Escritor: o artista em evidência
Todos nós, professores ou não, deveríamos estar sempre gratos aos grandes escritores como José Fernandes, Ruy Castro e outros. Afinal são eles que nos mostram os problemas com os quais convivemos e ( nos acostumamos, como é o caso dos buracos nos asfaltos - ruas) de uma forma ou de outra nos incomoda. E aí está o valor de suas crônicas, poesias, contos.
Esse "incômodo" nos faz revolver o terreno da ignorância e do comodismo, pois os nossos políticos só “retapeam” as nossas vias públicas com nosso consentimento, só realizam discursos demagógicos porque sempre anunciamos o desejo de ouvi-los, nos ignoram porque não somos um povo de verdade, remetendo-me a Rubem Alves.
Nesse contexto, surgem eles - os escritores - e nos mostram que nem todas as regras gramaticais, ensinadas pelo temido professor de Português, serão utilizadas ou mesmo úteis para a contribuição de um discurso eficaz. Somente esses artistas discretos nos despertam sensibilidade, senso crítico e nos mostram que o Português são dois: o outro o mistério, já dizia Carlos Drummond de Andrade.
Os escritores, se professores, professam mais do que o “normativismo” da língua, eles despertam outros escritores adormecidos. Afloram possibilidades outrora inimagináveis, porém reais demais para serem ignoradas no agora. Afinal, são os escritores que nos mostram a leveza da língua e a improvável relação entre os sentimentos mais abstratos e sua materialidade latente.
São eles que renascem e lutam com palavras (drummondianas) dia após dia e, vencidos ou não, sempre recomeçam. São os escritores que registram épocas, situações, contextos; são eles os responsáveis pelas alegorias quando tememos as verdades humanas e políticas. Eles fazem parte de uma elite que nos mostra que é possível ser imortal e desafia os janeiros (ou marços) com um caminhar perene, revelando o tesouro construído ao longo do tempo.
São os escritores que, através dos jornais, de seus livros e outros meios, parecem esbravejar quando nos calamos, seja no caos vivido no Rio de Janeiro – a cada janeiro – seja na corrupção remanescente de outras fases históricas; seja na educação carcomida pelo tempo e a euforia para tentar reestruturá-la, pois é como se o impasse provocado pelas siglas partidárias fosse muito relevante em detrimento do legado que se pode deixar para as juventudes vindouras. Os escritores acordam aqueles que dormem e cantam canções para os que ostentam sempre a razão.
Enquanto aceitamos os brasis pinóquios – referência ao poeta José Fernandes - logramos honras aos escritores que não perecem na sua coragem e na sua arte. Agradecimentos aos artistas da palavra!