Um Importante Tabuleiro de Xadrez: o psicológico e o cognitivo no mundo dos alunos de Educação de Jovens e Adultos(EJA)
Um Importante Tabuleiro de Xadrez: o psicológico e o cognitivo no mundo dos alunos de Educação de Jovens e Adultos (EJA)
Autora: Solange Gomes da Fonseca
O jogo de xadrez tem o poder de concentração, nível de instrução, memória visual, para não mencionar também o talento estratégico, a paciência, a coragem, e muitas outras faculdades. Se fosse possível ver o que se passa na cabeça de um enxadrista, iríamos descobrir um irrequieto mundo de sensações, imagens, movimentos, paixões e um panorama sempre mutante de estados de consciência. As nossas mais precisas descrições, comparadas às deles, não passam de esquemas grosseiramente simplificados. Daí o objetivo principal do texto é levar para sala de aula de EJA os conceitos básicos de um importante tabuleiro de xadrez para se trabalhar o psicológico e o cognitivo desses alunos, num clima de recreação e desinibição ao mundo do ensino /aprendizagem.
Atualmente há uma extensa literatura acerca da psicologia do xadrez. De fato, ele tem sido chamado de “drosophila” dos estudos da psicologia cognitiva e da inteligência artificial, porque representa o domínio em que o desempenho dos “experts” tem sido mais intensamente estudado e medido.
Embora, saibamos que a capacidade de memorizar não é, por si só, responsável por essa habilidade, uma vez que mestres e noviços, quando confrontados com aleatórios arranjos de peças de xadrez, num tabuleiro de importante atuação dos alunos de EJA ao mundo psicológico e cognitivo do seu “eu” interiorizado, traziam recordações equivalentes do mesmo. Mas, ao contrário foi à capacidade de reconhecer padrões, que são então memorizados os que distinguiram os jogadores qualificados dos noviços.
Ao serem retiradas as posições das peças de um jogo real, os mestres tiveram quase que total memória de suas posições originais. Metaforicamente, transferimos o exemplo pra ressaltar com coerência e precisão a utilização dessa técnica recreativa para incentivar e desenvolver o psicológico e o cognitivo desses alunos, quando esses já se familiarizaram com o conhecimento e com o saber adquirido no tabuleiro de xadrez com todas as peças pedagógicas que foram captadas por sua própria memória.
O xadrez é um jogo de tabuleiro de natureza recreativa e competitiva para os jogadores ou mais, sendo também conhecido, como um exercício de precisão para memória. Assim sendo, podemos aplicá-lo, como ferramenta recreativa, numa sala de aula de EJA, a fim de forçá-los a exercitar suas capacidades e habilidades ao ensino/aprendizagem.
Numa reflexão pedagógica ao ensino/aprendizagem numa turma de EJA trazer o jogo de xadrez para sala de aula, na perspectiva da resolução de problemas para o ensino facilita e possibilita inúmeras atuações pedagógicas. Pois, o aluno terá êxito se for ousado, astuto e planejar cada jogada, avaliando as consequências e suas implicações, sem deixar de lado a preocupação em defender seu domínio dos ataques do adversário, mantendo e conquistando novas posições psicológicas e cognitivas desse aluno. Por outro lado, como atividade de investigação permite que os jovens e adultos desenvolvam a capacidade de questionar, usando diferentes recursos para formular hipóteses, planejando sua ação e tirando conclusões. Assim a relação entre o jogo de xadrez e a resolução dos problemas psicológicos e cognitivos que são recheados ao mundo desses alunos de EJA é o foco primordial desse texto.
Sabemos que o simples fato de saber jogar e de jogar regularmente, não faz com que o aluno melhore sua capacidade de aprender e desbloqueia de vez com os empecilhos que o impedem de uma boa atuação ao aprendizado proposto, mas a intencionalidade do professor no uso desse jogo, em situações próprias e como recursos didáticos favorece o aprendizado há outros conteúdos e procedimentos pedagógicos, a fim de favorecer e desinibir o aluno jovem e adulto ao mundo do conhecimento cognitivo e psicológico que o rodeia e que dificulta o seu aprendizado.
Levar o jogo de xadrez para sala de aula de EJA não é meramente um divertimento ocioso e, sim diversas e valiosas qualidades da mente serão úteis no decurso da vida humana e escolar que são adquiridas e fortalecidas por meio dele, de modo a tornarem hábitos preparados para todas as ocasiões.
A vida é uma espécie de xadrez, na qual temos pontos a ganhar e competidores ou adversários a enfrentar, na qual existe uma ampla variedade de acontecimentos bons e maus que são, em certo grau, os efeitos da prudência da falta dela.
É nesse conjunto de processos mentais usados no pensamento e na percepção de vida, que também reconhecemos a compreensão para o julgamento através do raciocínio do jogo de xadrez para o aprendizado de determinados aspectos psicológicos e cognitivos.
De uma maneira mais simples, podemos dizer que a cognição é a forma como o ‘cérebro’percebe, recorda e pensa sobre toda informação captada através dos cinco sentidos. Mas, a cognição é mais do que simplesmente, a aquisição de conhecimentos e conseqüentemente, a nossa melhor adaptação ao meio e, é também um mecanismo de conversão do que é captado para o nosso modo de ser interno. É, portanto, um processo de conhecimento, que tem como material a informação do meio em que vivemos e o que já esta registrada na nossa memória.
O processo de aprendizagem é pessoal, sendo resultado de construção e experiências passadas que influenciam as aprendizagens futuras. Dessa forma, a aprendizagem numa perspectiva cognitiva/psicológica é como uma construção pessoal resultante de um processo experimental, interior a pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento.
Ao aprender o aluno de EJA acrescenta aos conhecimentos que possui novos conhecimentos, fazendo ligações àqueles já existentes. E, durante o seu trajeto educativo tem a possibilidade de adquirir uma estrutura cognitiva e psicológica clara, estável e organizada de forma adequada, tendo a vantagem de poder consolidar conhecimentos novos, complementares e relacionados de alguma outra forma.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de Educação Básica que se propõe atender a um público ao qual foi negado o direito à educação, durante a infância e/ou adolescência, seja pela oferta irregular de vagas, pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis a relação educativa.
A EJA depara-se constantemente, com a realidade da opressão, na qual os alunos carregam em si o peso de uma condição social oprimida.
O processo de ensino/aprendizagem, tradicionalmente, leva em consideração a idade dos alunos, seu nível intelectual e emocional, seus interesses e seus antecedentes sociais. É importante considerar a maneira como se conduz estes fatores que, muitas vezes, voltam-se mais para uma tentativa de emparelhamento psicológico e cognitivo ao mundo social desses alunos. Todavia, o sistema educacional não dispõe de um programa de ensino que tenha sido esquematicamente, planejado pra o aluno proveniente de classe social baixa. A partir disso, cabe ao professor inovar e motivar suas aulas com recursos didáticos que vão descontrair e enriquecer o conteúdo programado.
Através disso, os recursos didáticos empregados na sala de aula são do conhecimento dos alunos de EJA, pois são pessoas que tem uma experiência de vida: vivem no mundo do trabalho, sofrem com o desemprego, com a violência e são eleitores responsáveis pela política atual. Por isso, esses recursos didáticos têm um significado na vida dessas pessoas, mesmo sendo uma aproximação com a “curiosidade ingênua, ou seja, não deixa de ser curiosidade, com o saber epistemológico, conotando seus achados com mais exatidão, através do jogo de xadrez”.
Como esclarece Paulo freire (1996), a escola e o professor não só tem o dever de respeitar o conhecimento desses alunos quando chegam à sala de aula, mas de também discutir com eles a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos a serem aplicados. Portanto, é importante ter uma concepção mais ampla das dimensões de tempo/espaço de aprendizagem na EJA, na qual professor e alunos possam estabelecer uma relação mais dinâmica com o entorno social e com as suas questões pessoais, a fim de haver uma compreensão maior do aluno e, consequentemente, um bom resultado no rendimento escolar.
Assim sendo, a principal preocupação do trabalho pedagógico, bem como dos processos de avaliação, não deve ser o “saber enciclopédico”, mas os saberes que contribuam para o desenvolvimento da consciência critica e para esta capacitação, sem que isso signifique uma opção por qualquer tipo de minimização, como foi e ainda é preconizado por alguns.
É bem verdade que as pessoas que afirmam que a ação educativa deveria ser neutra, politicamente, são hipócritas ou no mínimo utópicas, dado que não existe educação neutra. Assim, todo processo educativo assume um posicionamento político. Em virtude disso, o saber deve ser analisado por novas “lentes” que não apenas se preocupem em formar futuros trabalhadores, mas que se esmerem em transformar os alunos de EJA em cidadãos atuantes na sociedade.
Explicito também, é a importância de relacionar as concepções de educação, a concepção de linguagem como suportes teórico/metodológicos norteadores de todo o trabalho pedagógico do professor ao ministrar suas aulas, através da ferramenta lúdica do jogo de xadrez. Portanto, sob esse ponto de vista a educação é pensada como política e ideologicamente considerada como ‘redentora’, pois acredita que poderá propiciar igualdade de oportunidades a todos os alunos de EJA, desconsiderando as diferenças psicológicas e cognitivas que cada um carrega na sua bagagem genética, sociais, culturais, econômicas e também os conflitos e contradições que permeiam essas diferenças.
É necessário refletir que cada individuo apresenta um conjunto de estratégias cognitivas e psicológicas que mobilizam o processo de aprendizagem. Em outras palavras, cada pessoa aprende a seu tempo, modo, estilo.
Quando nos referimos a uma acumulação de teorias, idéias e conceitos o conhecimento surge como um produto resultante dessas técnicas de aprendizagem utilizada pelo professor na sala de aula para estimular e desenvolver o potencial de memória, mesmo que o produto seja indissociável de um processo, podemos olhar o conhecimento como uma atividade intelectual através da qual é feita a apreensão de algo exterior a pessoa. Assim, na concepção vygotskyana, o pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis especificas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala.
Vygotsky (1991, p. 101), diz ainda que o pensamento propriamente dito é gerado pela motivação, isto é, por nossos desejos e necessidades, nossos interesses e emoções. Por trás de cada pensamento há uma tendência afetivo/volitiva. Com isso, entende-se que o desenvolvimento psicológico e cognitivo no mundo dos alunos de EJA é um processo que se dá de fora para dentro, sendo que o meio influencia no processo de ensino/aprendizagem.
Para ter bons resultados acadêmicos com os alunos de EJA são fundamentais utilizarmos as ferramentas pedagógicas do lúdico, dos jogos, das brincadeiras como habilidade, o que conduz a necessidade de integrar tanto os aspectos cognitivos e psicológicos como os motivadores através do tabuleiro de xadrez.
A motivação para o desenvolvimento da aprendizagem é um processo que se dá no interior do sujeito, estando, entretanto, intimamente ligados às relações de troca que o mesmo estabelece com o meio, principalmente com o professor e os colegas.
Nas situações escolares, o interesse é indispensável para que o aluno tenha motivo de ação no sentido de apropriar-se do conhecimento.
Uma das grandes virtudes da motivação é melhorar a atuação e a concentração, nessa perspectiva pode-se dizer que motivação é a força que move os alunos jovens e adultos a realizar suas atividades através do jogo de xadrez. Pois, ao sentir-se motivados, esses alunos tem vontade de fazer alguma coisa e se tornam capazes de manter o esforço necessário para atingir o objetivo proposto e vencer a partida do aprendizado, no tabuleiro de um jogo de xadrez, num desafio de mobilizar suas capacidades e potencialidades, a fim de criar condições tais, que ‘fiquem a fim’ de aprender.
A estrutura cognitiva e psicológica do aluno de EJA tem que ser levada em conta no processo de aprendizagem.
É papel do professor de EJA utilizar as estratégias que permitam aos alunos integrar conhecimentos novos, utilizando para tal método adequado e um currículo bem estruturado e planejado, não esquecendo do papel fundamental que a motivação apresenta neste processo de ensino/aprendizagem. Pois, as técnicas de incentivos é que buscam os motivos para que esses alunos sintam-se motivados, proporcionando uma aula mais efetiva por parte do professor. Todos nós sabemos que o ensinar esta relacionada à comunicação entre o professor e seus alunos.
O ensino só tem sentido quando implica na aprendizagem, por essa razão, é necessário conhecer como o professor ensina e entender como o aluno aprende. Só assim, o processo educativo poderá acontecer e o aluno conseguirá encaixar todas as peças do tabuleiro de xadrez, aprendendo a pensar, a sentir e a agir.
Daí se faz necessário à importância do tabuleiro de xadrez para o psicológico e cognitivo no mundo dos alunos de EJA, em todo o processo de ensino/aprendizagem.