DO ENSINO SUPERIOR

Hoje vivenciamos um momento singular na história da educação brasileira. Um novo cenário se apresenta na conjuntura educacional do país, idéias como inclusão, acesso e garantias são, a todo o momento, apregoadas pela mídia formadora de opinião. Uma grande leva de indivíduos incentivada pelas políticas compensatórias do governo ingressam no ensino superior. Se por um lado isso pareça um avanço, por outro cabe levar em conta a real formação oferecida a esses jovens nessas instituições.

As inúmeras instituições que tutelam o ensino superior no país, muitas vezes, não dão conta de como são ministradas as aulas das inúmeras classes espalhadas pelo território nacional. Percebemos que em muitos casos o fato de um professor ser mestre, doutor ou pós-graduado não lhe confere habilidades para lidar com o conhecimento sob a vestimenta de prática pedagógica refinada e condizente com a clientela que recebe dos medíocres vestibulares. Muitos desses profissionais são detentores de uma vasta gama de conhecimento, mas não possuem bagagem didática nenhuma para lidar com as múltiplas diferenças cognitivas oriundas de salas heterogêneas (em todos os sentidos), que vão desde a formação cultural até as origens socioeconômicas. Tal desconhecimento fatidicamente leva a instituição como um todo a padecer de uma inanição intelectual e na maioria das vezes a “cola” (conhecida dos alunos) mascará os resultados, ou quando menos dissimula o fracasso de quem finge ensinar e daqueles que fingem aprender.

É essa lógica perversa que permeia o ensino superior na maioria das faculdades do país. Pior ainda é quando o profissional responsável por disseminar o conhecimento e a formação não se reconhece como necessitado de preparo didático para melhoria de sua carreira. Isso se dá por que muitos deles são bons profissionais de carreira, ótimos advogados, médicos, enfermeiros entre outros, o que lhes confere a falsa impressão que também serão ótimos profissionais do ensino. O que muitos não sabem é que para ser professor não basta ser possuidor de um bom discurso, ter uma boa postura em público, exige algo mais a além que características isoladas, algo que poderia ser definido pela alcunha de vocação.

Aos organizadores do quadro pessoal do ensino superior cabe o trabalho de não apenas escolher um bom currículo profissional, recheado de diplomas, mas sobretudo garantir que os profissionais de suas instituições tenham um mínimo de formação pedagógica, caso contrario corre-se o risco de praticar o retrocesso no mais alto nível da formação educacional do indivíduo.

Gilmar Faustino
Enviado por Gilmar Faustino em 13/04/2011
Código do texto: T2905998
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