A Consciência e os Valores

Diante da realidade, será a consciência, determinante na formação de uma personalidade com seus valores morais? Provavelmente sim. Sob o ponto de vista ético, o que são valores?

Valores, penso, é tudo aquilo que a consciência elabora para a formação de um conceito e um julgamento. Esta tomada de consciência, deve ter um engajamento com a realidade de cada um. Por outro lado, o pensamento realístico quase sempre corresponde à razão. Diante dessa encruzilhada que se chama viver, o homem racional é obrigado diariamente a fazer escolhas, que acabam sempre em confronto com seus desejos e suas paixões, longe do ideal de racionalidade: A escolha certa no momento oportuno. Então, ele se questiona: Aquilo que mais desejo (e não estou conseguindo) tem razão? Ou são apenas fantasias? Sem respostas, logo descobre o mérito de sua questão fazendo-se outra pergunta: Posso modificar esta situação, ou devo aceita-la? Este confronto duplamente colocado, torna-se fundamental, quando ele se vê diante de sua realidade e quando é obrigado a definir o que deve fazer sem conhecer aquilo que pode modificar seu comportamento. Caso contrário, terá que aceitar isso como paradigma de vida. Mas, aceitar me parece uma escolha definitiva, antes de tudo ao faze-la, precisa conhecer seus limites e seu arsenal psicológico.

Essa encruzilhada, o detém diante de um paradoxo: ser ele mesmo e conviver com suas escolhas, ou agregar-se a modelos estereotipados. Isto é sem dúvida uma armadilha de destino, e ao fazer uma escolha supostamente certa, isso o levará a um estado que ele chama de felicidade. Mas, o contrário, o fará vítima de sua própria decisão, também supostamente infeliz, porque aquela escolha pode estar em confronto com seus valores estabelecidos. Diante disto, o homem torna-se refém de si mesmo e dos outros porque é despreparado emocionalmente e, com isso cai na rede dos aproveitadores e manipuladores de almas. Ainda bem, que este paradoxo não é definitivo, pode não ser o fim, se ele dispor destas armas psicológicas com as quais se defenderá: Paciência, observação e auto conhecimento. Estes atributos além de positivos, são naturalmente humanos e inerentes a qualquer confronto com a realidade. O que não é aceitável, é o temor deste confronto. Aquele que tenta fugir ao seu destino, sem ao menos olhar pra trás, além de inútil, não merece um espaço para sonhar, apenas sobrevive, assim como uma criatura parasita. Diante das enormes possibilidades de cada um, muitas vezes, conceder é entregar-se simplesmente e passar a viver acorrentado a um fio de lã, ignorando sua própria força. “ Esse temor a ver as coisas como são, e a lutar afim de modificar o essencial ou aceitando aquilo que provavelmente poderá ser mudado, leva o homem a evasões de toda índole, que certamente acabam na frustração com seqüelas de transtornos psíquicos e físicos que irão bloquear suas potencialidades,destruindo sua vida.”

A Revisão dos Valores.

A partir do nascimento, infância e juventude, um sem número de informações morais e sociais - conceitos e preconceitos - são muitas vezes indevidamente colocados ou mesmo impostos aos indivíduos, principalmente as religiosas. Esse tipo de educação, bem intencionada e aparentemente promissora, mais parece uma terapia venenosa, pois forma personalidades moralmente defeituosas e psicologicamente desequilibradas. Um caráter assim deformado, amanhã terá dificuldades em estabelecer relacionamentos saudáveis porque é condicionado a valores cuja escolha aleatória e inconsciente, foi pré-determinada. Julgar no futuro, quando adulto o que lhe convém ou não, é uma tarefa difícil e perigosa. Experimentando, dolorosamente através dos anos, chega-se a um ponto crucial, e, quando ainda se tem forças para questionar,tem-se o período quase sempre prolongado de conflitos, desajustes sociais, medos, e angústias, desnecessários, tendo como conseqüências, uma porção de doenças físicas e psicológicas. É a chamada crise existencial. Aí ,é quando o homem se pergunta: Por que não sou feliz? O que devo fazer?

“Unicamente, quando se entende que as emoções dependem da valorização que um homem faz da realidade que o rodeia e que as respostas emocionais, deveriam estar determinadas pela razão, pode-se dizer que este homem tem a capacidade de ser dono de si mesmo e julgar-se livre e portanto feliz.” Acredito que o homem só será totalmente feliz, no dia em que for totalmente livre. Utopia?

Por isso, é necessário antes, livrar-se das influências daqueles espíritos que só trafegam na mão do derrotismo, do conformismo e dos conceitos bem intencionados, mas que, nada de bom resultam nem apelam para a felicidade. Por outro lado,Também é nescessário se fazer uma revisão criteriosa de seus proprios valores morais e sociais.

Obs. O trecho "entre aspas" foi transcrito de uma revista especializada.

Álvaro Francisco Frazão.