Linguagem Científica: um caminho de regras para um mundo social e cultural nos discursos
Linguagem Científica: um caminho de regras para um mundo social e cultural nos discursos.
Autora: Solange Gomes da Fonseca
A linguagem científica tem características próprias que a distinguem da linguagem comum. Essas características não foram inventadas em algum momento determinado. Ao contrário, foram sendo estabelecidas ao longo do desenvolvimento científico, como forma de registrar e ampliar o conhecimento. Essas características, muitas vezes, tornam a linguagem científica estranha e difícil para os alunos. Reconhecer essas diferenças implica em admitir que a aprendizagem da ciência é inseparável da aprendizagem da linguagem científica.
A linguagem científica é uma aplicação do sistema codificado da linguagem humana em continua oposição com a linguagem empregada noutros registros formais (linguagem literária) e com os registros informais.
A linguagem científica é puramente denotativa, coisa que se observa claramente no feito de que a terminologia careça de plano do contido. É uma linguagem universal, sendo crucial a representação da realidade extralingüística.
Para atingirmos uma construção textual com precisão e clareza, as idéias devem ser apresentadas de maneira tal que, não dêem margem à ambigüidade. As regras devem ser selecionadas para que indique com a maior exatidão possível o problema e o resultado alcançado seja positivo. Para que haja clareza da expressão numa linguagem científica é necessário que haja primeiro clareza das idéias. Pois, ninguém é capaz de exprimir em termos claros uma idéia confusa,
A linguagem científica precisa ser isenta de qualquer ambigüidade. Ela tem especificidade própria, ou seja, possui terminologia especifica que possibilita a adequada transmissão de idéia. Numa construção textual as regras não podem ser ignoradas pelo seu redator, ele deverá primar pelo domínio e uso das propriedades da linguagem científica para evitar exposições subjetivas ou ambíguas. Todavia, a consulta a essas regras será de pouca valia se o redator nõ possuir o domínio do conteúdo enfocado.
Uma linguagem científica é clara e precisa quando, respeitam as normas cultas da língua, usando palavras cujo significado não é ambíguo para o leitor e degine os termos utilizados, usando referenciais empíricos e quantitativos. Embora, a capacidade de comunicação numa linguagem científica seja extremamente importante para os intelectuais e acadêmicos, são ainda escassos os materiais didáticos sobre o tema direcionados a esse público, especialmente no Brasil.
No processo de conhecer, compreender e interpretar todo ser humano já tem um lugar na conversação. Nos manifestamos dentro de uma construção social e cultural dentro de um discurso, em que nossos argumentos e enunciados nunca são apenas nossos. Nos apropriamos de construções lingüísticas produzidas por outros, adequando-as às nossas necessidades e transformando-as em algum sentido. Nesse envolvimento em conversas coletivas é importante ser competente no uso da linguagem, característica do cidadão participativo e responsável.
A construção desta competência lingüística implica em assumir-se autor na expressão dos próprios argumentos, compreendendo o argumentar como um processo de reconstrução coletiva de significados em que cada sujeito tem seu papel a desempenhar. Mesmo que numa polifonia de vozes, o sujeito nunca constitua autor isolado, é importante saber qualificar cada vez mais os argumentos que produz.
No mundo da linguagem, um mundo social e cultural em permanente reconstrução, todo ser humano tem um lugar nas conversações. Em cada enunciado que alguém constrói se expressa uma polifonia de diferentes vozes, sujeitos históricos que ajudam a construir os discursos sociais e culturais, que perpassam os enunciados elaborados. Sendo necessário que cada sujeito saiba expressar-se com competência e qualidade, e, assim, vai conquistando seu lugar nas conversações, inicialmente pela fala, mas também pela escrita.
Quando aceitamos as idéias socioculturais do conhecer, pensar e aprender, constituímos a partir dessas relações entre pessoas envolvidas em atividades que emergem de um mundo estruturado social e culturalmente por meio da linguagem e, também aprendemos a argumentar e sustentar nossos pontos de vista a partir das interações com os outros.
Nesse processo a linguagem científica desempenha papel essencial, pois nos constituímos como seres humanos dentro da linguagem e, por isso, não podemos sair dela para examinar a realidade. Compreendemos o mundo pela linguagem e todo nosso compreender tem fundamento lingüístico. Tendo em vista que a linguagem científica cumpre um papel estritamente social e cultural dentro de um discurso e, assim, estamos habituados a compartilhar com inúmeros textos, os quais circulam em meio ao nosso cotidiano.
Essa diversidade esta condicionada ao que denominamos de “gêneros textuais”, cuja característica principal é representar as mais variadas situações comunicativas. Todos eles com uma finalidade específica seja no intuito de informar, persuadir, entreter, conversar, dentre outros objetivos.
Para que nosso discurso lingüístico seja visto de maneira plausível é necessário ampliarmos constantemente o vocabulário, aprimorarmos o nosso conhecimento de mundo, para que nossos argumentos tenham força de expressão e, conseqüentemente, sejam passiveis de credibilidade por parte de outros interlocutores.
É na linguagem científica que se deve ter clareza, objetividade, escritas em ordem direta e com frases curtas. Portanto, nessa linguagem, os indivíduos precisam adequar sua redação ao iniciarem na carreira cientifica. Pois, na linguagem cientifica todo pesquisador deve escrever de acordo com os padrões exigidos pela ciência, no entanto, muitos não dominam a linguagem científica, indicando haver uma deficiencia importante na formação desses investigadores. Daí, a importancia de investir-se na construção das competencias de todo ser humano, possibilitando cada vez mais a mais sujeitos participarem das conversas sociais e culturais, assumindo-se autores de suas falas com o máximo de competência.
O processo da tomada de consciencia leva ao desenvolvimento dos conceitos não espontaneas, os científicos. Estes conceitos científicos são conceitos reais, de generalizações e sua formação exige uma relação com o objeto para além da experiência, pois exige imaginação. Podendo inferir, finalmente, que o complexo processo de desenvolvimento da linguagem científica depende do desenvolvimento dos conceitos científicos e da escrita. Se a escrita é o desenho da fala, a linguagem científica é o desenho dois fenômenos, fato que exige a apropriação dos conceitos científicos de tal forma que suas traduções em linguagem cientifica tornem-se simbolismo de primeiras ordem.
Pode-se perceber no texto escrito uma relação importante que fica implícita, no entanto altamente relevante: a relação entre ciência e sociedade através da linguagem científica. Entendendo-se, entretanto, que a linguagem técnica é uma realidade no meio científico e a transposição desta linguagem para outra que seja mais acessível é um processo que demanda a dedicação de estudiosos da linguagem, bem como uma valorização em empenho maior na educação científica para todos. Passar de um discurso científico para uma linguagem de divulgação científica é tarefa fácil, ao notarmos que, o texto tenta aproximar a linguagem científica da popular, o que aparentemente é uma tentativa louvável.
Acredito que este texto não trouxe quase nenhum conhecimento para as pessoas que não são especializadas nesse assunto tratado, mas, além dos fatos já constatados, a linguagem truncada e pouca accessível não possibilita ao leitor adquirir informações novas. Uma vez que, não constatamos nenhuma ruptura entre as linguagens, não há epistemológica de linguagens.
O texto não permite que o leitor consiga romper com a barreira ainda existente entre senso comum e conhecimento científico, através das regras impostas na construção textual, dentro das barreiras impostas numa linguagem científica. Uma vez que, a linguagem científica tem a sua própria estrutura sintática, discursiva e lexical. É unívoca, significante e invariável contextualmente. Não se pode desenvolver a ciência sem se desenvolver a linguagem, e nem se conhece a linguagem científica, ou seja, o seu vocabulário especifico, sem o conhecimento de construção do pensamento e modos de discursos, sendo impossível compreender essa linguagem.
Particularmente, o problema da compreensão das regras textuais e dos princípios científicos não se deve tanto à dificuldade de entender o significado de uma palavra da linguagem comum no contexto científico, mas, sim aos aspectos particulares da linguagem cientifica que diz respeito à significação.
É muito importante, em nosso entender, que o professor esteja atento ao tipo de significação e despiste idéias erroneas que impeçam ou dificultem a progressão na aprendizagem.
Mais importante, em nosso pensar, é fazer o aluno aprender como aprender vocabulário científico, desenvolvendo um diálogo que reintere os alunos do sentido coloquial da linguagem que pode ter categoria de preconceito.
Para finalizarmos o texto, quando escrevemos ou falamos, valemo-nos dos significados das palavras para expressar nossas idéias. É a palavra empregada na sua significação usual, literal, referindo-se a uma realidade concreta ou imaginária. Assim, podemos dizer que a linguagem não é aparente, ela depende de um conjunto de fatores que permeiam os variados grupos sociais e culturais num discurso em nossa vida cotidiana. Pois, desde criança, aprendemos a falar até o aprimoramento da nossa escrita e da nossa linguagem falada, atingindo o nível culto de uma língua. Portanto, levamos em conta que, apenas por necessidade didática, enviamos a essa cisão: a linguagem legível, denotativa para seguirmos um caminho de regras para um mundo social e cultural nos discursos dentro do mundo que nos cerca.