Psicologia Educacional e Escolar: caminhos trilhados, caminhos avaliados e caminhos a percorrer para formação do alicerce na sala de aula
Psicologia Educacional e Escolar: caminhos trilhados, caminhos avaliados e caminhos a percorrer para formação do alicerce na sala de aula.
Autora: Solange Gomes da Fonseca
É fundamental promover a integração da Psicologia com a Educação, a fim de que ambas se tornem um alicerce na sala de aula, desenvolvendo vínculos afetivos, comunicativos e de confiança entre a escola, o aluno, o professor e a família.
Sabemos que nos dias atuais, a grande dificuldade é interpessoal. Onde os alunos tornaram-se violentos uns para com os outros e, ate mesmo, para com o professor.
É importante a contribuição da psicologia como base concreta de preparar os alunos para saber conviver em grupo, aceitando as diferenças, com regras de boa convivência e amizade, saber respeitar limites e também o professor.
Ao nascer trazemos características individuais, outras herdadas de nossos pais e antepassados. Assim, vamos formando nossa personalidade, com características próprias, com as que herdamos e com o que aprendemos nas nossas experiências de vida.
Precisamos resgatar os valores perdidos e começar a cultivá-los no cotidiano da sala de aula e mesmo fora dela, num convívio social como o respeito a si mesmo e ao próximo, a cooperação e outros valores apreendidos em nossas vidas.
O que vejo na minha prática pedagógica, na rotina da educação, nas salas de aula é um excesso de atividades fragmentadas no tempo, uma preocupação com um fazer constante, como se disso viesse à garantia de um alicerce educacional. Sem a contribuição da Psicologia, isto será impossível.
A psicologia educacional e escolar no Brasil vem tomando novos fôlegos e vivendo momentos criativos, rompendo com ações que limitavam a atuação do profissional em um modelo clínico tradicional dentro da escola ou mesmo fazendo puras aplicações da psicologia nos espaços educativos. Porém, como quase todo novo começo, os desafios seguem ao lado.
Um outro lado da moeda dessa contribuição da psicologia como um caminho para um alicerce na sala de aula é o surgimento de uma consciência e de políticas públicas que visam um mundo mais compartilhado por todos, um mundo mais justo, mais participativo e inclusivo, a qual vem se objetivando, se instituindo e formando coro nos últimos tempos.
Essas políticas públicas, ao mesmo tempo em que possibilitam mobilizar ações, por sua vez, nos desafiam a garantir suas concretizações, fazendo valer as leis em nosso país para a diminuição das distancias entre os discursos e as práticas aplicadas numa sala de aula, principalmente no que diz respeito à inclusão social e à inclusão escolar.
Os desafios da psicologia educacional e escolar em relação à educação nas salas de aula, portanto, não são poucos e nem fáceis, principalmente para aqueles que lidam direta ou indiretamente com alunos ‘problemáticos’.
Certamente, que não é e não será pretensão da psicologia educacional e escolar ser o “alicerce” de todo o processo educacional e efetivar sozinhos esses desafios, até porque isto seria incoerente a sua ciência, que se pretende complexa. Afinal, se a psicologia educacional e escolar não responde tudo, o que ela oferece é singular.
É nesse sentido que podemos pensar, por exemplo, as suas contribuições como um caminho para atingir o alicerce na sala de aula, no fortalecimento e na ampliação das atividades interdisciplinares, na formação cidadã do aluno, na incorporação do paradigma da diversidade, na redução da distancia entre discurso e prática e, no colocar à disposição da comunidade a produção de certos conhecimentos.
Bem, se tudo até aqui relatado é “utopia”, também é importante que se diga que “sonhar” é um ato de poder e saber. Eis dois verbos essenciais para qualquer (re) começo.
A psicologia educacional e escolar ainda se caracteriza, predominantemente, por uma atuação centrada, basicamente, naquele aluno apontado como “problemático”, ou seja, aquele que não para quieto, que não aprende, que é agressivo e que atrapalha a transmissão do conteúdo do programa na sala de aula.
A literatura cita inúmeras funções que o psicólogo poderia assumir na instituição escolar e ao mesmo tempo reivindicar um único caminho. No entanto, não podem existir delimitações, uma vez que deveria ser essencialmente, contextualizada, ou seja, partir das necessidades e prioridades emergentes em cada escola, com cada aluno.
A interação professor/aluno, muitas vezes é permeada por fatores subjetivos que exige do professor socorrer-se da Psicologia nas mais diversas acepções, para melhor se posicionar. Isso mostra que a educação por si só não pode dar ao aluno a compreensão da resolução das situações que o envolvem no processo da aprendizagem e no convívio em sala de aula. Por este motivo, e não só, várias são as contribuições da psicologia educacional e escolar, como caminho para atingir um alicerce em sala de aula, com os fundamentos da educação.
A psicologia educacional e escolar, nos dias de hoje, muito se preocupa com o professor pelo seu papel desafiador no cotidiano e pela procura da compreensão da dimensão estrutural da mente do aluno. Por essa razão, é evidente que o desenvolvimento humano (mente), dependa da aprendizagem, sem deixa-se de aperfeiçoar ou amadurecer as qualidades que nos são peculiares. Praticamente, todo o nosso comportamento e pensamento apreendidos.
Skinner, afirmar que “a aprendizagem é uma associação entre o estímulo e a resposta resultante de um ato do sujeito”. Assim sendo, a psicologia educacional e escolar esta inseparavelmente ligada da educação, para ajudar a entender o pressupostos da própria educação, de tal maneira que se construa a cada momento alicerces para sustentabilidade de um clima harmonioso na sala de aula.
A educação busca na psicologia subsídios para a sua organização didática e prática pedagógica. No entanto, as questões educacionais não podem se restringir apenas a dimensão psicológica do ato de ensinar e do ato de aprender.
Não se pode supervalorizar o papel da psicologia educacional e escolar na explicação e compreensão de situações e problemas educacionais.
A psicologia, somente será considerada relevante para a educação se oferecer, a esta, os principais elementos para a construção de um processo de escolarização autenticamente emancipado e que possa, por sua vez, formar o ser humano capaz de superar conscientemente a submissão de sala de aula.
Uma psicologia concreta tem como núcleo central uma teoria da formação humana, que resulta na formação do homem unilateral, completo, ou seja, formação social, formação da inteligência e formação profissional.
Diante da síntese reflexiva já exposta aqui no texto, temos agora, melhores condições de sintetizar também uma resposta ao problema que consistiu em buscar saber qual a contribuição da psicologia educacional e escolar para um caminho no alicerce da sala de aula.
Acreditamos que essa contribuição da psicologia educacional e escolar esteja no viés das inter-relações que o sujeito manifesta nos seus diferentes espaços sociais.
A partir do momento que acreditamos que essas relações existem, e em especial na escola, há que se pensar, no cultivo das relações interpessoais.
Ao valorizarmos as experiências particulares de grupos e indivíduos estamos aceitando a coexistência e postura de códigos e de mundos com diferentes campos e objetivos, reconhecendo, então a heterogeneidade dentro da singularidade.
A educação talvez seja o eixo articulador entre esta contemporaneidade e a subjetividade a ser construída pelo próprio sujeito/aluno de nossas escolas.
É bom esclarecer que a psicologia educacional e a psicologia escolar não são sinônimos. Enquanto, a psicologia educacional se refere à pesquisa teórica, sendo assim mais abrangente, com seu foco direcionado ao processo de ensino/aprendizagem; a psicologia escolar, assim como a psicopedagogia são subdisciplinas aplicadas, onde o psicólogo escolar deve articular teoria e prática; diagnosticando o contexto escolar e propondo a execução de um plano de ação. Desse modo, buscando o aprimoramento constante para o trabalho em equipe multidisciplinar e desenvolvendo as atividades de transformação social e mental do aluno.