O OLHAR ATENTO
As práticas educativas e as relações cotidianas que se fazem presentes no dia-a-dia do aluno precisam estar em constante observação e afinadas entre si, porque a evasão escolar ou, em outras palavras, o abandono dos estudos que acontece em consequência das várias repetências, da violência, da indisciplina, da recusa em aprender, não leva esse aluno a descobrir uma disposição para a aprendizagem, pelo contrário, serve somente para confirmar o fracasso escolar e abrir precedentes para a identificação de sinais que inevitavelmente conduzirão a um possível diagnóstico de dificuldade de aprendizagem.
Caminhando nessa mesma direção, está a formação continuada do professor que também precisa estar afinada com um olhar particular e sensível voltado para cada aluno de per si. É necessário que o professor conheça particularmente cada aluno seu, pois nem tudo é cabível a todos e ensinar é também aprender com o aluno através da observação da sua maneira de se portar, de se relacionar, de compartilhar aquilo que já traz consigo, aquilo que já conhece, que vem de fora da sala de aula para somar-se à construção do conhecimento, até mesmo do próprio professor.
Aprender é muito mais que saber ler, escrever, somar, entretanto nem sempre esse aprendizado é valorizado pela escola, pelo professor e pela família. O olhar atento torna o professor apto a intervir beneficamente no aprender do aluno, favorecendo uma interação nas situações educativas.
Isso vai permitir que o professor aprenda a apropriar-se do subjetivo de seu aluno e a enriquecê-lo paralelamente ao conteúdo inerente ao processo ensino-aprendizagem. Da mesma forma que a educação inclusiva busca trazer para o convívio aqueles que estão fora, existe a educação includente que tem por finalidade descobrir valores latentes e transformá-los em realidade. É o segredo que só pode ser desvendado através do olhar atento do professor.
O processo ensino-aprendizagem fecha o círculo sempre que o professor se dispõe a aprender com o aluno. O que faz o aprendizado ser, ou não, bem sucedido, conta com muitas variáveis: o material didático, a escola, os livros, as carteiras e outros tantos responsáveis: o aluno, a família, o convívio social, a alimentação.
É nesse ambiente, que o educador adquire posição de destaque porque sua atitude contribui para que o aluno assuma posturas construtivas, determinado a querer aprender e conhecer sempre mais e alcançar novas conquistas.
O aluno, quando percebe que existe interesse pelo que ele é e pelo que ele sabe, passa a entender que o conhecimento adquirido tem o poder transformá-lo. Assim, o aluno se sente incentivado e o ensino-aprendizagem torna-se uma via de mão-dupla, onde ambos ensinam e ambos aprendem, onde o aprendizado contribui efetivamente para a melhoria das condições de vida do aluno e, também, para incentivar o educador a perseverar na sábia decisão de fazer diferença frente a tantas mesmices que podem ser observadas diariamente.
Na maioria das vezes é possível pensar que não existem mais chances de melhoria, de mudança, mas o aluno, quando percebido como pessoa que é, instigado com atenção, dedicação e incentivo para aquisição do saber, é a mola propulsora para a conquista de um mundo melhor. Um mundo onde as desigualdades possam ser suprimidas, onde as diferenças possam ser respeitadas, onde cada um esteja imbuído da sua parcela de responsabilidade com o crescimento do outro. Um mundo que cabe a cada um ajudar a construir.