e solidariedade, fundamentos para uma vida digna. Quem na juventude não tiver assimilado estes valores, também permanecerá indiferente a eles na vida adulta. Por isto, pertence à formação da juventude uma adequada informação sobre os complicados entrelaçamentos dos problemas sociais. Não adianta muito sermos críticos em relação à vida dos jovens de hoje, pois, em geral, ela não passa do reflexo da vida dos adultos. Quando se constata o desprezo de muitos jovens por engajamento político, ou se constata a adesão de jovens a movimentos religiosos estranhos e fundamentalistas, ou a ideologias filosóficas alienantes isto nada mais revela do que a mesquinhez do modus vivendi, e da compreensão ideológica deficiente do mundo que predomina entre os adultos. É próprio da juventude desbravar trilhas novas. E, para isto, necessita de incentivos para a criatividade. A juventude, por assim dizer, sempre se encontra entre a acomodação e a revolta. Neste momento histórico há muitos sinais de acomodação e indiferença entre a juventude brasileira. Parece que, tanto os estudantes do grau médio como os estudantes universitários, estão imunizados frente à corrupção política, à violência que assola o país, às injustiças sociais, à miséria de grande parte da população, à deficiência no atendimento à saúde, e a tantos outros problemas que impedem milhões a terem uma vida digna mínima. Na última década aconteceu no Brasil um adesismo político/partidário das organizações estudantis e dos sindicatos que anestesiou o espírito crítico em relação aos poderes políticos e econômicos. Já não existe uma crítica que julga e avalia o que acontece de positivo, mas, ao mesmo tempo, não se conforma e acomoda ao que deveria ser diferente.
Mas, como conseguir que a juventude recupere a vitalidade que lhe é própria, construa valores e lute por ideais? Em primeiro lugar isto deveria acontecer através da educação: educação formal nas escolas e educação familiar. Mas, cadê a política em favor de estruturas familiares sólidas e responsáveis? E aqui aparece o terceiro poder educacional da juventude: a mídia, em todas as suas variantes. Talvez, hoje, os comunicadores sejam os mais significativos mediadores do modus vivendi e das concepções ideológicas da população de um país. Dali a necessidade de instruir a juventude, para que aprenda a filtrar criticamente a avalanche de informações a que tem acesso. E os próprios comunicadores deveriam estar muito mais conscientes de sua responsabilidade na proposta do sistema de vida e da cosmovisão de seus co-cidadãos.
Inácio Strieder é Professor de Filosofia- Recife-PE.