Um tempo para o exercício da fé
Fé é uma palavra pequena, mas de grande poder.
Não vamos tratá-la no contexto religioso, mas em toda sua amplitude: como a manifestação da convicção que não deixa a menor possibilidade à dúvida.
Nós usamos a palavra o tempo todo, como forma de incentivo e também como âncora, sem nos darmos conta.
Ainda que muitas vezes duvidemos de nossa capacidade de mantê-la, uma pequena chama a recupera.
A caminho de um desafio dizemos: - Eu creio ser o melhor. Vencerei!
Crer, como expressão de “eu acho”, não é fé!
Poderíamos dizer: Acredito que vencerei!
Acreditar, como expressão de “esperar”, não é fé!
Ou quem sabe, eu confio que vencerei!
Confiar, tendo algo ou alguém como “depositário”, não é fé!
E se usarmos a expressão “aposto que vencerei”, ai sim, definitivamente, não é fé, pois estamos arriscando um palpite.
Fé é a firme convicção de que algo é verdade, sem que seja necessária a apresentação de provas. A fé não necessita de argumentos de sustentação.
Quando analisamos situações em que a fé se apresenta e podemos observar de fato seus efeitos, vemos que esta desafia a lógica.
Falar sobre a fé nos bons momentos é fácil, quando enfrentarmos adversidades é que sentiremos se suas raízes estão bem plantadas em nós.
Alguns diriam que a fé depende de cultivo, sem isso ela se perde. Sendo a fé o ponto máximo, o retrocesso apenas não nos mostraria um crente descrente?
Ao nos depararmos com pessoas de fé é difícil imaginá-las nesse exercício, mas somos humanos e frágeis, cheio de dúvidas, sombras e vazios a serem preenchidos.
Vemos com freqüência aqueles que precisam descobrir a fé em constante e necessário questionamento para identificá-la.
Talvez os convictos tenham passado por esse estágio, alguns de forma mais lenta, outros nem tanto.
Seria possível alcançar a fé e perdê-la?
A vida nos dá e tira, nos alegra e entristece, nos oferece e nega sem que, muitas vezes, tenhamos forças para suplantar os obstáculos e alcançar nossos objetivos.
Nesses momentos é necessário parar um pouco e olhar lá dentro, para um pequeno ponto, muitas vezes adormecido, e fazê-lo despertar. Exatamente ali é que reside a fé.
Teriam as pessoas de fé o poder de manter esse ponto constantemente acordado, razão pela qual não as vemos duvidar? Ou quem sabe seu silêncio é a sua dúvida.
Ghandi, conhecedor do homem e da força da fé, dizia: “Meu esforço nunca deve ser o de diminuir a fé do outro, mas torná-lo um melhor seguidor de sua própria fé”. E assim fez. Com sua fé e com suas próprias palavras: “de modo suave sacudiu o mundo”.
O que era a fé para um pensador como Ghandi?
Dizia: “A fé não é algo para se entender, é um estado para se transformar”. Sutil, complexo, então reflitamos!
Anatole France, Nobel de Literatura em 1921, cujas publicações tinham tom céptico, disse: "Não tenho fé, mas quisera tê-la. Considero a fé o bem mais precioso deste mundo." Talvez tivesse e não soubesse. Segui-la não era problema, a questão era vislumbrá-la e entendê-la.
O filósofo espanhol Manuel Garcia Morente traz a fé à luz da reflexão quando afirma: “A fé é o complemento aperfeiçoado da razão."
Rabindranath Tagore, polímata, a mais destacada figura na literatura bengali, Nobel de literatura em 1913, que nutria profunda admiração por Ghandi, ao qual chamava Mahatma, nos presenteia com uma das mais belas definições de fé: "Fé é o pássaro que sente a luz e canta quando a madrugada é ainda escura."
Por todo seu mistério, beleza e força, é importante reservarmos um tempo para o exercício da fé.
Ivan Postigo
Diretor de Gestão Empresarial
Postigo Consultoria Comunicação e Gestão
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Nossas maiores conquistas não estão relacionadas às empresas que ajudamos a superar barreiras e dificuldades, nem às pessoas que ensinamos diretamente, mas sim àquelas que aprendem conosco, sem saber disso, e que ensinamos, sem nos darmos conta.