Na Relação do Professor e do Aluno: as entrelinhas positivas e negativas na Sala de Aula
Na Relação do Professor e do Aluno: as entrelinhas positivas e negativas na sala de aula
Autora: Solange Gomes da Fonseca
Para que na relação do professor e do aluno haja identificação entre ambos, é preciso que o professor conheça a realidade dos seus alunos, respeitando as fases de amadurecimento e as diferenças no processo cultural, pelos quais os alunos se envolvem no seu dia a dia, já que a relação entre o professor e o aluno inevitavelmente compreende um choque de gerações, valores e culturas.
Conhecer e imergir na realidade dos alunos é uma característica importantíssima que o professor preparado deve apresentar, já que isso representa não apenas uma aproximação entre as duas partes, como um acesso mais fácil e uma adaptação de postura, quando necessário para que as “entrelinhas” positivas e negativas na sala de aula sejam resolvidas da melhor forma harmoniosa para o processo educacional.
É muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades, angustias, num determinado momento, a fim de que, as entrelinhas ‘negativas’ não se tornem o fantasma do dia a dia na relação interpessoal do professor e do aluno.
Um olhar atento, sem pressa, que acolha as mudanças, as diferenças e as semelhanças, faz com que o professor capte antes de agir. Nesse olhar sempre tem uma perspectiva, isto é, o ponto de vista com que o professor olha para seu aluno. Esse ponto de vista, ou essa abordagem são os objetivos, os pressupostos, as tendências, as crenças teóricas, em relação ao homem e ao mundo que carregamos e temos conosco. Mas, para isso é preciso ter clareza na amplitude do olhar, ou seja, um olha que nos faz chegar às pessoas e aos problemas do seu cotidiano, buscando a compreensão da influencia das relações entre o professor e o aluno, nessas entrelinhas positivas e negativas que ocorrem em sala de aula.
A necessidade de encontrar respostas e soluções para tantas dúvidas e problemas nessa perspectiva de entender o que impulsionam, o que dirige e o mantem determinados padrões de comportamento e relacionamentos é que nos leva a procurar uma causa para o assunto pautado, nesse texto. Ou seja, sempre existe um motivo que desencadeia uma ação. Embora, saibamos que existem muitas dificuldades para que o homem possa atingir um equilíbrio entre os interesses e as expectativas entre o professor satisfeito e motivado que é sem duvida sinônimo de desempenho e aprendizagem para o aluno.
Uma boa relação interpessoal é nutritiva, porque ajuda a constituir uma pessoa, e faz parte da competência da escola saber lida com as questões interpessoais. Assim, podemos, entender que o trabalho educativo do professor não pode conter, de forma alguma, em seu bojo, a ofensa, o rancor, a rispidez, o mau humor, o desrespeito, o autoritarismo que humilha e envergonha o aluno.
O professor deve ensinar a condição humana individual e coletiva. Eis aqui, um desafio para todos os professores comprometidos com o ‘agir’ pedagógico, que privilegia o vinculo pessoal saudável entre ele e o aluno, para que as diversidades pessoais não se constituam em entraves na busca de objetivos comuns e, sim em prol da sustentabilidade nas entrelinhas positivas.
É, em busca dessa temática que meu olhar e pensamento volta-se para o contexto da sala de aula, a fim de elencar e entender alguns argumentos que justifiquem essa perspectiva de trabalho dentro da relação do professor e do aluno.
Acredito que somos constituídos não apenas pelo corpo e seus movimentos, pela inteligência e pela linguagem, mas muito mais do que isso somos principalmente afetos e relações, emoções e contato.
O que se precisa perceber é a importância colocada na pessoa, pois é a partir daí que se começa a entender o quanto o professor é uma pessoa comum como todas as outras.
Que é suscetível a emoções, a erros, a acertos e a qualquer outra coisa, como qualquer humano.
Pensando em tudo isso, também deve o professor lembrar que sendo investidor de tantas emoções, ele precisa cuidar da forma como lida com esse poder nele colocado por seus alunos. Essa descoberta do “poder” gera angustia e essas é que vão despertar o interesse em querer saber, e o desejo inconsciente. Portanto, em síntese, a relação transferencial só é propiciada quando se tem uma relação de apego com a outra pessoa envolvida. Essa relação é muito importante, como base para desencadear a transferência e a formação de vínculos.
Juntos, eles formam a tríade que pode vir a tornar a aprendizagem prazerosa e prevenir problemas de aprendizagem que, por ventura, surjam ao longo da vida escolar.
A maior bandeira que um professor de qualidade levanta é a relação que tem para com seus alunos. Uma relação positiva entre o professor e o aluno faz toda a diferença no aprendizado. Pois, sentir-se confortável e seguro diante do professor é estimulante para qualquer aluno.
A forma de conduzir os alunos acompanhá-los, de respeitar suas diferenças, ter um bom relacionamento favorecem para que na relação do professor e do aluno, as entrelinhas positivas avancem a favor da aprendizagem, assim como a empatia e a disponibilidade, deixando de fora da sala de aula as entrelinhas negativas, na intervenção pedagógica da relação, que é um espaço pluridimensional, onde é possível, apesar das diferenças nele presentes, transformá-lo num ecossistema dos saberes e de afetos que permita o desenvolvimento integral dos seres humanos.
É nesse sentido que, proponho uma reflexão ao texto, para uma clarificação do contato na relação do professor e do aluno, com as entrelinhas possíveis de ocorrerem na sala de aula. Todavia, para que se desenvolva uma relação pedagógica equilibrada, assente em sistemas relacionais é necessário que, para além da presença física, ocorram não só processos de informações como também e, sobretudo, processos de comunicação entre o professor e o aluno.
Parecerá, talvez, que essas palavras não passam de um lugar comum, já que por todos é assumida a importância da comunicação amigável na sala de aula.
A verdade, porem, é que não visamos aqui o processo de comunicação na relação pedagógica enquanto mecanismo de troca de conteúdos, mas, a sustentação positiva na comunicação enquanto cruzamento entre o professor e o aluno nos seus discursos sociais.
Considerar, por outro lado, que estamos a trabalhar com o conceito de sistema aberto é considerar a elevada complexidade de cada sistema, cujo cruzamento interacional nos remete para níveis de complexidade sempre maiores.
É que, se o aluno é uma pessoa, com a qual o professor deve contar, também este não deixa de ser uma pessoa, e nesse caso com um nível de responsabilidade maior no processo educacional, face ao seu papel e status na estrutura social.
Estas contingências por parte do professor não podem ser arredadas da relação pedagógica, nem tampouco as do aluno, que igualmente tem um papel e um status na estrutura social, no caso na escola, para não falar do peso de outras variáveis: culturais, sociais me individuais entre o professor e o aluno em ação na sala de aula.
Para que essa relação seja possível não basta desejá-la, é necessário que o professor desenvolva e revele um conjunto de atitudes como congruência, atenção positiva incondicional e empatia. Ser congruente na relação com o aluno significa que o professor é ele mesmo, sem mascaras. Significa estar aberto, não defensivo, no que diz respeito aos seus sentimentos para com o aluno. Significando, finalmente, uma autenticidade que marca a relação pedagógica.
Ter uma atitude positiva corresponde à aceitação do aluno, nas suas manifestações, sem julgamentos prévios, aceitando o aluno como ele é, e não como o professor gostaria que ele fosse. Significa fazer um esforço para por de lado as tipificações, como limitadoras da visão da realidade.
Um movimento de aproximação entre o professor e o aluno partilha os sentidos e os sentimentos; de distanciação para poder compreender e agir sobre todo o envolvimento relacional na sala de aula. E, por sua vez, melhorar a relação pedagógica, aumentando a eficiência do professor, como também o sucesso do aluno e, por consequência, a satisfação de ambos.
Na relação do professor e do aluno, a interação só é positiva quando a necessidade de ambos é atendida, quando há uma cumplicidade, quando os interlocutores são parceiros de um mesmo jogo, o jogo da linguagem, do dialogo, dos objetivos, do conhecimento, que é algo fundamental.
As relações complexas que existem na sociedade, a exigência de que a escola com novos cursos insira na vida, nos problemas e na realidade do aluno, contribui para que a ação do professor em sala de aula se torne cada vez mais abrangente.
Quando um professor é capaz de manifestar-se amorosamente em relação aos seus alunos, dando-lhe atenção, escutando-os com paciência, dirigindo-lhe uma palavra amiga, com toda afirmação à entrelinha negativa não aparece na relação do professor e do aluno.
Para concluirmos, existem vários tipos de professores que fazem usos de métodos de ensino diferentes, mas todos têm algo em comum, marcando a vida de seus alunos seja nas entrelinhas “positivas” ou nas entrelinhas “negativas”. E todos também visam aos seus alunos um ensino de qualidade e um bom relacionamento.
Este texto tem a grande importância para alertar os professores que, nunca é demais ressaltar a importância fundamental de estabelecer uma verdadeira relação com seus alunos, para que o processo de ensino/aprendizagem se efetue satisfatoriamente.
Levando sempre em consideração, que o ser humano depende muito do seu estado emocional para aprender. Essa interação entre o professor e o aluno deveria ser a mais importante de todas as interações sociais que ocorrem no ambiente escolar. Pois, é o grande meio pelo qual se realiza o processo ensino/aprendizagem.
Devem-se frisar também, as consequências de uma interação negativa, pois essa afeta muito o desenvolvimento do aluno. Uma vez quem percebem seus professores trabalhando estressados, descontentes, desmotivados vão transmitindo uma imagem negativa na relação e, faz com que o professor se esqueça da responsabilidade que tem no êxito de ensinar, tornando ainda mais negativa a imagem do professor, ao invés de incentivar o aluno para que tenha orgulho e interesse em aprender.
A educação de uma nova geração é um ensino que prevalecem trocas e reflexões, em que formaremos o caráter do cidadão; com o dialogo aberto e franco, favorecendo o compromisso do aluno e do professor na construção de uma nova relação entre esses atores do processo ensino/aprendizagem.