EDUCAÇÃO FINANCEIRA
Aí está um assunto que ainda não faz parte do currículo escolar e que muitos pais não abordam com os filhos. Afinal, quando é o momento certo de falar com a criança sobre finanças?
Nós sabemos que as crianças, quando querem algo, pedem para comprar e, muitas vezes, recebem como resposta um “não tem dinheiro”. E a criança não é capaz de entender isso se não tiver sido iniciada na educação financeira.
Embora não exista uma idade definida para essa iniciação, a criança por volta dos 4 ou 5 anos já é capaz de entender como funciona a coisa, embora não tenha noção de montante.
Ela já é capaz de entender a relação de troca: para ter algo eu preciso ter dinheiro para dar ao vendedor. Mas ela precisa ter a exata noção de onde vem o dinheiro.
A criança está acostumada a ver o pai e a mãe saírem pela manhã para o trabalho e, muitas vezes, só retornarem à tarde, porém, não é capaz de entender o que isso tem a ver com dinheiro.
A partir do momento em que a criança entende que os pais trocam seu trabalho por uma quantidade de dinheiro que, por sua vez, é trocada por produtos e serviços, ela vai perceber que quando o dinheiro acaba não é possível comprar.
Uma forma de facilitar essa percepção é através do estabelecimento de uma mesada. Mas essa mesada precisa obedecer ao princípio do merecimento, ou seja, para recebê-la a criança precisa dar algo em troca. Não é assim com os pais?
Da mesma forma ela vai começar a entender que quando compra algo dá um pouco do que tem e se quiser algo de maior valor vai precisar acumular; isso exige espera, paciência e força de vontade.
A criança, recebendo essa orientação, mesmo sem ainda dominar a percepção do montante, já é capaz de entender o mecanismo do comprar e vender, economizar e poupar e, quando aprender os números, vai saber exatamente como funciona um orçamento.
Cabe lembrar aqui que mais de 80% dos brasileiros não têm o hábito de poupar. Não no sentido de ter uma caderneta de poupança no banco, mas de manter uma reserva, mínima que seja, para atender situações imprevistas.
Por outro lado, os pais também precisam apresentar os filhos às faturas e às contas. A criança não tem noção de que a energia, a água, o telefone, são pagos na proporção da quantidade usada e que a economia desses itens tem contrapartida, ou seja, quando se gasta menos, paga-se menos.
Outro esclarecimento a ser dado às crianças é sobre cheques e cartões, porque elas têm a falsa impressão de que, por não envolverem a moeda física que elas conhecem, não envolvem dinheiro.
Isso vai evitar que raciocinem: se não tem dinheiro, basta usar cheque ou cartão. Também vai contribuir para que a criança entenda que o banco é igual ao seu cofrinho. Se não puser dinheiro vai ficar vazio.
Essa nossa conversa diz respeito a qualquer pai e a qualquer mãe porque faz parte da socialização da criança, da sua preparação para participar da sociedade e hoje, em tempos de globalização e de economia estável, é preciso saber valorizar os recursos, tanto financeiros quanto naturais.