Meu País

Em tempos de Big Brother, quando administrar uma família implica em despender um descomunal esforço para direcionar e prover uma educação digna para os filhos, estarrece-nos e porque não dizer, entristece-nos a notícia divulgada na semana passada de que o Brasil é o único país pertencente ao BRIC que não possui nenhuma universidade entre as cem mais bem avaliadas por acadêmicos no mundo inteiro. Isso é péssimo para um país que se diz em desenvolvimento, pelo menos, é o que se apregoa aos quatro ventos. Todos os países desenvolvidos, sem exceção, iniciaram o seu processo de desenvolvimento tendo como esteio principal, a educação e disso, qualquer cidadão bem informado sabe e se eles sabem o que dizer das autoridades governamentais? Mas para nossa surpresa e isso não é de agora, elas insistem em privilegiar um modelo de desenvolvimento que leva em conta apenas o fator econômico. Pelo que se sabe, ainda permanecemos creditando apenas o fator renda, como sendo o melhor indicador para medir o nosso desenvolvimento, teoria esta em desuso há bastante tempo. Se para nós brasileiros, vivendo nos tempos acima referidos e também à mercê de outras mazelas, não menos degradantes, fica difícil imaginar dias melhores para as futuras gerações, haja vista sermos hoje - o que agrava ainda mais nossa posição no “ranking” mundial, motivo de cobiça dos paises industrializados. Ora, se sabem as autoridades que é através da educação que se promove o desenvolvimento, pergunta-se: como pode o Brasil se desenvolver, concedendo uma bolsa de R$ 1.200,00 para um mestrando e R$ 1.800,00 para um doutorando? Em ambos os casos, a conclusão desses cursos implica, obrigatoriamente, numa pesquisa cientifica que demanda tempo e recursos para custear as despesas do pesquisador. Sabemos que nossos governantes, do passado e do presente, priorizam ações emergenciais de combate à pobreza, mas esquecem ou postergam decisões que visem estimular o progresso científico submetendo-nos ao atraso em que vivemos. É pouco provável que as palavras de advertência deste humilde escriba possam mudar o que, infelizmente, está posto, mas não será por omissão, pelo menos deste brasileiro, que o registro deixe de ser feito. O descaso com a qualidade do ensino, com a remuneração do professor e com a falta de planejamento educacional nos perpetua como escravos da ignorância que nos cerca por todas as bandas e lados, quiçá para alegria de tantos e quantos assim desejam nos manter.

Rui Azevedo

Publicado no jornal Diário do Povo – Teresina-PI, em 19.03.2011

Rui Azevedo
Enviado por Rui Azevedo em 18/03/2011
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