A FALÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR NO PAÍS

Na última década testemunhamos, aturdidos, o avanço desenfreado do número de instituições de ensino superior no Brasil. A priori a dinâmica desse movimento pode ser entendida como forma de superar as barreiras geográficas e socioeconômicas imposta pela distribuição dos centros acadêmicos que privilegiam regiões de maior densidade demográfica. Essa lógica apesar de ser comungada por grande parte da população não pode ser encarada como fator predominantemente positivo no processo de difusão do ensino para o interior do país.

Qualquer estudo nesse sentido deve antever dois justos meios antagônicos entre si nessa dinâmica moldada pelo raciocínio capitalista de gerência; refiro-me aqui ao fato de não ser proporcional a relação quantidade de educandários x qualidade do ensino ministrado pelos mesmos. Partindo desse pressuposto vemos nascer juntamente com a explosão quantitativa de faculdades uma centena de novos problemas provenientes do seu arcabouço organizacional e metodológico no tangente a seu papel institucional que pressupõe um mínimo qualitativo na formação profissional e humana dos acadêmicos sob sua tutela.

Inúmeras são as vertentes que a problemática supracitada pode suscitar, contudo compete-nos por agora e a grosso modo limita-las a uma linha que as restrinja nas de mais notoriedade e relevância. Assim apontaremos que na grande maioria essas instituições não cumprem minimamente sua missão social, uma vez que permutam sua ideologia e programática formacional pela lógica perversa do capitalismo que prevê: QUANTO MAIS ALUNOS = MAIS LUCRO é essa dinâmica que permeia a organização pragmática e constitucional de muitas novas instituições.

Não obstante podemos comprovar as alegações com a simples constatação de quão medíocres são os vestibulares promovidos por essas empresas de ensino, onde praticamente não existem reprovações e quando existem são apenas meramente figurativos, posto que necessitem preencher o limite de vagas oferecidas para prosseguir operando.

O problema tem seu cerne no ciclo vicioso que exponho abaixo que a meu ver é o real causador da falência da educação brasileira:

Ensino fundamental de baixa qualidade = ensino médio medíocre = faculdades que não podem exigir muito de sua clientela.

É essa conjuntura monstruosa que impõe o insucesso das instituições que se comportam meramente como empresas e administradoras do capital mola do capitalismo.

Gilmar Faustino
Enviado por Gilmar Faustino em 17/04/2011
Reeditado em 20/04/2011
Código do texto: T2914854