Cotas para afro-descendentes: Inclusão social ou racismo institucionalizado?
O título por si só é provocativo e um tanto quanto polêmico. Apesar da política de cotas para afro-descendentes ter beneficiado o acesso de muitas pessoas às universidades, empregos na esfera pública e que muitos consideram um progresso, não deixa de ser uma metodologia racista disfarçada.
Os negros são tão capazes e inteligentes como brancos índios e outras etnias, a história mostra negros que se destacaram em diversos âmbitos de nossa sociedade e hoje o mais famoso é o presidente dos EUA, Barack Obama. Será que o homem mais poderoso da atualidade precisou de cota racial para chegar a Casa Branca? Obama é o protótipo do vencedor, não posso deixar de citar o saudoso Nélson Mandela, o grande líder pacifista Martin Luther King. Nas paragens tupiniquins, temos o maior escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis, na música temos inúmeros nomes, nesta última eleição presidencial destacou-se Marina Silva e claro um dos brasileiros mais famosos no mundo todo, o Rei do Futebol, Pelé. Estes são apenas alguns exemplos que citei de negros batalhadores que venceram na vida. Será que eles precisaram de cotas?
Mas se o governo adota hoje esta política, dando oportunidade aos afro-descendentes menos favorecidos, excluídos pelo sistema, é conseqüência do maldito escravismo que assolou nosso país no período colonial e imperial, relegando os negros as margens da sociedade.
Mesmo que a Lei Áurea tenha abolido a escravidão, o sofrimento não mudou de 1888 para cá, houve progressos, mas ainda estamos bem longe da igualdade plena. Os negros ainda hoje sofrem com segregação, o racismo é uma chaga aberta no Brasil, poderia citar inúmeros exemplos para mostrar o quão hipócrita é a nossa sociedade que não respeita a cultura afro, principalmente a sua religião, que é encarado como algo diabólico, tanto que são avidamente perseguidos pelas igrejas pentecostais e neopentecostais, sem contar que a Igreja Católica abonava a escravidão alegando que os negros não tinham alma.
Todos devemos lutar por igualdade, somos todos irmãos, devemos proclamá-la abertamente, chega de segregação, de hipocrisia, o sistema de cotas é subestimar a inteligência dos negros, a cor da pele não interfere na capacidade de raciocínio, se pensarmos que os negros não são capazes intelectualmente comparado a outras etnias, estaremos estimulando a eugenia, pilar da propaganda nazista, onde Hitler alegava que a raça ariana era superior as demais.
É louvável o esforço do governo pela inclusão, mas este procedimento não pode ter como base o racismo mesmo que seja de modo inconsciente. Muitos negros afirmam que o sistema de cotas é racista, mostrando claramente que o racismo ainda impera em nosso país.